quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O cartão da discórdia


O Barcelona venceu o Rayo Vallecano por 4 a 0 em jogo antecipado da décima-sétima rodada devido à disputa do Mundial de Clubes. Alexis Sánchez fez sua melhor partida desde que chegou à Catalunha; Villa voltou a se reencontrar com as redes; Messi retornou à artilharia. Tudo isso poderia ser destaque a não ser uma polêmica envolvendo Gerard Piqué. O jogador teria forçado o cartão amarelo para chegar "limpo" no superclássico de duas semanas e, assim, quebrado uma regra da RFEF. O defensor atrasou a reposição de bola e foi advertido pelo árbitro Mateu Lahoz.

Piqué cumprirá a suspensão automática no próximo final de semana, quando os catalães enfrentam o Levante. No entanto, segundo o novo código disciplinar da federação espanhola, todo jogador que demonstrar intenção deliberada em receber o cartão será punido com mais um jogo de gancho, o que impediria a escalação do zagueiro contra os merengues. Segundo o artigo 112 do código disciplinar, “todo jogador, que durante o curso de um jogo, provocar o quinto cartão poderá ser sancionado com um jogo extra de suspensão e ser multado em 600 euros. Na determinação da intenção do jogador, as circunstâncias serão tomadas em conta, bem como a natureza do jogo e a atitude do atleta durante a partida”.

Entre as evidências que podem levar a punição do jogador está a súmula da partida, relatada pelo árbitro Perez Lasa: “No 83º minuto, o jogador (3) Gerard Piqué foi punido por atrasar o recomeço do jogo por seu time na intenção de gastar o tempo”. Questionado pela polêmica logo após a partida, Guardiola foi claro: "Três minutos depois, Valdés, que, ao menos que se lesione, jogará de qualquer forma no Bernabéu, repetiu a mesma jogada e foi amarelado", comparou o treinador, querendo deixar claro que mesmo aqueles que não estavam pendurados poderiam repetir a jogada de Piqué, como aconteceu com Valdés.

Em Madrid, como não poderia deixar de ser, já há quem queria de qualquer maneira a suspensão de Piqué. Há uma temporada, vale lembrar, Xabi Alonso e Sergio Ramos forçaram a expulsão numa partida contra o Ajax, pela Champions, para poder chegar limpo nas oitavas-de-finais e foram julgados e tidos como "culpados". Desde que entrou em vigor, a nova regra só foi aplicada uma vez, em uma partida correpondeste à terceira divisão do campeonato regional do País Basco.

Atualização: sexta-feira (02/12), às 20:09.
Piqué poderá jogar o superclássico. A RFEF não considerou que Piqué queria ganhar tempo, já que restava quatro minutos para o fim do jogo e o placar era considerável para o Barcelona (4 a 0). Guardiola declarou que Piqué não sabia sobre a regra e que, a partir de hoje, para evitar polêmicas, "já sabe e não fará mais algo semelhante a esse".

terça-feira, 29 de novembro de 2011

14ª rodada: A primeira fuga

Messi se lamenta: gol anulado e bola na trave no último minuto deixaram o Barcelona a seis pontos do Real Madrid (reuters)

Real Madrid 4x1 Atlético de Madrid
Ao mostrar uma ampla prova de inexperiência e cometer um pênalti absurdo em Benzema, sendo expulso, o colchonero Courtois jogou por água abaixo o esquema promissor de Gregório Manzano de tentar para o Real Madrid. Antes disso, o Atlético de Madrid congestionava o meio-campo blanco, não deixando Xabi Alonso e Özil saírem para criar, e consequentemente apagava o futebol de Benzema, que não recebia nenhuma bola na frente. Adrián havia aberto o placar após boa tabela com Diego e os rojiblancos nunca estiveram tão pertos de vencerem um dérbi nos últimos anos. Bastou um vacilo de Paulo Assunção, que não acompanhou Di María, e o argentino colocou Benzema na cara do gol e o francês sofreu um pênalti do belga, que foi expulso. Manzano, sem escolhas, acabou por tirar Diego, que fazia a bola girar e ajudava a sufocar Xabi Alonso, para colocar Asenjo e, assim, perdeu o dérbi. O Real Madrid, a partir daí, passeou, Cristiano Ronaldo e Özil acordaram, Xabi Alonso passou a ficar mais livre e o resultado foi uma goleada por quatro a um. A marca extremamente negativa do Atlético de Madrid no dérbi da capital segue: há doze anos, os aficionados colchoneros não sabe o que é vencer um jogo contra o maior rival.

