quinta-feira, 31 de maio de 2012

Balanço Final: As revelações

Iñigo Martínez, da Real Sociedad: autor de dois gols atrás da linha do meio-campo, foi a principal revelação da Liga BBVA 11/12 (Mundo Deportivo)

A temporada mostrou alguns jovens bastante talentosos. Encabeçada por Cuenca e Tello, que chamaram a atenção no Barcelona, o blog separou sete das principais revelações que a Liga BBVA 2011/2012 trouxe ao cenário futebolístico.

7) Ibai Gómez, Athletic Bilbao
Alternativa para os lugares de Iker Muniain ou Markel Susaeta no ataque, Ibai compôs bem o elenco ao longo de La Liga. Entrou 17 vezes em campo, apenas duas delas como titular, e serviu duas assistências. Todavia, seu brilho maior aconteceu durante a Liga Europa, quando foi decisivo contra Schalke 04 e Sporting, no jogo que qualificou os leones à final. Formado em pequenos clubes bascos, chegou ao clube em 2010, mas uma lesão no joelho atrapalhou sua progressão. Ganhou espaço com Marcelo Bielsa, que também ajudou a firmar outros bons nomes da safra /89, como Óscar De Marcos e Ander Iturraspe.

6) Antonio Luna, Sevilla
Também formado nas categorias de base do Sevilla, Luna fez sua primeira grande aparição durante a final da Copa do Rei em 2010. Na fogueira, precisou substituir Adriano e teve atuação consistente na partida que selou a conquista rojiblanca. Porém, contou com poucas chances na temporada passada, sendo emprestado ao Almería durante o segundo semestre. Sua redenção na Andaluzia começou em janeiro deste ano, quando tomou a titularidade na lateral esquerda. Bom no apoio ao ataque, também não deixa a desejar nos fundamentos defensivos. É outro que esteve no Mundial Sub-20 de 2011..

5) Thievy Bifouma, Espanyol
Nascido na França e com ascendência congolesa, Thievy defendeu o Strasbourg antes de aportar na Catalunha, em 2010. Começou nos juvenis, mas rapidamente passou à filial do Espanyol. Sua explosão, contudo, aconteceu em agosto, na decisão da Copa da Catalunha, na qual marcou três gols para garantir o título sobre o Barcelona. Depois da noite de gala, as aparições no primeiro time foram naturais. São 19 jogos na primeira divisão, a maioria como titular, bem como um tento e quatro assistências. Driblador, quase sempre entra pelo lado esquerdo do ataque. O bom trabalho com os periquitos valeu também uma convocação à seleção francesa sub-21.

4) Asier Illarramendi, Real Sociedad
Foram quatro temporadas servindo à Real Sociedad B até que Ilarramendi finalmente assegurasse um lugar na meia cancha da equipe principal. Depois de algumas aparições esporádicas, o volante definitivamente entrou no time em agosto, tornando-se titular. Nem mesmo uma contusão sofrida em novembro, que o tirou dos gramados por três meses, impediu sua progressão. Cão de guarda clássico, tem como pontos fortes as interceptações e as roubadas de bola, além de arriscar muitos chutes de longe. Vice-campeão do Europeu Sub-17 em 2007, hoje compõe a seleção sub-21 da Espanha.
 
3) Cristian Tello, Barcelona
Outro ponta lançado por Pep Guardiola, Tello tem sua trajetória toda enraizada no próprio clube. Está desde os 11 anos em La Masía, ainda que tenha passagem pelo Espanyol entre 2008 e 2010. Suas aparições no Barça B começaram na temporada passada e, depois de dois testes na Copa do Rei, passou a integrar o elenco principal a partir de janeiro. Titular em dez jogos do Espanhol, teve sua participação mais marcante no clássico contra o Real Madrid, embora tenha feito uma atuação abaixo das expectativas. Ambidestro, pode ser escalado tanto pela esquerda quanto pela direita. Titular durante o Mundial Sub-20 de 2011, também faz parte da seleção olímpica.

2) Isaac Cuenca, Barcelona 
Após ajudar o Sabadell conquistar o acesso à segunda divisão na temporada passada, Cuenca precisou de pouco tempo no time B para provar seu valor a Pep Guardiola. Estreou pela equipe principal na Liga dos Campeões e não sentiu o peso da responsabilidade. Somou seis gols e 12 assistências, além de 22 partidas como titular. Atua pelos dois lados do campo e demonstra grande qualidade em explorar a linha de fundo. Apesar da eliminação do Barça na Champions, foi um dos melhores em campo contra o Chelsea no Camp Nou. Faz parte da seleção sub-21 espanhola, mas não irá às Olimpíadas devido a uma lesão no menisco.

1) Iñigo Martínez, Real Sociedad
Trazido ainda jovem à cantera da Real Sociedad, fez duas boas temporadas com o time B, com o qual conquistou o acesso à terceira divisão. Sua guinada com a primeira equipe começou em agosto, quando agradou ao longo da pré-temporada. A impressão deixada foi tão significativa que se tornou titular na defesa desde o início de La Liga. Já o coração da torcida foi arrebatado com um chutaço dado ainda no campo de defesa que acabou nas redes do rival Athletic, logo em seu primeiro clássico. Mesmo sem ser muito alto (1,81 m), compensa pelo bom desarme, embora às vezes abuse das faltas. Em abril, porém, sofreu séria lesão no menisco e só retorna aos gramados em agosto.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Minha cantera também é de ouro

 Canteranos merengues brilham na equipe Castilla e levam filial à Liga Adelante. Prova de força das canteras do Real Madrid, que mostra que também cria, assim como o rival Barcelona (reuters)

Por André Augusto, originalmente do site Olheiros, especializado em divisões de base

No último domingo, o Real Madrid Castilla, time "sub-20" do Real Madrid, derrotou o Cádiz por 5x0 e confirmou o acesso à Liga Adelante. Um acesso que havia sido praticamente sentenciado há duas semanas, no jogo de ida em Alicante, quando os jovens se impusseram na casa do adversário em ganharam por 3x1. Uma geração promissora, apoiados pelos atacantes Joselu, Morata e Jesé, responsáveis por 43 dos 77 gols da equipe B do Real no Grupo 1 do torneio. O bom desempenho deixa a equipe do técnico Alberto Toril próximo ao segundo escalão do futebol ibérico, o que não acontece desde a temporada 2006/07. Porém, de acordo com a política “galáctica” da última década, os jovens terão que ter muita paciência para ter a chance de alinhar ao lado de crias oriundas da base no atual campeão de La Liga, como Casillas, Arbeloa, Granero e Callejón.

O último acesso do Castilla para a segunda divisão, em 2004/05, trouxe uma geração de bons jogadores. Arbeloa, Soldado e Negredo (então reserva do atual goleador do Valencia) servem a Fúria com regularidade, enquanto Juanfran, Jurado e Javi García acabaram por se tornarem peças importantes em seus atuais clubes. Selecionáveis ou não, o crescimento daquela geração tem um ponto em comum: ela aconteceu bem longe do Santiago Bernabéu.  Mesmo entre os que “vingaram” no Real, há ressalvas. Excetuando Casillas, de carreira precoce e ininterrupta na meta blanca desde 2000, Arbeloa, Granero e Callejón passaram muito tempo fora do clube. Enquanto o lateral-direito rodou por La Coruña e Liverpool, Granero passou três temporadas no Getafe e Callejón – mesmo reserva, foi o quarto artilheiro da equipe na atual temporada, com 14 gols – evoluiu no Espanyol. Todos foram vendidos e recomprados pelo Real, já com a devida valorização.

Durante a estadia na Liga Adelante, a lista dos que vingaram sem vestir a mítica camisa merengue aumenta: o lateral-esquerdo brasileiro Filipe Luís, campeão da Liga Europa com o rival Atlético, o buscou no La Coruña, após um ano com o Castilla. Já Juan Mata, peça primordial do Chelsea campeão da LC, também era integrante do elenco rebaixado à Segunda Division em 2006/07. Ali, foi o vice-artilheiro daquela equipe com nove gols, atrás de Negredo, com 18. A dupla, que não fez um jogo sequer pelo Real Madrid, soma quase 40 milhões de euros em suas últimas transferências, enquanto o artilheiro foi vendido pelos merengues ao Sevilla por 15 milhões de euros. Também sem defender a equipe profissional.

Voltando ao presente, a história tem tudo para se repetir com Joselu. Artilheiro do Grupo 1 com 18 gols, o atacante de 22 anos fez uma única aparição com a equipe de José Mourinho, contra o Ponferradina, em dezembro de 2011, pela Copa do Rei – onde marcaria seu primeiro gol. Revelado no Celta de Vigo – no qual já debutou como profissional, em 2009 -, já foi emprestado à ex-equipe e não parece vislumbrar futuro no Bernabéu, com o intocável Cristiano Ronaldo no ataque, além de Higuaín e Benzema como opções imediatas. Morata e Jesé, ambos de 19 anos, também devem esperar bom tempo, assim como o meia Alex e o lateral Dani Carvajal, também apontados como destaques do Real B.

A exemplo do arquirrival Barcelona, o Real Madrid é grande fornecedor de talentos para as seleções espanholas de base. Porém, o trabalho de transição ao time profissional ainda é diametralmente oposto quando comparados. E dadas as especulações de reforços caríssimos aos cofres do Real para a próxima temporada, a situação parece longe de mudar aos futuros talentos da cantera de Valdebas.

PS: Quem irá acompanhar o Castilla na segundona da próxima temporada é o Mirandés. A simpática equipe que surpreendeu o futebol espanhol ao chegar ate as semifinais da Copa do Rei fecha a temporada com chave de ouro. Falamos um pouco mais do clube de Miranda no início do ano. Leia clicando aqui.

sábado, 26 de maio de 2012

O Barcelona de sempre

Na despedida de Guardiola, o Barcelona ganhou a Copa do Rei e teve atuação memorável (getty images)

O maior presente de despedida que o Barcelona poderia dar a Josep Guardiola aconteceu. Na final da Copa do Rei, que garantiu o 26º título da competição aos catalães, o Athletic Bilbao sofreu. Descansado e com a motivação de encerrar o ciclo sob o comando do treinador com o 14º título em 19 possíveis, seria natural que os azulgrenás fossem intensos e pressionassem os bascos desde o início. Mas o que se viu nos primeiros 25 minutos no Vicente Calderón foi o Barcelona voltando à sua essência, à proposta de jogo nos melhores momentos da equipe durante os quatro anos de domínio blaugrana. Os Reis de Copa, simplesmente, não deixaram o Bilbao respirar durante o primeiro terço da partida.

