segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Cenário diferente

 Iniesta e Pedro: o canário, melhor em campo contra a Bielorrúsia, deve começar novamente como titular contra a França (getty images)

Em Donetsk, há quatro meses, a Espanha entrou em campo contra a França sob dúvidas. Após uma fase de grupos onde mostrou um futebol bastante pragmático, a Fúria precisava se desligar dos rótulos. Nos primeiros 30 minutos, a seleção encaminhava-se para tal. Nesse período, o time de Vicente Del Bosque pressionou a França como ainda não havia feito com nenhum adversário nos três primeiros jogos. E abriu o placar, após passe incisivo de Iniesta, arrancada e cruzamento de Alba na medida para Xabi Alonso testar. Depois disso, a Roja voltou ao modo preguiça. Tocou, tocou, tocou, pouco foi ameaçada e achou mais um gol no final do jogo, novamente com Xabi Alonso, convertendo pênalti controverso sofrido em cima de Pedro.

Amanhã, às 16h, as seleções se enfrentam no Vicente Calderón, em Madrid. A partida marca o retorno de Fernando Torres ao estádio onde teve suas primeiras grandes exibições como profissional. El Niño, provavelmente, não será titular, mas o reencontro com a torcida colchonera será emocionante. Os aficionados do Atlético de Madrid prometeram uma homenagem ao seu ídolo antes da bola rolar. Em campo, Del Bosque deve manter Fàbregas como falso nove. O barcelonista se adaptou à posição e sente-se à vontade em campo com uma maior liberdade de movimentação. Mais cedo, na coletiva antecedente ao duelo, Cesc afirmou que a posição é relativa, ainda que prefira atuar de meio-campista. O Marca fez um levantamento afirmando que, nesse sistema, a Fúria marca mais gols.
As prováveis escalações, segundo o Marca

Há quatro meses, o duelo, válido pelas quartas-de-finais da Euro, foi naturalmente estudado durante boa parte da primeira etapa. Amanhã deve ser diferente. Com as duas seleções dividindo o poderio de favoritas do grupo, o confronto tende a ser mais disputado. Ainda mais pelo fato de haver mais uma partida a ser feita entre eles, daqui a um ano, o que mostra que tanto França quanto a Espanha devem ousar mais. Ninguém tem convicção de que a dupla irá superar Geórgia, Finlândia e Bielorrúsia.

As lesões de Piqué e Puyol deixa a defesa espanhola sem seus donos. Del Bosque tem Raúl Albiol à disposição, mas deve optar pela improvisação de Busquets, como no confronto de sexta. O treinador, também, não sabe se irá contar com Sergio Ramos, com desconfortos musculares. Embora o andaluz esteja apto pelo departamento médico, Del Bosque afirmou que só irá se decidir em última hora, pois não pretende forçar seu uso. No ataque, após a ótima atuação com direito a hat-trick ante a Bielorrúsia, Pedro larga na frente de Villa e Jesus Navas para iniciar o jogo. A defesa de Laurent Blanc atua bem adiantada, e a dupla formada por Rami e Sakho é muito lenta. Koscielny, do Arsenal, parecia ser uma alternativa interessante para minimizar a questão, mas Blanc prefere os zagueiros de Valencia e PSG pelo fato do gunner não viver boa fase. A capacidade de Pedro de se infiltrar nas defesas adversária  pode ser a chave da vitória espanhola. Xavi, que irá atuar no setor onde mais gosta, provavelmente irá abusar das bolas lançadas às costas de Debuchy.

Do meio para frente, em compensação, a França é ótima. Ainda que M’Vila seja desfalque, Matuidi  pode substituí-lo em alto nível. A tendência é o meio-campo francês sentir-se mais "à vontade" em relação ao confronto de junho pelo fato do meio-campo espanhol estar desfalcado de seu principal marcador, Busquets. Com Xabi Alonso, que não é marcador nato, jogando de primeiro volante e organizando o time à frente da defesa, a Fúria fica mais "exposta". O contra-ataque francês exigirá concentração da defesa Roja. Ribéry, à esquerda, deve centralizar para criar jogadas, trocando posição com Benzema, que, assim como contra o Japão, irá jogar no auxílio ao centroavante Giroud. Menéz, à direita, irá dar trabalho extra ao ofensivo Alba, que terá que fazer uma marcação semelhante a que fez em Di María, no superclássico - onde se saiu bem, diga-se de passagem.

A França perdeu para o Japão num lance de azar na última sexta-feira. Os Bleus controlaram a partida, tiveram quase 60% da posse de bola, mas sofreram um contra-ataque fatal que resultou no gol de Kagawa. Amanhã, a equipe de Blanc irá trabalhar como os nipônicos. Vicente Del Bosque sabe disso. A seleção espanhola tem armas mais do que suficientes para levar os três pontos, mas a França, como bem disse Iniesta, promete dificultar e muito a vida dos atuais campeões mundiais e europeus.

Um comentário:

  1. A França não vive um bom momento desde os tempos de Raymond Domenech (onde dizem, que ele convocava através dos signos do zodíaco dos jogadores, absurdo se for verdade!), com Blanc teve uma sobrevida, jogando um futebol, como muitos comentaristas esportivos de tv gostam de dizer, vistoso, e com Deschamps, pelo que eu vi no Marselle, sempre jogou um futebol com muita marcação, jogando de forma dura, sem muita beleza no jogar e nos Azuis não será direrente. Isso não diminui o poderio ofensivo do time, com Ribery (atacante difícil de marcar na minha opinião)Giroud, Benzema e Menez. O ponto fraco da França, é tático, ainda não conseguiram resolver, quando resolverem, vão incomodar muita gente. Enquanto esse dia não chega, a Espanha tem tudo e muito mais para colocar os Bleus na roda. Se o jogo for modorrento (é outra história) mas a Espanha tem tudo para ganhar, não só da França, como da Alemanha, da Itália e do Brasil. Talvez o único que possa fazer frente a Roja seja a Argentina, pelo fato de Sabella ter acertado o time com Messi como falso nove dos tempos de Guardiola.

    Outra questão: esse sistema com falso nove para que pode se disseminar, pois além da Espanha e Argentina que adota agora essa forma de jogar, o Brasil começa a ensaiar agora isso, em que Mano esboçou colocar Lucas como fake nine no famigerado clássico das Américas contra a Argentina, e contra o Iraque, Neymar foi encarregado dessa função.

    Como disse no post anterior, o Brasil de 82 jogou assim antes da Copa e Sócrates como falso 9 atuou assim e a seleção marcou muitos gols.

    Acho que Del Bosque poderia colocar Albiol na zaga, mas parece que está uma tendência colocar volante como zagueiro, vide Mascherano no Barça, Song ainda no Arsenal e Javi Martínez no Bilbao.

    Num jogo amistoso, Del Bosque poderia colocar Llorente, aí sim como 9, porque no Athletic, o time sempre fez muitos gols.

    Abraço.

    PS. Muito bom ter colocado os esquemas táticos das seleções.

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