domingo, 23 de setembro de 2012

Yes, we can

 Falcão García e Diego Simeone: os responsáveis pelo momento mágico vivido pelo Atlético de Madrid (getty images)

Não há como negar: a demissão de Gregório Manzano em janeiro deste ano fez muito bem ao Atlético de Madrid, que balançou com o treinador, viveu um período negativo durante o primeiro período da temporada passada e ainda por cima engoliu uma eliminação precoce na Copa do Rei para o pequeno Albacete. Manzano, durante sua pequena estadia em Manzanares, demonstrou uma grande indefinição tática, que variava a cada jogo. Além disso, ele nunca conseguiu achar uma escalação ideal.

O argentino Diego Simeone, campeão da Liga e da Copa com o clube em 1996, mudou o rumo dos colchoneros. Com o mesmo elenco de Manzano, El Cholo não só conquistou títulos relevantes como Liga Europa e Supercopa da Uefa como conseguiu dar um padrão de jogo à equipe. Um dos principais êxitos da gestão do ex-volante é privilegiar o futebol de Falcão García, que cresceu absurdamente de rendimento de janeiro para cá. Hoje, o Atléti derrotou o Valladolid por 2x1 e chegou aos 11 pontos no campeonato. Na quinta colocação, ainda tem um jogo adiado para cumprir contra o Bétis na próxima quarta-feira. Caso vença, os rojiblancos assumirão a vice-liderança, ficando dois pontos atrás do líder Barcelona. A fase é tão boa que a última derrota foi em abril, para o Rayo Vallecano. São 15 partidas consecutivas sem conhecer um revés.

Em campo, é fácil explicar o motivo da boa fase atleticana. O forte e combatente meio-campo é essencial na proposta de jogo de Simeone. As estatísticas mostram que o seu Atlético não joga com a bola nos pés. O Chelsea, no confronto da Supercopa, teve 62% da posse de bola, e perdeu por 4x1. Há uma semana, durante a estreia na Liga Europa, o Apoel teve o domínio territorial com 68% da posse. O resultado? 3x0 para o Atléti. Ironicamente, o único jogo na temporada em que teve mais posse de bola que o adversário terminou empatado: 1x1 contra o Levante, quando teve 58%. Os colchoneros adoram jogar sem a bola, mas sabem que tem obrigação. Têm méritos de armarem contra-ataques à perfeição e se defenderem com solidez, um problema crônico do time nos últimos anos. Personalidade e raça são as principais características da equipe.

O futebol desempenhado lembra muito o do rival Real Madrid (cultura de Madrid, lembram?). A vitória na final da Liga Europa contra o Athletic Bilbao ratificou essa comparação, quando os rojiblancos executaram uma tática à merengues contra o Barcelona. A marcação pesada gera ao adversário um cenário de desconforto. Além disso, o setor ofensivo não deixam a desejar. Arda Turan, Adrián López e Falcão García, principalmente, são provas cabais disso. Ao perder Diego, Simeone ficou sem seu principal articulador, mas vê em Koke, o Xavi rojiblanco, um bom substituto. Cebolla Rodríguez, contratado para esta temporada, tem entrado bem durante as partidas.

O treinador é o principal responsável por esse momento. Outro de seu grande trunfo foi ter acertado uma defesa inconstante há anos. Miranda e Godín formam uma dupla segura e Juanfran (que é improvisado como lateral, outro granda escolha do treinador) e Filipe Luís, pelos lados, são boas opções ofensivas. Eles também são importantes na recomposição porque voltam para marcar. O brasileiro vive sua melhor fase desde que saiu do Deportivo. Após uma temporada sábatica, o lateral-esquerdo, que chegou a ser pedido pela imprensa para ser convocado por Dunga à Copa, é muito importante nas infiltrações pelo flanco esquerdo. Hoje, o Atlético de Madrid é candidato real a uma vaga na próxima Champions League e o caminho é tomar do Valencia, que começou a temporada tímido, o posto de melhor equipe humana da Espanha. Após tanto errar, o presidente Enrique Cerezo acertou em cheio ao fechar com Diego Simeone.

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