Como especulei um dia antes da final, o abalo psicológico ficou nítido no Athletic Bilbao. Acuados, foram presas naturais à marcação sob pressão fulminante do blaugranas. Os problemas começaram antes da bola rolar. Ander Herrera e Iturraspe não estavam sob condições de jogo e tiveram que ser descartados por Marcelo Bielsa, que resolveu abastecer seu meio-campo com o retorno de Javi Martínez à volância e deu oportunidade a Ekiza na zaga. El Loco sabia que, sem Ander, perderia em intensidade e passe. Para isso, resolveu deslocar De Marcos para fazer companhia a Javi na linha de dois. Para não perder a velocidade pelos flancos, iniciou com Ibai Gómez na direita do seu 4-2-3-1, com Susaeta na armação.

O resultado começou a ser construído cedo. A mil por hora, os azulgrenás tiveram duas chances nos primeiros dois minutos. Na terceira, Pedro colocou às redes. Foi de Pedro também o terceiro gol, o que abriu um novo debate: terminando a temporada em alta, o canário ainda teria lugar nos 23 de Del Bosque para a Eurocopa? A imprensa espanhola vinha dando como confronto direto por uma vaga o duelo do barcelonista com Muniain, convocado pelo treinador madrilenho contra a Venezuela. Substancialmente, Pedrito largou bem à frente do basco. Ao contrário do "rival", apareceu bastante no jogo, não apenas com gols, mas sendo importante nas infiltrações em diagonal, que tanto fez falta ao Barcelona na temporada. A excelente partida do camisa 17 certamente trouxe, paradoxalmente, dor de cabeça a Guardiola. Em partidas decisivas, como contra Chelsea e Real Madrid, Pedro certamente seria mais decisivo que Cuenca e Tello, não?

Outro fato evidenciado em campo foi a partida de Iniesta. Muito abaixo da média na temporada, El Albino, acredite, não se "deu bem" jogando ao lado de Fàbregas. Aconteceu que, muitas vezes, era ele quem fazia o lado esquerdo do ataque. Sem Fàbregas ou Keita e jogando em sua posição original, foi um dos melhores em campo no Calderón. É um aviso direto a Vicente Del Bosque, que precisa deixar de lado a ideia de utilizar Iniesta aberto à esquerda, ao menos que seja no 4-2-3-1. Autor do segundo gol, Messi fechou a temporada com estratosféricos 73 gols. O maior artilheiro da história do Barcelona lembrou, na maior parte do confronto, seus tempos de ponta-direita: bem preso ao setor, foi graças a uma infiltração sua que marcou o gol.

O título, e a maneira com a qual foi campeão, só ratifica que o ciclo vencedor barcelonista está longe de acabar. Tito Vilanova, o novo treinador, conhece a filosofia de jogo, é querido pelos jogadores e deve manter a mesma proposta de Guardiola. O Barcelona campeão terá outros tantos por muito tempo. O Barcelona nunca deixará de ter. O Barcelona nunca deixará de ser.

Espanha 2x0 Sérvia
Acabou agora há pouco na Suiça o amistoso da seleção espanhola. Sem os jogadores do Barcelona, Athletic Bilbao e Chelsea, Del Bosque aproveitou a partida para fazer muitos testes. Curiosamente, retornou ao 4-4-2, que, contudo, não deverá aparecer na Ucrânia e Polônia. A utilização do módulo tático deve ter sido para ver como Negredo e Soldado se sairiam. Os dois, contudo, passaram despercebidos em campo e pouco criaram oportunidades. A dúvida pelo terceiro atacante do elenco permanecerá, pelo visto. 

Nesse cenário, quem ganhou pontos foi Adrián López. O colchonero, sim, fez valer seus pouco menos de 25 minutos de chances. Na primeira oportunidade que teve, aproveitou um cruzamento de Jesus Návas e cabeceou firme para abrir o placar. O passe oriundo da assistência de Navas veio dos pés de Beñat, mais um bom armador da geração espanhola que certamente deverá ganhar oportunidades e aparecer com naturalidade nas convocações de Del Bosque após a Euro. Não irá jogar a competição, fatalmente, mas larga na frente para tentar ir à Copa do Mundo. Cazorla, autor do gol que sacramentou a vitória, praticamente sentenciou sua vaga no grupo que tentará o tri-europeu.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Confronto psicológico

 Em 2009, deu Barcelona. O Athletic Bilbao quer vingança, enquanto o Barcelona quer dar o último troféu a Guardiola. Quem vence? (getty images)

Amanhã, Barcelona e Athletic Bilbao finalizam a temporada de elite espanhola disputando a final da Copa do Rei, no Vicente Calderón, em Madrid. O final de temporada reservou surpresas desagradáveis às duas equipes. Sobretudo ao Barcelona, que, num período de sete dias, foi eliminado da Champions pelo o Chelsea, perdeu para o maior rival Real Madrid em casa dando adeus às possibilidades de títulos espanhol e ainda viu Guardiola confirmar que não irá renovar seu contrato com o clube. Sem mais nada para fazer, os últimos jogos barcelonistas na Liga serviram somente para Messi tornar-se o maior artilheiro da história do futebol espanhol e europeu (50 gols em solo nacional, 77 no geral).

Curiosamente, Guardiola pode se despedir do Barcelona justamente na competição na qual foi campeão pela primeira vez como treinador. Em 2008/2009, foi a Copa do Rei que abriu a galeria de troféus do catalão, que viria a ganhar mais dois títulos na temporada e seis no ano. De lá para cá, Pep e o Barcelona iniciaram um ciclo vencedor, mostrando um futebol vistoso e ofensivo, chamando a atenção do mundo. Para alguns, o Barcelona de Guardiola foi o melhor time da história do futebol. Como tudo na vida, esse ciclo também terá o fim. Quando Fernández Borbalán encerrar a partida, a era Guardiola irá finalizar. Alguns esperam pelo início da era Tito Vilanova, auxiliar técnico de Pep e novo treinador dos azulgrenás a partir da próxima temporada.

O Barcelona que chega à final é um retrato da temporada. Bagunçado e repleto de dúvidas, Guardiola terá que quebrar a cabeça em seu último jogo. Sem Daniel Alves, Puyol e Abidal e com Piqué dúvida até última hora, o catalão não terá à sua disposição a zaga titular. As interrogações são muitas. Lateral direito da Espanha Sub-21, Montoya recebeu chances nos últimos jogos e, segundo especula o Diário Sport, pode começar de titular. As outras opções de Pep é jogar num 3-4-3 com Busquets improvisado, Mascherano e Adriano na zaga e Keita ou Thiago acompanhado Xavi, Iniesta e Fàbregas no meio-campo. O hispano-brasileiro se recuperou de dores nas costas e está convocado para a final. Guardiola também pode mandar a campo uma escalação mais preservada: um 4-3-3 com Busquets e Mascherano na zaga, Montoya e Adriano nas laterais e Keita na volância. Em qualquer caso, vale lembrar, Piqué não é baixa confirmada e pode ir aos gramados, mesmo que sua utilização seja forçada.

As diversas lesões principalmente dos homens de zaga condicionaram a temporada blaugrana. Um dos culpados pelo ano abaixo da média, o setor vem ganhando atenção especial no mercado. Tito Vilanova e Andoni Zubizarreta correm atrás de reforços. O mais especulado é Thiago Silva, embora o Milan peça um preço bastante alto. Na última semana, surgiu a especulação de que os rossoneros teriam pedido Thiago Alcântara mais 10 milhões de euros em troca do brasileiro. Conhecido por blindar seus canteranos, é difícil imaginar o Barcelona se desfazendo do mais promissor deles. Até o rival Javi Martínez surge como sonho de consumo, o que ganhou mais forças após os atritos com Cristiano Ronaldo no confronto contra o Real Madrid na Liga. David Luiz e Adil Rami também estão na órbita barcelonista. A ideia é fechar com dois deles, já que, para Tito, improvisar Mascherano é blindar seu talento na volância, mesmo após a grande temporada de El Jefecito na zaga.

Quando se diz em aspecto psicológico, o maior refém dele é o Athletic Bilbao. A perda da Liga Europa para o Atlético de Madrid foi um baque completo. Toquero, há dois dias, afirmou que os jogadores ainda sentem a derrota e que o necessário é virar a página. Muita verdade. Abatido e para baixo, os Leones podem ser presa fácil de um Barcelona que, certamente, vem à toda para dar o último troféu a Guardiola. Assim como o barcelonista, Marcelo Bielsa também tem dúvidas. Na coletiva antecedente ao jogo, o argentino afirmou não ter em mente o onze inicial para a final. "Só irei decidir uma hora antes da bola rolar", disse. 

Apesar da incógnita, o provável é que o onze de gala basco seja formado: Iraizoz; Iraola, Javi Martínez, Amorebieta, Aurtenetxe; Iturraspe, Ander Herrera; Susaeta, De Marcos, Muniain; Llorente. A tática inicial é desconhecida. Em Bucareste, a fim de ir para cima e pegar o Atlético de Madrid desprevinido, El Loco iniciou no 4-3-3. Mais cauteloso, deve começar contra o Barça no 4-2-3-1. Os volantes rojiblancos, que sustentam o modo de jogar de Bielsa, serão importantíssimos. Iturraspe e Ander Herrera eram dúvidas até ontem, quando o argentino acabou com o mistério e confirmou a presença da dupla. O encaixe da proposta de jogo rojiblanca passa necessariamente pelos pés de Ander Herrera, que precisa escapar da marcação forte do meio-campo azulgrená. Na final da Liga Europa, vale lembrar, Herrera foi um desastre e o Athletic sucumbiu.

