quarta-feira, 28 de março de 2012

Parado

Messi e Ibrahimovic passaram em branco e pouco apareceram no empate em Milão. Decisão fica para o Camp Nou (getty images)

Cercado de expectativas, o duelo entre Milan e Barcelona não chegou a cumprir as promessas de uma grande partida. Quem aguardava um jogo cheio de emoções, igual o da fase de grupos, teve de se contentar com uma partida em que pouquíssimas chances claras de gol aconteceram, para ambos os lados. A decisão fica para o jogo no Camp Nou, na terça que vem: qualquer empate com gols dá a classificação ao Milan, enquanto se o zero não sair do marcador leva a partida à prorrogação.

O Barcelona teve 62% da posse de bola, mas apenas três chances reais de gols. No jogo de ida das quartas-de-finais da Champions League, os azulgrenás tiveram a bola durante os 90 minutos, mas o insuficiente para bater a meta defendida pelo italiano Abbiati, ex-Atlético de Madrid. No 0x0 no San Siro, todos os elogios vão para a equipe de Milão. Massimiliano Allegri mandou a campo sua equipe no 4-3-1-2. Quando atacado, Boateng, que jogava no auxílio a Ibrahimovic e Robinho, na posição de trequartista, voltava para fechar a linha de três formada por Seedorf, Nocerino e Ambrosini. Os azulgrenás não conseguiam criar jogadas tão incisivas, já que o Milan fechava os espaços. Se, nas jogadas ofensivas, os rossonero mostram ser totalmente dependentes de Ibrahimovic, na parte tática a equipe é muito encaixada. A aplicação tática da equipe de Milão é louvável e digna de elogios.

A escalação inicial que Guardiola mandou a campo revela um ponto importante: mesmo tendo um plantel extremamente superior, o treinador teve respeito pelo atual campeão italiano. Abdicou de Fàbregas para colocar Keita, a fim de ganhar mais força na marcação. A preocupação quanto às jogadas aéreas também ficou clara com a presença do malinês, bom pelo alto. Mas soa como inexplicável a não entrada de Cesc à medida que os minutos passavam e o Barça controlava mais o jogo. Ao substituir Iniesta, Pep optou por Tello, jogador da base, que nem ficha na equipe A tem, ao invés do meio-campista. A imprensa catalã ainda não comentou nada sobre uma possível lesão ou algo como uma possível intriga nos bastidores. Inicialmente - e continua sendo -, a presença de Fàbregas os noventa minutos no banco de reservas tem a ver como uma opção técnica de Guardiola. De fato, o rendimento de Cesc tem sido baixo em relação ao seu início no Barcelona nos últimos jogos. Contudo, em determinado momentos do jogo sua presença seria fundamental: Xavi, Iniesta, Messi e Alexis Sánchez pouco chutaram a gol, um dos melhores atributos do camisa 4.

Em termos de ataque, Messi e Xavi foram os mais lúcidos, mas aquém do que podem fazer. Jogando às costas dos volantes, Messi não teve paz: quando dominava a pelota, Ambrosini e até Nesta saía de seu posicionamente original para tentar desarmá-lo. Caindo mais pela direita na primeira etapa, levou perigo à meta de Abbiati nos primeiros 15 minutos. Embora não estivesse em uma boa noite, suas arrancadas levaram os aficionados rossoneros a calafrios. Segundo Paulo Andrade, narrador dos canais Espn que transmitiu o jogo in loco, a cada drible de Messi próximo da área era possível perceber a expressão de nervosismo vindo dos torcedores. Os erros de La Pulga eram comemorados como gol.

Outra evidência clara é a temporada abaixo da média de Iniesta. Muito preso à esquerda, tem produzido pouco. As deveras lesões ao longo de 2011/2012 limita seu futebol, mas o fato é que também tem a ver com a parte tática. Mais adiantado à última linha, não aparece muito na fluência de jogo - que sobrecarrega mais Xavi. Hoje, quem jogou à Iniesta, mas com as atenções voltadas mais a parte defensiva, foi Keita. Nos outros jogos, Fàbregas, com quem reveza posição com El Albino, e Thiago Alcântara foram titulares por ali.

Por um lado, a linha defensiva não deixou a desejar. Mascherano e Puyol fizeram partidas seguras e foram importante na marcação a Ibrahimovic, que passou nulo. O argentino, aliás, foi o responsável direto pela marcação de Robinho, que também fez uma partida muito ruim. Na única chance real que teve, logo no início do jogo, o brasileiro desperdiçou frente a frente com Valdés. Piqué merece comentário à parte. Ainda não é o zagueiro da temporada passada, que foi eleito o melhor do mundo, mas parece disposto a voltar a ser. Hoje, mostrou atenção nas jogadas aéreas, foi soberbo na marcação a Ibrahimovic e voltou a aparecer em algumas jogadas ofensivas: em determinado momento do jogo, deu uma arrancada e tocou para Xavi tabelar com Alexis Sánchez e quase marcar.

Se Guardiola lamentou o empate sem gols e retornou a afirmar que o jogo no Camp Nou será terrível, ao menos a partida teve um gosto especial a Puyol. O capitão chegou a 549 jogos oficiais com o uniforme azulgrená e igualou Migueli como segundo jogador que mais entrou em campo pelo clube da Catalunha, sendo superado apenas por Xavi (617). A bandeira blaugrana estreou em 1999 contra o Valladolid. Van Gaal, treinador à época, o derreteu de elogios e resolveu mandá-lo a campo. Enquanto isso, as expectativas já se renovam para o jogo de volta entre as duas equipes. A eliminatória está aberta e a vida dos atuais campeões da competição não está fácil.

Já o Real Madrid...
... colocou um pé e meio na semifinal. Para ser justo, os merengues já estavam virtualmente na semifinal desde quando o sorteio definiu que o seu adversário seria o APOEL. José Mourinho inovou na escalação: iniciou o jogo com Sahin no lugar do ausente Xabi Alonso, suspenso. O turco não deixou a desejar: no primeiro tempo insonso do Real Madrid, foi dele as duas enfiadas de bola para Cristiano Ronaldo levar perigo ao gol do Apoel e o toque para o gol incrivelmente perdido por Benzema. Autor de dois gols, o francês faz sua melhor temporada na capital: são 28 gols e 13 assistências, números de atacante top.

Kaká merece menção honrosa. O brasileiro entrou quando o jogo parecia encaminhado ao empate sem gols e deu dinamismo às jogadas blancas. Marcou um gol e deu uma assistência preciosa para outro tento. Com o Bayern vencendo o Olympique de Marseille na França por 2x0, a probabilidade de Bayern de Munich x Real Madrid nas oitavas são enormes. Portanto, vem aí Robben, Real Madrid. O ex-merengue, que saiu chutado de Chamartín, deve estar sedento por vingança e disposto a deixar o Madrid fora da tão sonhada final.

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