terça-feira, 18 de setembro de 2012

A vitória e os erros

 José Mourinho comemorou acintosamente o gol de Cristiano Ronaldo, mas colaborou para a vitória sair de maneira tão dramática (AS)

A Champions League voltou com tudo. No Santiago Bernabéu, Real Madrid e Manchester City protagonizaram o melhor jogo do dia, que terminou numa virada épica dos merengues por 3x2. A vitória, sobretudo neste grupo, considerado o da morte, deve ser bastante comemorada, muito porque a fase da equipe da capital já começava a ganhar contornos de crise. No entanto, não deve deixar de lado os erros cometidos por José Mourinho na escalação inicial. Abaixo, alguns comentários:

1) O trivote defensivo. Se você parar para pensar e lembrar que o Real Madrid de Mourinho derrotou Milan, Bayern de Munich e Barcelona jogando no 4-2-3-1, a escalação do confronto de hoje tem que ser mais contestada ainda. Mourinho voltou a repetir o 4-3-3 com uma trinca de meio-campistas. Essien, Khedira e Xabi Alonso não jogaram mal, mas o domínio territorial amplo dos merengues na primeira etapa sentiu a falta de um cérebro. O gajo não poderia, necessariamente, utilizar Modric e Özil juntos, mas um deles seria ideal.

2) Benzema ou Higuaín? Mourinho, em suas duas primeiras temporadas, costumava revezar a posição de centroavante a cada jogo. Nesta temporada, no entanto, tem dado preferência a Higuaín. Ainda que seja o artilheiro da equipe com três gols ao lado de Cristiano Ronaldo, o jogo parece fluir menos com Pipita. Ele é bom centroavante, mas desperdiça mais chances do que marca. Benzema, novamente relegado ao banco, teve apenas uma chance real e marcou. Higuaín, no primeiro tempo, perdeu duas.

3) Mesut Özil é fundamental. Uma grande verdade. Quando ele está bem, todo o meio-campo funciona. Quando ele está mal, o jogo cai. Hoje, o alemão entrou no segundo tempo quando ainda estava 0x0. Participou, diretamente, apenas do primeiro gol, mas passa outra qualidade ao setor. Logo após o tento de empate de Benzema, deu um toque atrás do meio-campo para o francês que terminou em defesa de Hart. No escanteio, Cristiano Ronaldo, contando com a colaboração do goleiro inglês, definiu. O português, que tanto tentou, mereceu. Hart, que tanto salvou, não merecia sofrer um gol assim.

4) A questão Sérgio Ramos. Durante a semana, o periódico El País, especializado e confiável quando o assunto é bastidores do Real Madrid, divulgou uma matéria sobre uma possível discussão do treinador português com os senadores do elenco após a derrota para o Sevilla. A ida de Sergio Ramos ao banco logo no jogo seguinte só coloca mais panos quentes no assunto. Varane, que começou em seu lugar, não comprometeu, mas não é tão confiável quanto o espanhol. Na coletiva, Mourinho fugiu da pergunta: "foi por questão técnica", disse. Ok.

Málaga 3x0 Zenit
Estreia perfeita do Málaga. Contra um rival direito, os blanquiazules fizeram o dever de casa, essencial caso queria avançar às oitavas de finais. A vitória só ratifica o excelente início de temporada dos andaluzes. Ao contrário de Mourinho, Manuel Pellegrini não teve medo de ousar: mandou a campo uma equipe totalmente ofensiva, armada no 4-1-3-2, que teve Portillo e Saviola escalados como dupla de ataque. O argentino voltou a marcar e não deve mais sair da equipe titular. Agredir os russos desde o início foi a chave da vitória. Na esquerda, Monreal foi bem no combate a Hulk. 

Mas quem merece um parágrafo à parte é Isco Román, que a cada dia vai deixando de lado o rótulo de promessa para virar realidade. Disputando um jogo de fase de Champions League pela primeira vez, o jovem não teve medo de ser feliz e foi o principal nome do jogo, marcando dois gols, incluíndo um golaço. Joaquín, aberto à direita, foi outra válvula de escape. 

Pellegrini exagerou na comemoração ao dizer que "em 2005/2006, ninguém confiava no Villarreal chegando até a semifinal", mas esse Málaga tem direito a sonhar. Ainda mais num grupo onde o cabeça-de-chave, Milan, está bastante enfraquecido em relação a outrora e não passou de um empate por 0x0 contra o Anderletch, próximo adversário dos boquerones.

Um comentário:

  1. Vc disse tudo Victor no comentário da foto: "José Mourinho comemorou acintosamente o gol de Cristiano Ronaldo, mas colaborou para a vitória sair de maneira tão dramática (AS)" As ausências iniciais de Benzema, Ozil e Sergio Ramos, colaborou para o time sofrer gols e ter dificuldade e fazer. Mourinho é um excelente técnico (basta ver o que ele fez na Inter de Milão, ele usou praticamente se não o mesmo elenco deixado, ora vejam a coincidência, por Roberto Mancini, e fez o time campeão da LC) mas é muito defensivo, e excesso de cautela segura o time, pq ele quer que o time inteiro marque de maneira forte (vale lembrar que nesse jogo como em outros, ele sempre monta as equipes com um bom volume de jogo (parece contradição), mas um posicionamento desde os atacantes, marcando muito forte, se preocupando primeiramente em se defender (nada contra isso), mas dando uma atenção forte a isso). Essa maneira defensiva, apesar do bom volume de jogo que exerceu no jogo, contribuiu que ganhasse no sufoco.

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