A final também marca um confronto de estilos semelhantes. Conhecido por desempenhar um futebol para frente, ofensivo, Barcelona e Athletic Bilbao possuem as melhores canteras do futebol espanhol. A escalação inicial das duas equipes falam por si só: no lado basco, é provável que apareça oito canteranos, enquanto os catalães devem irem a campo com sete (excetuando Piqué, que, como informado, ainda permanece sob dúvidas). De um lado, o Athletic Bilbao de Lezama; do outro, o o Barcelona de La Masía. Que vença o melhor.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Vicente Del Bosque e o plano B

 David Villa, o maior artilheiro da história da seleção espanhola, não estará presente na Eurocopa. O que Vicente Del Bosque fará? (AS)

O mistério acabou: David Villa não irá à Eurocopa. Por meio de um comunicado, a RFEF antecipou que o atacante asturiano não será chamado por Vicente Del Bosque no próximo dia 27, quando o treinador irá divulgar a lista com os 23 nomes que irão tentar o tricampeonato europeu para a Espanha. Por meio de seu twitter pessoal, Villa lamentou sua ausência: “Tentei até o final, mas não poderei estar 100% para a Eurocopa. Hoje, liguei para o treinador para comunicá-lo disso. Fui honesto", postou. Pelo visto, a decisão foi toda do Guaje, que fraturou a tíbia num confronto contra o Al-Saad, em dezembro, válido pelo Mundial de Clubes. O blog não irá entrar em detalhes, mas Villa fará falta.

Atualmente, o atacante azulgrená está cinco meses sem disputar uma partida oficial. Sem estar apto para jogar, a não presença do Guaje fez falta para o Barcelona durante esse período, o que ficou mais evidenciado na reta final da temporada, nas partidas contra o Chelsea e Real Madrid. Sem as imprevisíveis entradas pelas diagonais do camisa sete pela esquerda, os blaugranas concentraram muito seu jogo pelo centro, sendo presa fácil da retranca, sobretudo, montada pelo time londrino. Outro problema em questão foi o fato de Xavi ter abdicado muito de seu lancamento longo visando David. Além disso, seus substitutos, Tello e Cuenca, deixaram a desejar, mostrando que não tem cacife e muito menos o poder de decisão do ex-Valencia, o maior artilheiro da história da Fúria e um dos principais responsáveis pelo título mundial de 2010.

Na cabeça de Del Bosque, a ausência de Villa, mesmo num estado físico abaixo do desejado, não seria problema. As declarações do treinador nascido em Madrid nos últimos meses mostraram plena convicção de que seu principal atacante estaria à sua disposição na Polônia e Ucrânia. Logo após o amistoso contra a Venezuela, quando Soldado anotou três gols, Del Bosque mostrou cautela nos elogios ao atacante ché, indicando que não seria titular pela vaga de Villa estar garantida. 

A Espanha, principalmente após a Copa, tem jogado de maneira mais diferente. O meio-campo, bastante povoado de volante, não arma com tanta intensidade como o pré-Copa. A manuntenção da posse de bola continua, mas os deveras deslocamentos de Iniesta à esquerda do atacante ratifica que isso não faz bem à seleção - nem para o Barcelona, quando utilizado dessa forma. Com Busquets, Xabi Alonso e Xavi, distante do local onde mais gosta de atuar, formando a meiuca do 4-3-3, o setor fica bastante pesado. A Roja toca, toca, toca e nada de finalização a gol. Principal atributo de Villa, suas finalizações farão falta.

A menos de um mês da estreia na competição europeia (10 de junho, contra a Itália), Del Bosque, pelo visto, não tem alternativas a Villa. Nos próximos dias, fará três amistosos que deverão cravar sua decisão e sentenciar o modo de jogar espanhol na Eurocopa. Contra Sérvia, Coreia do Sul e China, o madrilenho preciará testar três formações diferentes. Afeito ao 4-3-3 e ao 4-2-3-1, predominou contra a Venezuela a última tática, dando a entender que, sem Villa, Del Bosque vai jogar com um centroavante de ofício na referência de seu esquema. O 4-4-2 utilizado à época de Aragonés e contra Chile, Portugal e Paraguai na Copa, nunca mais foi testado. A confiança do treinador em Llorente e Soldado não é das maiores, o que explica a convocação de Fernando Torres, que cresceu de produção na reta final de temporada. Pelo visto, El Niño chega para ser titular.

O que pode não acontecer se o campeão mundial resolver repetir o módulo tático proposto contra Inglaterra, República Tcheca e Escócia, nos últimos jogos de 2011. Vimos uma Espanha à Barcelona: Silva e Fàbregas revezavam na posição de falso nove, o que para mim, à época, foi um claro sinal de que Torres seria reserva na Euro (só não estava no meu plano e de Del Bosque a lesão de Villa, dois meses depois). Aconteceu, porém, que contra a seleção mais forte das três, a Inglaterra, a dupla inexistiu, criando mais problemas para o madrilenho, que parecia convicto de barcelonizar a Roja. Contudo, Silva e Fàbregas dificilmente jogarão juntos novamente: nesses três jogos, Xavi esteve indisponível por lesão. Fase por fase, o blaugrana deverá sentar o banco mais uma vez.

Os cortes
Antecipa o Marca de hoje que Vicente Del Bosque irá cortar um lateral, um meia-atacante e um centroavante. Mesmo sendo destaque no último jogo, Soldado não tem sua presença garantida: entre ele e Llorente, o treinador optou pelo basco. Na lateral, Iraola, Juanfran e Monreal disputam uma vaga; Muniain, Jesus Navas, Pedro e Adrián, duas no flancos do campo; e Negredo e Soldado, uma no ataque. Convocado por Luis Millá para compromissos da sub-21, é possível que Muniain seja um dos cortados. Lembrem-se que Puyol, que irá operar o joelho, também está fora.

Para o blog
O time seria: Iker Casillas (Real Madrid); Andoni Iraola (Athletic Bilbao), Sergio Ramos (Real Madrid), Gerard Piqué (Barcelona), Jordi Alba (Valencia); Sergio Busquets (Barcelona), Xabi Alonso (Real Madrid); David Silva (Manchester City), Xavi (Barcelona), Andrés Iniesta (Barcelona); Fernando Torres (Chelsea). Os cortados: Juanfran, Muniain, Pedro e Negredo.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

O Rei Sol do Málaga

 O dono da bola: articulador do meio-campo do Málaga, Cazorla termina temporada em alta e tem tudo para ir à Eurocopa (AP Photos)

Cazorla esteve impossível. O meio-campista marcou 13 gols na temporada e assistiu 11. Contra o Sporting Gijón, no jogo que garantiu o Málaga na Liga dos Campeões da Uefa, foi dele o passe para o gol decisivo de Rondón, o único jogador do elenco blanquiazul com mais gols que o ex-Villarreal na temporada. Sua marca só não foi maior que a da 2006/2007, quando, jogando pelo Recreativo, anotou 14. À época, Santi também foi premiado como o melhor jogador espanhol do ano, em prêmio concedido pela famosa revista Don Balón. Naturalmente, muito se especula sobre o futuro do jogador asturiano, cujo vínculo com o Málaga termina em 2014, mas dificilmente ele sairá da Andaluzia. Liverpool, Arsenal, PSG, Roma e Juventus mostraram interesse nele no verão passado, quando decidiu reforçar o Málaga. Hoje, praticamente um ano depois de garantir o Villarreal na fase prévia da principal competição europeia, Cazorla tem Málaga a seus pés.

El Cuín, como é chamado desde a época das divisões de base do Oviedo, foi o principal acerto do Sheik Abdulla Al-Thani no mercado. Vendido pelo Submarino Amarelo por 20 milhões de euros como uma das alternativas para fazer caixa, o meio-campista viu seu ex-clube afundar, literalmente. Tanto dentro de campo, deixando claro a falta que Cazorla fazia na meiuca, como fora, sendo rebaixado à Liga Adelante. No Málaga, o asturiano se encaixou com naturalidade. As expectativas criadas em torno de sua contratação foram cumpridas com excelência. Os 20 mil torcedores que lotaram La Rosaleda no dia de sua apresentação estão, com certeza, satisfeitos. Peça-chave do esquema de Pellegrini, tornou-se essencial à medida que a temporada passava.

Aos 27 anos, Cazorla certamente sabia que, se renovasse pela segunda vez com os amarillos, abriria mão da chance de brilhar por um time de ponta da Espanha. O Atlético de Madrid tentou sua contratação, o Valencia por pouco não anunciou, mas foi o projeto Málaga que mais chamou sua atenção. Ex-treinador e fã, Juan Carlos Garrido chegou a implorar por sua permanência em Castellón, mas sabia que sua venda era necessárioa, já que não havia abrido mão de Rossi e Nilmar. O camisa 12 blanquiazul não entrou na seleção da temporada feita pelo blog, mas certamente teria seu nome no banco de reservas e seria a alternativa a Özil, líder de assistências e dono de um excelente segundo turno.

O nome de Cazorla, certamente, seria unanimidade numa votação de top 5 dos melhores jogadores do Málaga na temporada. Ao lado de Isco e Rondón, foi o principal nome do time em 2011/2012. Toulalan, até se lesionar, e Demichelis completariam a lista. O asturiano é consistente há muito tempo e tem uma capacidade impressionante de posicionamento e tomada de decisões. Bom finalizador tanto com a direita quanto com a esquerda, é cobrador nato de faltas. Na Liga, foram quatro, ficando atrás apenas de Beñat, do Bétis, com seis. Nomes como Cristiano Ronaldo, Daniel Alves, Marcos Senna e Messi foram deixados para trás. É também importante taticamente, como evidenciado no duelo contra o Real Madrid no Santiago Bernabéu, ajudando na marcação pelo setor direito e sendo importante na frente. Aliás, foi de falta que ele marcou e deu um pingo de esperanças para o Barcelona.

Outra importante característica é a versatilidade. Por jogar no centro, na direita e na esquerda, mais avançado e recuado, dá a Pellegrini bastante flexibilidade para adaptar o time às necessidades de cada momento. Com 57,6 passes (84,8% de acerto), 7,4 lançamentos e 2,2 passes para finalização por partida, ele faz o jogo do Málaga fluir. Não sai do lugar certo, passa quando tem de passar e chuta quando tem de chutar. Após deixar Santi de fora da Copa do Mundo devido a má temporada com o Villarreal em 2009/2010, Vicente Del Bosque não teve escolhas e se rendeu ao jogador. Convocado para os dois últimos amistoso pré-Eurocopa, é certo seu nome aparecer na lista final dos jogadores que vão tenta o bi-europeu (Cazorla esteve no elenco campeão em 2008). Afinal de contas, ele merece. Pode não ser melhor e nem mais importante para o treinador madrilenho, mais fez melhor temporada do que Fàbregas e Iniesta, por exemplo.

*Para quem não entendeu, o título é uma alusão a mitologia das Astúrias, província espanhola onde Cazorla nasceu. A mitologia asturiana e as suas lendas estão baseadas nas vivências religiosas dos povos Astures, com temas simples sobre a adoração à natureza e ao sol, interligados com as mitologias celta e nórdicas.

sábado, 19 de maio de 2012

Fracasso no profissional, sucesso na base

 Gol de Jairo Morillas deu ao Sevilla o título da Copa dos Campeões, principal torneio de base da Espanha. Irregular há, pelo menos, duas temporadas, é na base que andaluzes devem apostar daqui para frente (El Desmarque)

*Por Leandro Stein, originalmente do site Olheiros

O trabalho realizado pelo Sevilla nas categorias de base ao longo da última década foi notável. Os rojiblancos formaram jogadores do porte de Sergio Ramos e Jesus Navas, campeões do mundo com a seleção espanhola em 2010, além de outros nomes de valor, como José Antonio Reyes e Diego Capel. E, mais que o tato para lançar canteranos, o clube demonstrou contar com um olhar clínico para investir em jovens talentos. Foi assim que chegaram à Andaluzia Daniel Alves e Adriano, peças fundamentais no bicampeonato da Copa da Uefa em 2006 e 2007.

O declínio do Sevilla ao longo da atual temporada, no entanto, foi acentuado. Eliminado nas fases qualificatórias na Liga Europa, o clube até começou bem no Campeonato Espanhol, mas caiu vertiginosamente de produção entre dezembro e janeiro. E o caminho da recuperação já está desenhado: é novamente na base que os andaluzes deverão apostar. Dentre os clubes que compõem o numeroso segundo pelotão de La Liga, os rojiblancos foram dos que mais abriram espaços para seus garotos. José Gómez Campaña e Antonio Luna não deixam mentir. O volante e o lateral esquerdo conquistaram seus lugares na equipe, sobretudo com o técnico Míchel. Ambos já são apontados como os jovens mais promissores em suas posições no país.

Com apenas 18 anos de idade, Campaña não sentiu o peso da transição. Fez sua estreia como titular justamente contra o Barcelona, encarregado de segurar o ímpeto de Messi e companhia. E o placar zerado ao fim dos 90 minutos comprovam o sucesso de sua missão. Não por menos, integra as seleções de base e está convocado para as eliminatórias do Europeu Sub-19. Já Luna faz uma temporada de afirmação, após passar seis meses emprestado ao Almería. Reserva no início da temporada, ganhou uma chance no início do ano e permaneceu entre os titulares. E a confiança da torcida não se deve apenas àqueles que despontam entre os profissionais. No último final de semana, o Sevilla conquistou a Copa de Campeones, principal torneio de base da Espanha – quebrando a hegemonia de Barcelona e Real Madrid. É verdade que merengues e blaugranas foram barrados ainda nas fases regionais, pelos rivais Espanyol e Atlético de Madrid. Algo que não tira os méritos da campanha dos rojiblancos, que chegaram ao seu terceiro título na competição.

O bom desempenho começou na etapa local da competição. Em 30 jogos, foram 21 vitórias e apenas seis derrotas, deixando para trás Málaga, Betis e Granada. Já na fase final, o Sevilla passou pelo Valencia nas quartas de final e, nos pênaltis, eliminou o Sporting Gijón na semifinal. Por fim, o adversário na decisão foi o Espanyol, credenciado por eliminar Barça e Atlético de Madrid. E a vitória por 1 a 0 acabou por consagrar os andaluzes. Em campo, o técnico Diego Martínez apresentou uma equipe equilibrada taticamente e com grandes qualidades na defesa. O setor, aliás, contou com o goleiro Sergio Rico e Dani entre os melhores do torneio. Mais à frente, os canteranos que chamaram as atenções foram o volante e capitão Beto, o meia Joaquín e o centroavante Jairo Morillas. Todos nascidos em 1993 e que não devem demorar a subir ao menos à filial do clube.

A grande questão para os rojiblancos é saber quando realizar a transição entre juniores e profissionais – em uma situação parecida com a enfrentada pelos clubes brasileiros após a Copa São Paulo. O caminho costumeiro é o Sevilla Atlético, sucursal que dá vivência aos jogadores como profissionais. Depois disso, o caminho estará aberto para o lançamento definitivo dos prodígios. E o passado demonstra o quanto uma decisão deste tipo pode ser acertada.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Oscar 2011/2012

A última rodada foi espetacular. As posições finais eram até previsíveis, mas as mudanças na zona de rebaixamento foram tranquilas só para os torcedores do Zaragoza, que virou uma desvantagem de 13 pontos ao longo da reta final do campeonato e chegou a 38ª rodada dependendo apenas de si. O Granada, por sua vez, escapou mesmo perdendo para o Rayo Vallecano, que marcou o gol da salvação no último suspiro do jogo e rebaixou, quem diria, o Villarreal à Liga Adelante. O Submarino Amarelo, por ironia do destino, não havia frequentado a zona de rebaixamento durante o segundo turno. O Málaga ficou com a quarta e última vaga na Champions. O Levante, com o posto histórico na Liga Europa. Acompanham o Villarreal à segunda divisão o Sporting Gijón e o Racing Santander.

Veja a classificação final e os resultados da última rodada. Ah, e se você, caro leitor, estiver à toa, não deixe de conferir o resumo de todas as 38 rodadas da Liga, clicando aqui. Abaixo, os melhores e piores da temporada espanhola:

 Messi comemora um de seus 50 gols: o maior artilheiro da história da Liga Espanhola (reuters)
  
Fatos
Campeão: Real Madrid.
Champions League: Real Madrid, Barcelona, Valencia e Málaga.
Europa League: Atlético de Madrid, Levante e Athletic Bilbao (detentor da vaga devido ao fato de ser finalista da Copa do Rei contra um adversário que está na LC, o Barcelona).
Rebaixados: Villarreal, Sporting Gijón e Racing Santander.

Melhor em casa: Barcelona, 52 pontos.
Melhor fora: Real Madrid, 34 pontos.
Pior em casa: Racing Santander, 16 pontos.
Pior fora: Racing Santander, 11 pontos.

Melhor ataque: Real Madrid, 121 gols.
Melhor defesa: Barcelona, 29 gols sofridos.
Pior ataque: Racing Santander, 28 gols.
Pior defesa: Rayo Vallecano, 73 gols sofridos.

Artilheiro: Lionel Messi, 50 gols.
Líderes em assistências: Lionel Messi e Mesut Özil, 16.

A fera: Decisivo, Cristiano Ronaldo
foi o melhor jogador do campeonato
ao lado de Messi e conquistou
sua primeira Liga em solo
espanhol (getty images)
Para o blog
Surpresas: Levante, Mallorca e Osasuna
Decepções: Sevilla, Villarreal e Zaragoza.

Melhores jogadores: Cristiano Ronaldo, Real Madrid; e Lionel Messi, Barcelona.
Melhor jovem: Isco Román, Málaga.
Melhor contratação: Falcão García, Atlético de Madrid.
Pior contratação: Hamit Altintop, Real Madrid.
Decepções: Nuri Sahin, Real Madrid; José Maria Reyes, Sevilla; e Dani Parejo, Valencia.

Melhor técnico: José Mourinho, Real Madrid.
Pior técnico: Gregório Manzano, Atlético de Madrid (até janeiro); e Miguel Ángel Lotina, Villarreal (a partir de janeiro).

Gol da temporada: Júlio Baptista, em Málaga 3x2 Getafe. 

Seleção dos melhores: Iker Casillas (Real Madrid); Iraola (Athletic Bilbao), Sergio Ramos (Real Madrid), Javi Martínez (Athletic Bilbao), Jordi Alba (Valencia); Xabi Alonso (Real Madrid), Xavi (Barcelona), Mesut Özil (Real Madrid); Lionel Messi (Barcelona), Karim Benzema (Real Madrid), Cristiano Ronaldo (Real Madrid).

A Liga BBVA acabou, mas o blog continua seus trabalhos. A temporada ainda vai ser mais discutida por aqui.

terça-feira, 15 de maio de 2012

38ª e última rodada: Os vereditos finais

Jogadores do Levante fazem a festa no Ciutat de Valencia. A melhor temporada de sua história foi coroada com a vaga na Liga Europa (getty images)

Levante 3x0 Athletic Bilbao
A parte azulgrená da cidade de Valencia está em festa. Pela primeira vez em seus 103 anos de história, a equipe do norte espanhol vai disputar uma competição europeia. A equipe sensação da temporada, que ficou no topo da tabela desde o início da competição, é coroada com a vaga na Liga Europa, apesar de ter disputado pau-a-pau uma vaga na Champions League em 37 das 38 rodadas do campeonato. É preciso ter noção de quão importante é essa vaga na segunda principal competição europeia. Há dois anos, o clube quase fechou devido a uma crise interna e chegou a entrar em lei concursal. A volta por cima foi regada de festa e fogos de artifícios após término do jogo. O Athletic Bilbao, com o psicológico por água abaixo após a derrota na final da Liga Europa, nada fez e só olhou o Levante passear de uma maneira mais estratosférica que o Atlético de Madrid, quatro dias antes.

Málaga 1x0 Sporting Gijón
Teve festa também em Málaga. O projeto do Sheik Abdulla-Al Thani converteu-se em realidade. Um ano após confirmar a compra do Málaga e prometer que faria essa equipe disputar a LC, um gol de Rondón, sempre decisivo, sacramentou a vaga dos blanquiazules na próxima competição. Quarto colocado, os andaluzes poderão enfrentar pedreiras do tipo do Tottenham e Braga (se o Chelsea não for o campeão da atual edição no próximo sábado) ou equipes como Spartak Moscou e Dínamo de Kiev. Do outro lado, o Sporting Gijón chegou no La Rosaleda virtualmente rebaixado. Tendo que triunfar, o que já seria difícil, e torcer para derrotas de Zaragoza e Rayo Vallecano, os asturianos sabiam que seria difícil. Pior para Javier Clemente, que chega ao seu quarto descenso na carreira.

Getafe 0x2 Zaragoza
Pelo terceiro ano consecutivo, o Zaragoza se salva do rebaixamento. Depois de passar mais da metade da Liga na última colocação, a reta final dos maños foi digna de elogios, o que valeu para chegar na última rodada dependendo apenas de si para continuar na elite espanhola. E, assim como em 09/10 e 10/11, os blanquillos não decepcionaram. Foram a Madrid, derrotaram um Getafe sem aspirações para mais nada e cravaram a manuntenção na primeira divisão. Dois nomes merecem elogios múltiplos. Manolo Jiménez, que trouxe ânimo a uma equipe desacreditada, e Apoño, super decisivo na reta final. Seus cinco gols nos últimos oito jogos valeram por tudo. A fánatica torcida maña, que não desiste, invadiu o Coliseum Alfonso Pérez, transformando-o num "mini-La Romareda". Foram 12 pontos de desvantagem tirados pela equipe de Aragão, um sinal claro de fé.

Rayo Vallecano 1x0 Granada
Em 2007, o Barcelona estava próximo de conquistar o tri-campeonato. Vencia o dérbi por 2x1 e via o Real Madrid perder em Aragão para o Zaragoza, fatores que recolocavam os azulgrenás na ponta da Liga a uma rodada do fim. Entretanto, um personagem entrou definitivamente para a história do dérbi: Raúl Tamudo. El Ratón anotou o gol de empate dos péricos nos minutos finais, tirando a taça de Barcelona. O tento foi batizado de Tamudazo. Cinco anos depois, a Liga BBVA conheceu outro Tamudazo. O cenário era outro: o Rayo Vallecano estava a dois minutos de cair para a Liga Adelante. Eis que Tamudo apareceu. Aproveitou um chute na trave dado por Michu e, sozinho, cabeceou para salvar o Rayo e levar Vallecas à loucura. O gol, contudo, foi irregular, apesar de validado. O catalão estava em posição irregular. Após o jogo, Michu confirmou ter pedido aos jogadores do Granada para que deixassem o Rayo fazer um gol, que salvaria as duas equipes. Polêmica.

Villarreal 0x1 Atlético de Madrid
As consequências do gol polêmico de Tamudo resultaram no El Madrigal. O Atlético de Madrid entrou em campo literalmente para cumprir tabela. Quatro dias depois de conquistar a segunda Liga Europa de sua história, parecia não centrado no jogo. Simeone foi a campo com uma equipe mista, mas promoveu a entrada de Falcão restando déz minutos para o término. Contudo, El Tigre é sedente por ir às redes. Uma firme cabeçada, aos 44 minutos do segundo tempo, ligou o alerta do Villarreal, que ainda não estava sendo rebaixado. Dois minutos depois, a trágica notícia: Tamudo havia marcado em Vallecas e o Villarreal, pela primeira vez na temporada, entrando na zona de rebaixamento. A estratégia inicial de Lotina deixou claro que o Submarino Amarelo estava temerário quanto ao jogo. Foi a campo num 4-3-3 defensivo, com Marchena, Bruno e Marcos Senna no meio-campo, para lá de pesado. O El Madrigal entrou em choque após o tento do colombiano. Sobre o rebaixamento amarillo, falamos mais detalhado aqui.

Real Madrid 4x1 Mallorca
O campeão da temporada não queima a gordura. Em campo com apenas uma modificação em relação a escalação habitual durante a competição (Higuaín por Di María), os merengues fizeram mais quatro gols, chegaram a sensacionais 121 na competição, e quebraram outro recorde com a vitória: terminam a Liga 2011/2012 com 100 pontos, deixando para trás a marca do Barcelona 09/10, de 99 pontos. Outro que obteve uma marca importante foi Cristiano Ronaldo. Autor do primeiro gol, o gajo marcou em todas as 19 equipes da primeira divisão. Na comemoração da conquista após o jogo, Higuaín deu uma declaração que deixou uma sensação de adeus. "Foram lindos seis anos aqui. Vou guardar para sempre", disse. Apesar da insistência de Mourinho em dizer que Pipita fica, seu futuro deve ser longe de Chamartín.

Bétis 2x2 Barcelona
Na despedida de Guardiola da Liga Espanhola, o Barcelona sofreu. Como de costume quando visita o estádio bético. Em campo devido a lesão de Pinto, Víctor Valdés viu seu quatro troféu Zamora ficar por um fio. A expulsão de Daniel Alves, com futuro no Barcelona em dúvida, condicionou o jogo. O Bétis poderia ter feito mais, mas não fez, e ainda viu Keita empatar no final e impedir que Guardiola se despedisse da competição com a qual conquistou três durante seu período na Catalunha com um revés. Messi não marcou, mas ficou com o Pichichi histórico. Foram 50 gols em 37 jogos, o maior artilheiro da história da Liga BBVA. Pela primeira vez desde o Athletic Bilbao de 1947/48, uma equipe leva o Zamora e o Pichichi, mas não vence o campeonato. À época, o campeão foi o Valencia.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Difícil de explicar, fácil de entender

 Os jogadores lamentam: o Villarreal está rebaixado para a Liga Adelante (getty images)

Há seis anos, a comunidade de Castellón lamentava o fato de não poder ver seu representante na final da Liga dos Campeões. Um pênalti desperdiçado por Riquelme, que, segundo muitos torcedores, foi o melhor jogador a vestir a camisa amarilla, deixou a equipe comandada por Manuel Pellegrini a um passo de chegar a final de Paris contra o Barcelona. Ontem, exatamente às 21h50 local, após o apito final de Estrada Fernández, a lamentação tornou-se lágrimas. Seis anos depois de viver seu auge, o estopim de uma crise que começou cedo, logo no início da temporada, teve conhecimento: o El Madrigal presenciou o rebaixamento do Villarreal à Liga Adelante.

Com perdão do trocadilho: o Submarino Amarelo afundou. Como diz o título do texto, a queda é difícil de explicar, mas fácil de entender. Nada deu certo na temporada. Mesmo possuindo um elenco forte para, pelo menos, disputar Liga Europa, as ausências de Cazorla, Capdevilla e Rossi foram sentidas. A bem da verdade, a lesão do ítalo-americano logo na introdução da temporada não seria tão sentida se, junto com ele, Nilmar não tivesse ido junto. Quando soube que ficaria sem seus principais atacantes, tudo começou a desandar. Enquanto Rossi continuou patinando no Departamento Médico, Nilmar voltou. Entretanto não era nem a sombra daquele atacante veloz e ágil que infernizava as defesas. 

Um dos principais motivos para a queda foi a atuação do setor defensivo no andamento da temporada. Frágil e sempre muito desprotegido, principalmente pelo estilo de jogo ofensivo da equipe, concedeu 60 gols. Dessa maneira, ficou difícil para o ataque compensar na frente. No entanto, esse setor também foi problema. Principal responsável pelos méritos do time nos últimos anos, a ligação meio de campo-ataque inexistiu. Sem Rossi, custou para arranjar um atacante decente, sobretudo após retorno abaixo da média de Nilmar. Lotina chegou a jogar no 4-2-3-1 em detrimento do 4-4-2 que tanto deu frutos positivos ao clube. Marco Rúben foi o artilheiro da temporada com 9 gols. A exemplo de comparação, o vice-artilheiro da temporada passada, Nilmar, marcou 13 (Rossi, o artilheiro, anotou 20). O gaúcho, em queda livre, anotou apenas quatro em 2011/2012. Os testes foram múltiplos. Martinuccio foi contratado por empréstimo junto ao Fluminense no inverno; Hernán Pérez foi muito utilizado; e até o canterano Joselu teve que ser efetivado para ajudar, num claro sinal de desespero.

A crise econômica também afetou dentro de campo. Sem um substituto natural para Cazorla, vendido ao Málaga, onde irá disputar a Champions League, para fazer caixa, custou aos amarillos criarem jogadas. Borja Valero foi a força motriz do ataque até dezembro, criando jogadas impensáveis para qualquer outro jogador do elenco e decidindo com gols. Mas ele enfrentou um período bem improdutivo entre janeiro e abril, quando caiu substancialmente de produção. Incapaz de criar oportunidades com a frequência de 2011, o Borja Valero de 2012 foi bem menos brilhante. Todavia, ainda conseguiu ser melhor que Cani, decepcionante à medida que se tornava-se o principal jogador da equipe devido as lesões dos principais. A temporada de Marcos Senna é a mais irônica. Mal e relegado à reserva em 2010/2011, quando os castellonenses terminaram em 4º e foram semifinalistas da Liga Europa, o brasileiro naturalizado espanhol deu a volta por cima justamente no pior momento do clube desde sua chegada. Senna domina o meio-campo, ataca e defende com a mesma eficiência e consegue ser ainda melhor do que em 2007/2008, quando foi vice-campeão e premiado com uma vaga à Eurocopa.

Contratado em fevereiro, após as demissões de Juan Carlos Garrido e José Molina, Miguel Ángel Lotina encarou uma situação que, negativamente, tem sido corriqueira em sua carreira. É o quinto rebaixamento do treinador, antes rebaixado com Logronês, Celta Vigo, Real Sociedad e Deportivo La Coruña, igualando as marcas de Fernando Vázquez e Lucien Müller. O do Villarreal foi semelhante ao do Celta Vigo 2003/2004 de Lotina e o Deportivo da temporada passada do basco. Os celestes, há oito temporadas, começaram o ano na Champions League e terminaram rebaixados, exatamente como os amarillos. Os galegos, por sua vez, foram rebaixados, mas deixaram a sensação de azar justamente por possuírem, entre os postulantes ao descenso, a melhor equipe, assim como o Villarreal 2011/2012. A Liga Adelante também sofre as consequências da queda amarrila. O Villarreal B, em 13º na tabela, é automaticamente rebaixado à Segunda B pelo fato do regulamento não permitir a participações de dois times da mesma instituição numa mesma divisão.

O desmanche no elenco deverá ser grande. Para fazer caixa, será necessário vender. Rossi, Nilmar, Borja Valero, Cani, Mussachio, Marco Rúben serão nomes eternamente ligado às especulações durante o verão. O brasileiro já havia recebido propostas da Roma e do futebol brasileiro nos últimos mercados, mas o clube não quis vender. Agora, será obrigado. Marcos Senna, Ángel e Gonzalo afirmaram querer continuar a fim de ajudar no retorno à elite. Renovar com as bandeiras do clube, os nomes mais benquistos pela torcida, indica que o Villarreal imagina estar de volta à elite em 2013/14. Porém, tudo é incógnita. E o meio-campo e ataque, principais setores da equipe? Como será o mercado? Quem fica? Quem sai? Quem chega? Tudo é incógnita.

A família Roig, responsável pelas ações do clube, viveu um drama na noite passada. A tragédia se personificou em Fernando Roig. O máximo acionista e presidente do clube castellonense acompanhou a partida nas tribunas do El Madrigal ao lado de seu filho José Manuel Llaneza, vice-presidente. Durante anos, o Villarreal sempre foi exemplo de gestão esportiva e econômica. Também dentro de campo, praticando um futebol charmoso, atraente, valente, com a busca pela posse de bola. Bastou uma temporada de adversidade tanto interna como externamente para tudo cair por água abaixo. Após o término da partida, Roig desceu ao gramado, onde, sob lágrimas, foi ovacionado pela torcida, que não se esquece do que ele fez pelo clube nesses últimos dez anos. Fora do estádio, os gritos dos aficionados para os jogadores foram de mercenários. Não é hora de buscar culpado ou desculpas. Aos torcedores amarillos, a boa notícia é que Roig não vai abandonar o projeto. A Liga BBVA perde um time que desempanhava um belo futebol, mas o espera ansiosamente pelo retorno.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

O Real Madrid inspirou o Atlético de Madrid

 Em Neptuno, a festa é do Atléti. Bi-campeão da Liga Europa, colchoneros se inspiraram o rival merengue para bater Athletic Bilbao (getty images)

Há três semanas, o Real Madrid foi ao Camp Nou para vencer o Barcelona e sentenciar o campeão espanhol da temporada. Ao vencer por 2x1, os merengues, paralelamente, deixaram uma lição ao rival Atlético de Madrid. Para parar um futebol baseado na troca de passes, é preciso inteligência, aplicação tática e acerto na hora do contra-ataque. Foi assim que os principais clubes de Madrid conseguiram seus maiores resultados na temporada. Os colchoneros, jogando de maneira semelhante, conquistaram o bi-campeonato da Liga Europa ao derrotar o Athletic Bilbao, equipe espanhola que mais próxima chega do estilo de jogo barcelonista.

Embora diga bastante sobre as equipes, a estatística menos relevante do confronto foi a posse de bola, que, claro, ficou com o conjunto basco em 63% do tempo. O número não significa que o Athletic Bilbao, segundo time que mais troca passes na Liga BBVA, tenha sido melhor, pelo contrário. O Atlético de Madrid simplesmente abdicou da bola e apostou na força da trinca do meio-campo formado por Diego, Adrián e Arda Turan, que impusseram aos rojiblancos de Bilbao uma avalanche futebolística que a equipe de Bielsa ainda não havia presenciado na Liga Europa. Na frente, bola para Falcão que ele decide. Foram dois gols que ratificaram a artilharia da competição pela segunda temporada consecutiva. Também pela segunda temporada consecutiva, El Tigre marca na final e é campeão. Literalmente, o Mister Europe League, como é chamado.

A estratégia dos colchoneros, executada à perfeição, era evidente: desarmar e acionar os meio-campistas pelo flanco ou o artilheiro no comando do ataque, já que o Athletic Bilbao descia ao ataque desesperado, deixando a retaguarda desprotegida. Porém, assim como o Real Madrid no Camp Nou, o Atléti jamais se limitou a ficar apenas na defesa. Com a bola, o time de Simeone sabia o que fazer. Gabi e Suárez foram perfeitos na volância, combatendo Iturraspe e Ander Herrera. A dupla do Bilbao, aliás, ficara extremamente preocupado com Diego, Arda Turan e Adrián López em determinados momentos do jogo.

Por exemplo, o estilo de jogo dos Leones passa necessariamente pelo encaixe de seus meio-campistas. Em Bucareste, Ander foi decepção, pois não criou nada, mostrou-se nervoso, errou finalizações bobas e foi substituído cedo. Assim, Llorente passou despercebido e foi presa fácil para Miranda, que, talvez, fez sua melhor partida na temporada e na carreira no Atlético de Madrid. Susaeta, pela direita, foi anulado por um Filipe Luís que cada vez parece mais com aquele do Deportivo La Coruña que quase acabou contratado pelo Barcelona. Apenas Muniain tentou e teve (pouco) sucesso. A entrada de Ibai Gómez e Iñigo Pérez no segundo tempo foi uma alternativa de Bielsa para colocar velocidade pelos flancos do campo. Com o meio-campo congestionado, as inflitrações seriam necessárias para bater a meta de Courtois.

A escolha da postura e sua execução do Atlético de Madrid foram ótimas. Méritos para Simeone, que pegou uma equipe eliminada na Copa do Rei para o pequeno Albacete (no Vicente Calderón, vale lembrar) e a transformou na campeã da Liga Europa pela segunda vez em três anos. É um time totalmente diferente da época de Manzano. Simeone ajustou a defesa, soube usar o jogo de seus laterais e, sobretudo, apostar no contra-ataque, talvez maior mérito de El Cholo desde seu retorno a Manzanares. A jogada, que inexistiu com Manzano, foi, para muitos, a principal responsável pelo título. Agora, como bem avisou Simeone, é hora de esquecer um pouco o título e seguir adiante na Liga. Contra o Villarreal, na última rodada, os rojiblancos entram em campo necessitando da vitória e torcendo para uma derrota do Málaga para fechar a temporada com chave de ouro: a vaga na Liga dos Campeões da Uefa.

Ao Athletic Bilbao, resta levantar a cabeça. A base é boa, promissora e mostrou ao mundo um dos mais belos futebol da temporada. O País Basco, certamente, está orgulhoso do time. Cair é permitido, claro, mas se levantar é essencial. O choro dos jogadores ao término da partida foi comovente, mas tem mais final pela frente, ainda que seja difícil derrotar o Barcelona, que vem à todo na despedida do Guardiola. Ainda não era hora de título, entretanto a taça pode estar próxima de Gabarra. "Voltamos já", disse Marcelo Bielsa, que deve ter seu contrato renovado. A Liga Europa o espera, Athletic.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

O dilema de Ander Herrera

Confirmado como titular da final da Liga Europa mais tarde, Ander Herrera vive sob dúvidas nos últimos dias. O meio-campista faz uma temporada que sonhava quando resolveu sair do Zaragoza e assinar com o Athletic Bilbao. Além de estar na final da competição europeia e da Copa do Rei, ganhou o aspecto de peça-chave do esquema de Marcelo Bielsa, participando de 46 jogos na temporada. Mas essa marca tem ganhado uma sombra negativa que leva a comissão técnica e o departamento médico do Athletic Bilbao à preocupação.

Em 23 oportunidades, o treinador argentino o substituiu. E não foi por casualidade. O jovem sofre com problemas crônicos no púbis desde o início da temporada que o obrigam a jogar com dores na maioria das partidas. A temporada bilbaína o desgastou mais que o habitual. Fora as 38 rodadas da Liga BBVA, os Leones disputaram mais 8 da Copa do Rei (9 contando a final) e 17 da Liga Europa. Mesmo que o fato de chegar às finais das Copas seja gratificante e de ter um elenco bom, certamente quando preparou a pré-temporada, Bielsa não esperava que sua equipe só não disputaria mais jogos na temporada que o Barcelona (três jogos a mais que o Real Madrid). Isso trás consequência ao grupo, que é limitado e curto, e os resultados são os maus resultados em âmbito nacional. Na Liga Espanhola, por exemplo, o Athletic não teve forças para disputar vaga na Champions League. Além disso, El Loco Bielsa é pouco afeito a rodízios.

Llorente sofreu bastante, mas sem dúvidas o maior prejudicado da história é Ander Herrera. Por isso, passa por um dilema. A ideia inicial era aguentar até o limite da temporada para tomar uma decisão. Ander foi um dos principais responsáveis dos méritos dos rojiblancos na temporada e desejou muito estar na parte mais decisiva da campanha bilbaína. Na hora da verdade, ele quer estar presente. Na cabeça de Bielsa, nem se passa não utilizar seu xodó. Contudo, há situações que obrigam o jogador e o serviço médico do clube a repensar a situação. Um exemplo notório é quando Susaeta não está em campo. O ex-jogador do Zaragoza, em momentos como esse, é o encarregado a cobrar faltas e escanteios. Em três oportunidades na temporada, pediu substituição ao sentir dores justamente na hora da execução dessas jogadas. "Força muito os músculos", disse Laura Martínez, médica do clube.

A última solução seria operar agora, após a final da Copa contra o Barcelona. O que leva a seguinte conclusão: provavelmente, Ander ficaria de fora das Olimpíadas. Também peça-chave do esquema de Luis Millá, o jovem faria falta em Londres. Entretanto, ao contrário do Athletic Bilbao, a seleção sub-23 espanhola tem substituto em caso de ausência de seu armador. Thiago poderia ser deslocado à função de armador e Muniain jogar aberto à esquerda; Adrián pode ser adiantado e jogar como no Atlético de Madrid (não necessariamente como referência do 4-2-3-1, onde, porém, foi o artilheiro da seleção na Euro Sub-21), abrindo espaços para Álvaro Vázquez no ataque; ou Milla pode mudar o esquema para o 4-3-3, jogando com Mata, Adrián e Muniain na frente e Javi Martínez, Busquets e Thiago na meiuca, o que poderia deixar o meio-campo pesado com dois primeiros volantes.

Operar no início da próxima temporada não passa pela cabeça de Ander. Independente do resultado da seleção principal na Eurocopa, as chances de Vicente Del Bosque começar a renovar o grupo em busca do bi-mundial são grandes e o nome de La Perla já é pedido por muitos. À medida que a temporada passa, ficava evidenciado que Ander Herrera já não era mais capacitado de oferecer seu melhor rendimento graças as dores. Na semana passada, não treinou com os companheiros, apesar de estar confirmado contra o Atlético de Madrid. No momento, tudo que passa por Ander é uma incógnita.

domingo, 6 de maio de 2012

Tragédia anunciada

 O vilão. Ahsan Ali Syed, empresário indiano que comprou o Racing Santander, nada fez para ajudar o clube a sair da crise e o estopim é o rebaixamento à Liga Adelante (Daily Email)

A primeira sentença que a temporada espanhola conheceu foi o rebaixamento do Racing Santander à Liga Adelante. Na última semana, os cantabrianos foram derrotados pela Real Sociedad no País Basco por 3x0, sentenciando o descenso à segundona. Tímida ações no mercado, grande crise interna e manuntenção de uma base que já havia assustado em temporadas anteriores foram os ingredientes que resultaram na queda verdiblanca. O Racing Santander, por ironia do destino, disputará a Liga Adelante justamente no ano de seu centenário. O enterro dos cantabrianos aconteceu no Anoeta, diante de uma Real Sociedad que garantiu sua permanência na elite espanhola. 

A situação econômica do Racing Santander preocupa mais até do que o rebaixamento. Cair para a segunda divisão era uma tragédia anunciada, querendo ou não. A ausência de responsabilidade por parte dos acionistas majoritários soam como várzea. Quando o Ministério dos Esportes da Espanha aprovou a venda do clube ao milionário emprésario indiano Ahsan Ali Syed em janeiro de 2011, as expectativas eram grandes. Puro engano. "Começa uma grande e ativa relação com este clube", afirmou Ahsan Ali Syed no dia da confirmação. "Vou colocar todos meus conhecimentos e meu poder financeiro a serviço do Racing Santander para levar o clube ao maior nível de êxito na Espanha e na Europa". A promessa era investir pesado no mercado, cerca de 90 milhões de euros nos próximos cinco anos. Hoje, um ano e quatro meses depois, a instituição está em um processo concursal e o futuro é nada promissor.

Em dezembro passado, o indiano, nada onipresente no dia-a-dia do clube, resolveu vender as ações menos de 12 meses depois de comprá-las de Fernando Pernía. Contudo, o Juizado de Primeira Instância Número 55 de Santander adotou medidas cautelares para que evitasse a venda do Racing Santander por parte de Ali Syed. Porém, o máximo que o governo cantabriano conseguiu foi adiar e prolongar a data da sentença. Antes, em novembro, todo os conselheiros de administração pediram demissão, o que deixou Syed em uma saia-justa. Na Espanha, os aficionados montañeses consideram o time para o qual torcem sem dono. Ou seja: uma várzea total. Os sócios do clube, no entanto, estão pendentes do que a assembleia irá decidir no próximo dia 20 maio, naquilo que qualificam como o "futuro imediato do Racing Santander". A expectativa de progressão criada no dia da venda ao empresário acabou regredindo. Em nenhum momento Ali Syed organizou o clube, ajustou os problemas da gestão anterior e tomou decisões corretas.

A incógnita quanto ao futuro do clube implica com os dos jogadores. A maior parte do plantel não renovou o contrato enquanto não sabe da decisão final. Especulações quanto a novos jogadores? Nenhuma. Manuel Arana, que se recupera de lesão e fez falta na reta final, foi o principal jogador do time na temporada. O andaluz, em declarações dadas na semana passada, reconheceu estar pendente do que possa acontecer no clube para saber o que irá fazer. O Levante estaria interessando em sua contratação, que, no caso, seria a custo-zero. Outro que também pode estar de saída é Stuani, também para o clube azulgrená.

Durante a temporada, os problemas institucionais influenciaram diretamente no esportivo. Em algumas partidas, os verdiblancos jogaram com dignidade, até de igual para igual, mas as carências falaram mais alta. Os ânimos e psicológicos dos jogadores também foram abalados. De repente, encontraram-se perante a zona de rebaixamento e com o salário totalmente atrasado. "A sensação é de que estamos sendo usados, enganados", disse o capitão Toño em março. Indignação é a palavra que define a temporada do Racing Santander. Literalmente, o clube, maior representante da região da Cantábria, região mais rica do mundo em lugares de interesses arqueológicos do Paleolítico Superior, foi maltratado.

Ainda que esteja em segundo plano no momento, a disputa na Liga Adelante deve ser tratada como fundamental. Em péssima situação financeira, a diretoria cortou gastos e investimentos em todas as áreas. Cair para a segunda divisão resulta em perdas de outros aspectos importantes: o faturamento com a  TV, patrocínio e, eventualmente, bilheteria. Se os cantabrianos conseguirem estancar a sangria financeira (e tudo irá depender do próximo dia 20) e a torcida seguir unida, há uma possibilidade de retornar à elite em pouco tempo. Mas, pelo tamanho do conserto necessário, o provável é que fica perambulando e vagando na Adelante durante algumas temporada, como o Celta Vigo.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

20ª rodada: Pesadelo próximo do fim

 Enquanto o Villarreal praticamente garantiu a permanência, Sporting Gijón fica próximo do retorno à Liga Adelante, quatro anos depois (AS)

Sporting Gijón 2x3 Villarreal
A temporada de pesadelo do Villarreal está chegando ao fim. A duas rodadas do término, o Submarino Amarelo conseguiu vitória importante diante de um adversário direto na luta contra o rebaixamento. Nas Astúrias, os amarillos se impusseram ante o Sporting Gijón, praticamente condena o rival à Liga Adelante e ficam a um empate de garantir oficialmente a permanência na elite espanhola. Os dois próximos adversários da equipe treinada por Manuel Lotina exigirá concentração: no próximo sábado, vai ao Mestalla visitar o Valencia no dérbi da Comunidade Valenciana, enquanto uma semana depois fecha a Liga diante do Atlético de Madrid, praticamente com a gordura gasta três dias após pegar o Athletic Bilbao na final da Liga Europa. Os gijoneses encaram Real Bétis e Málaga.

Athletic Bilbao 0x3 Real Madrid
A Liga BBVA conheceu, oficialmente, seu campeão da temporada. Sem cerimônias, o Real Madrid foi ao País Basco para ratificar por que mereceu ganhar o título. Jogou concentrado, impondo pressão física durante todo o primeiro tempo e não deixou o Athletic trocar passes. Higuaín, provavelmente de saída do clube, repetiu 2008. À época, no jogo do 31º título merengue contra o Osasuna, El Pipita foi o responsável pelo gol da virada na noite chuvosa de Navarra. Com a taça garantida, resta aos merengues um último objetivo: ver Cristiano Ronaldo ser o Pichichi histórico da competição, na disputa eletrizante contra Lionel Messi.

Barcelona 4x1 Málaga
Por sua vez, o argentino deu um importante passo para conquistar o prêmio e a chuteira de ouro. No retorno ao Camp Nou uma semana depois da noite trágica contra o Chelsea, La Pulga anotou um hat-trick, chegando a 46 gols na Liga, dois a mais que o português. Na temporada, são 68, o que vale para o camisa 10 pulverizar mais um recorde: ultrapassou Gerd Müller e tornou-se o maior artilheiro da história do futebol europeu numa única temporada. Não foi só Müller que foi deixado para trás. Ao marcar o doblete, Messi ultrapassou o maior número de gols de Pelé num único ano. No lado blanquiazul, serviu de consolo a derrota do Levante, que ainda deixa a equipe na zona de LC.

Valencia 4x0 Osasuna
O Valencia aproveitou a chance dada e, enfim, garantiu sua vaga na próxima Uefa Champions League. A rodada favorável pelas derrotas de Levante e Málaga caiu como uma bênção no Mestalla. Seis pontos à frente do Levante, pode ser alcançado pelo rival nas duas rodadas finais, em caso de hipotéticas derrotas nos jogos restante, porém leva vantagem no confronto direto. Agora, falta dar o passo final: cravar o terceiro lugar e evitar a fase prévia da maior competição de clubes do planeta. O jogo desenrolou-se de maneira curiosa. Até os 37 minutos do segundo tempo, estava apenas um a zero Valencia e com o Osasuna pressionando. Contudo, a expulsão de Lekic condicionou o jogo à goleada blanquinegra. Jonas, duas vezes, e Aduriz marcaram nos minutos finais.

Zaragoza 1x0 Levante
Em situações opostas, quem comemorou foi aquele da parte debaixo. Ainda na zona de rebaixamento, os maños vivem uma ilusão. Conquistaram mais três importantes pontos e colocam toda a pressão do mundo ao Rayo Vallecano. O já rebaixado Racing Santander no La Romareda e o Bétis, que não briga por mais nada, no Villamarin são os adversários finais do time blanco, naquela que pode ser a remontada mais sensacional já vista no campeonato espanhol. Manuntenção ou não, Manolo Jiménez merece todos os créditos. Sua ida a Aragão deu novo gás ao time. Antes desacreditado, o treinador fez valer a fé dos aficionados. Enquanto isso, o Levante sentiu a falta de Barkero e Koné e viu uma rodada ser jogada fora. Agora, tem Mallorca e Athletic Bilbao pela frente para tentar uma sonhada vaga na UCL.

Atlético de Madrid 1x1 Real Sociedad
Na final da Liga Europa, o Atlético de Madrid ainda sonhava com a vaga na Liga dos Campeões. Porém, o último ato de esperança esvaziou-se quando Vela marcou o gol de empate da Real Sociedad nos minutos finais. O empate foi até injusto pelo futebol que as duas equipes exerceram. Os rojiblancos inexistiram e viram uma Real Sociedad, mais leve e menos pressionada após garantir a permanência na Liga, jogar com velocidade e boa troca de passes. Simeone saiu do Calderón decepcionado pois viu que a última garantia de ir à principal competição europeia não foi aproveitado. Se você prioriza uma competição importante, é precisa entrar em campo com atenção. Não foi o que aconteceu com os colchoneros.

Granada 2x1 Espanyol
O Nuevos Los Carménes tem um novo ídolo: Odion Ighalo. O nigeriano entra para a galeria de salvadores de heróis do Granada e crava seu nome no hall da fama do clube. Seus dois gols numa sequência de cinco minutos definiram o futuro dos andaluzes, que irão jogar a Liga BBVA na próxima temporada novamente. Ighalo já havia marcado no gol que levou os rojiblancos à Liga Adelante e no gol histórico na temporada passada que confirmou o acesso à elite. Decisivo é seu apelido. O Espanyol, em queda livre, só tem o que lamentar. A duas rodadas do fim, até uma vaga na Liga Europa tornou-se tarefa árdua.

Sevilla 1x2 Bétis
Um dos dérbis mais sem aspirações nos últimos anos teve vitória verdiblanca em pleno Sánchez Pizjuan. Já com a permanência garantida, restou aos verderones atrapalhar os planos do rival, que ainda briga por Liga Europa. O triunfo foi extremamente merecido e evidenciou novamente a temporada insossa dos nervionenses. Enquanto o Bétis apostou no trabalho em equipe, o Sevilla só apareceu em jogadas de Jesus Navas pela direita ou em chutes esporádicos de Negredo, que foi do céu ao inferno. Às vésperas da Eurocopa, o atacante marcou novamente, mas foi expulso no segundo tempo por falta desnecessária e infantil em Nelson. No lado verdiblanco, todas as menções vão a Beñat. O Rei de Faltas da Espanha fez mais uma vítima. Duas magníficas cobranças venceram o segundo melhor goleiro do campeonato, Javi Varas. E, de uma hora para outra, o Bétis pode terminar à frente do rival estadual na tabela.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Incontestável

 Campeão: o Real Madrid quebra a sequência de títulos do Barcelona e se sagra campeão espanhol pela 32ª vez em sua história (getty images)

O Real Madrid garantiu nesta quarta-feira seu 32º título espanhol, o primeiro sob o comando de José Mourinho. A vitória maiúscula contra o Athletic Bilbao deixa os merengues com sete pontos de vantagem sobre o Barcelona, exatamente o necessário para a festa. O palco em Cibeles já está montado: a comemoração do título acontecerá amanhã às 19h local. O português chegou a uma marca histórica: o segundo treinador da história do futebol europeu a conquistar pelo menos uma liga em quatro países diferentes. Com o título de hoje, Mourinho adiciona ao seu vasto e vitorioso currículo sua sétima liga nacional.

Com duas rodadas de antecedência, o Real Madrid volta a levar a Liga BBVA, quebrando a sequência de três títulos do Barcelona. A taça consolida o domínio perante o rival azulgrená: são onze campeonatos a mais que os barcelonistas. Agora, cada clube possui 77 títulos em seus palmarés. O blog fala da contribuição de cada jogador para a campanha vitoriosa e mostra quem foram os destaques:

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Cristiano Ronaldo - 36 jogos - 44 gols
Melhor jogador indiscutível da equipe e, ao lado de Messi, do campeonato. Quebrou sua melhor marca de gols na Espanha, mostrou personalidade e atitude nos momentos mais delicados, problemas nos quais sempre era criticado, e decidiu um superclássico no Camp Nou, conquistando definitivamente o respeito da torcida. Cada vez mais maduro, melhor futebolista, menos individualista e, sobretudo, mais frio na hora de tomar as decisões. Um craque.

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Iker Casillas - 36 jogos - 30 gols sofridos
Não foi uma temporada impecável do capitão, até porque o Real Madrid não sofreu à exaustão como em temporadas anteriores. Porém, quando precisava, lá estava Casillas. A defesa num chute de Xavi poderia mudar o rumo do superclássico que decidiu a Liga. É o melhor goleiro do mundo.

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Sergio Ramos - 33 jogos - 3 gols
Mourinho tirou Sergio Ramos da lateral direita e o devolveu à zaga, onde começou na base do Sevilla. Comparado a Hierro, se consolidou. Mostrou segurança, obediência tática e um físico impressionante. É unanimidade que essa foi sua melhor temporada desde que chegou a Chamartín.

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Pepe - 28 jogos - 1 gol
A evolução de Pepe com José Mourinho foi ratificada. Sensacional a temporada do luso-brasileiro, tantas vezes criticadas. Esteve menos explosivo, apesar da pisada desnecessária em Messi no confronto da Copa do Rei, e mais confiante. Rápido e eficaz no jogo aéreo, é xodó de Mourinho, que confirmou que, enquanto treinar o Real Madrid, o clube não irá se desfazer do zagueiro. Sua atuação no superclássico foi um divisor d'águas na carreira do alagoano.

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Karim Benzema - 32 jogos - 20 gols
Temporada de consagração do francês. Classudo, frio e decisivo. Ágil, inteligente e homem-gol, conseguiu um número destácavel de gols na temporada (são 33, por ora) mesmo atuando ao lado de Cristiano Ronaldo. O gol à Van Basten marcado em Pamplona ante o Osasuna foi eleito o mais bonito da temporada espanhola.

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Xabi Alonso - 34 jogos - 1 gol
Maestro. Não há outra característica que define Xabi Alonso. O volante é tratado como especial por Mourinho: é o único jogador do elenco com capacidade de criar o jogo e associar ao rigor defensivo. Imprenscidível para o treinador português, é dele que nasce a maioria dos contra-ataques merengues.

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Mesut Özil - 34 jogos - 1 gol
A qualidade de sua canhota é um tesouro para o futuro do Real Madrid. O arquiteto merengue teve uma nítida progressão em seu futebol a partir de 2012. Aproveitou a lesão de Di María, ganhou mais confiança e não saiu mais da equipe titular. Responsável pela assistência da temporada, é, depois de Casillas, o jogador mais idolatrado pela torcida blanca.

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Marcelo - 30 jogos - 3 gols
Uma das chaves dos êxitos madrilenhos. Oferece alternativa ao início das jogadas - sempre limitada a Xabi Alonso - e é um sócio perfeito para Cristiano Ronaldo no flanco esquerdo. Ousado, melhorou notoriamente suas prestações defensivas. Caiu de nível na reta final de temporada, mas tem créditos. É um excelente jogador.

Ángel Di María - 21 jogos - 5 gols
Até se lesionar, era o melhor jogador da equipe. Agressivo, vertical, desequilibrante, é ameaça constante para o sistema defensivo adversário. Caiu substancialmente de produção após a segunda lesão, em janeiro, mas não viu em Callejón e Kaká um substituto à altura. Peça-chave no futuro merengue se o estado físico permitir.

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Gonzalo Higuaín - 33 jogos - 22 gols
Apesar de não ter sido titular, possui mais gols até que Benzema na Liga Espanhola. Garantia de gol, é um substituto à altura do francês e concede ao Bernabéu virtudes que os aficionados sempre valorizaram: agressividade, amor à camisa e caráter competitivo. Deve estar de saída para o PSG, mas vai pela porta da frente. Reserva de luxo.

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José Maria Callejón - 24 jogos - 5 gols
Espécie de 12º jogador e trunfo de Mourinho, chegou a ser titular em períodos de dezembro e novembro devido à má fase de Özil e a irregularidade de Kaká. Única contratação de 2011/2012 que merece nota destacável, o canterano mostrou serviço sempre que utilizado e atitude. Irá permanecer para a próxima temporada, pois tem a confiança de Mourinho.

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Sami Khedira - 27 jogos - 2 gols
Primeira opção para acompanhar Xabi na volância, é esforçado, apesar de limitado tecnicamente. Bom recuperador de bola, mostrou na temporada uma maior ofensividade nas jogadas de ataque. Marcou no Camp Nou naquele que talvez foi seu melhor momento desde que foi contratado.

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Kaká - 26 jogos - 5 gols
Irregular durante toda a temporada, ganhou mais oportunidades do que em outros momentos com Mourinho. Seu ciclo em Madrid chegou ao fim e deverá ser apagado da memória do brasileiro. Chegou como esperança e saiu como terceira opção para Mourinho. Teve momentos bons, com lampejos do Kaká melhor do mundo, mas deixou - e muito - a desejar.

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Fábio Coentrão - 19 jogos 
Opção A na Champions; revezamento com Marcelo na Liga. Suas atuações em âmbito europeu não foram das melhores, mas ganhou pontos devido ao objetivo cumprido no Camp Nou: teve atuação sobressaliente três dias após ser duramente criticado por imprensa e torcedores pela desastrosa partida em Munique. Anulou Daniel Alves.

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Esteban Granero - 16 jogos
É reserva, mas sempre que utilizado mostrou serviço. Dá um dinamismo diferente ao meio-campo quando utilizado mais recuado, ao lado de Xabi. Sabe prender a bola e a hora de tocar. Crucial contra adversários com proposta de jogo defensiva. Por pouco não saiu no inverno, mas foi garantido por Mourinho. Seu futuro é uma incógnita.

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Álvaro Arbeloa - 25 jogos
Se recuperou na reta final, mas deixou a desejar em vários momentos. A busca da diretoria merengue por um lateral tem justificativa: Arbeloa não é os dos mais confiáveis. É provável que não seja titular em 2012/2013

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Raphael Varane - 8 jogos - 1 gol
O futuro merengue na zaga passa pelo francês. Está aqui devido a pouca participação, mas mostrou ter futebol. Com 18 anos, não se assustou com a pressão de jogar num dos maiores clubes do mundo. Veloz, obediente taticamente, bom no jogo aéreo, marcou um belo gol contra o Rayo Vallecano, no primeiro turno.

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Lassana Diarra - 17 jogos
Um dos homens de defesa de Mourinho, teve melhor rendimento na lateral direita do que na volância, onde não ajuda nem na criação nem na marcação. Esteve fora em todos os jogos da reta final de temporada e dificilmente permanece no clube para a próxima temporada.

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Ricardo Carvalho - 7 jogos
Só jogou até novembro. Depois, se lesionou e sumiu. Nota 8,0 em 2010/2011, mas, dessa vez, não conseguiu jogar por conta das lesões. Não irá permanecer na capital.

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Nuri Sahin - 3 jogos
A grande decepção da temporada. Não pelo o que jogou, e sim pelo o que não jogou. Pouco utilizado por Mourinho, foi castigado pelas lesões. Chegou com pompa até de titular, mas ficou nas expectativas Mostrou trabalho quando utilizado na LC contra o Apoel, mas muito pouco. Deve retornar ao Borussia Dortmund.

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Raúl Albiol - 3 jogos
Aos 26 anos, perdeu espaço para zagueiros e laterais mais jovens

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José Mourinho
Novamente preciso, o técnico português sempre tomou as decisões certas nos momentos importantes. Merece inteiramente sua primeira Liga Espanhola. Montou uma equipe forte fisicamente, letal no contra-ataque e goleadora. São 112 gols na Liga Espanhola, maior marca da história do futebol espanhol. Conseguiu quebrar a hegemonia blaugrana e fica em Chamartín para a missão mais ambiciosa de Florentino: dar uma Champions League ao Real Madrid.