Getafe 1x0 Barcelona
Quem diria que, três dias após bater o campeão italiano, Milan, em seus domínios, o Barcelona perderia a invencibilidade na temporada logo para um dos ameaçados de rebaixamento? Insonsso, os blaugranas fizeram um jogo sofrível e sofreram o castigo no gol de Valera, que deu a vitória a uma equipe que teve uma aplicação tática louvável. A três jogos do superclássico, Guardiola vê sua equipe fazer mais uma partida terrível fora de casa. Luis García, treinador do Getafe, foi claro em suas palavras após o jogo: "essa vitória recompensou nossa brilhante partida", disse o treinador. Fato que os três pontos diante dos azulgrenás certamente será uma injeção de ânimo aos azulones, que, por ora, vê o abismo de longe.

Rayo Vallecano 1x2 Valencia
Os chés estariam de volta à disputa pelo título? A sete pontos do Real Madrid, é possível sonhar com um algo a mais nesta temporada. Em Vallecas, os anfitriões não deram chances ao Rayo. Unai Emery pode comemorar as boas atuações de Tino Costa. Desde que Banega se lesionou, o argentino marcou três vezes em quatro jogos, mostrando que Ever tem um substituto à altura. A zaga, que andava bastante sólida, voltou a cometer erros graves, o que permitiu, após falha de Dealbert, a Tamudo diminuir a partida nos minutos finais. Diego Alves, com duas belas defesas, evitou o empate franjiroyo e justificou a reserva de Guaita.

Málaga 2x1 Villarreal
Isco Román deu a volto por cima. Tratado com uma das maiores promessas do futebol espanhol, o meio-campista chegou ao Málaga no mercado de verão, mas andava opaco. O jogo que encerrou a rodada mostrou uma espécie de redenção do jogador, autor de um gol e melhor em campo. O canterano do Valencia mostrou personalidade ao pedir bolas e jogar por dois no meio-campo, pela partida ruim de Cazorla, que está em má fase. Após iniciar a Liga muito bem, o ex-Villarreal tem caído de produção e, contra sua ex-equipe, foi anulado por Oriol. A situação do Submarino Amarelo, por sua vez, começa a ficar tenso. Com 14 pontos, a equipe de Garrido está a dois da zona de rebaixamento. Liderados por um incrível Borja Valero, que vem atuando sozinho há algum tempo, os amarillos chegaram a empatar com Marco Rúben, mas sofreu pela inexperiência de um elenco que sofre com lesões.

Zaragoza 0x1 Sevilla
Ver um jogo do Sevilla no La Romareda contra o Zaragoza é certeza de Álvaro Negredo como protagonista, seja positivo ou negativo. Dessa vez, ao contrário de duas temporadas atrás, quando foi expulso e viu sua equipe ser goleada, o atacante ganhou destaque pela sua boa atuação e o gol da vitória sevillista, após converter pênalti sofrido por Perotti. Jogando num 4-1-4-1, o Sevilla fez 30 primeiros minutos intenso e teve oportunidades de sair com mais gols. Marcelo García Toral certamente deve estar satisfeito com a boa partida de Fazio e Spahic na zaga (os dois já foram muito bem contra o Barcelona). O Zaragoza, por sua vez, segue mal. Dominado, os maños carecem de ideia e criam pouco perigo. É uma ameaça séria de rebaixamento.

Athletic Bilbao 0x1 Granada
Quando o Athletic Bilbao começava a embalar sob o comando de Marcelo Bielsa, apareceu um Granada no meio do caminho e explodiu tudo. Os leones tentaram no segundo tempo inteiro, mas faltou um algo a mais, talvez a dinâmica vista nos últimos jogos. Faltou um plano B aos bascos, com Llorente ratificando a má fase e Muniain muito marcado. No Granada, destaque à seriedade defensiva. Iñigo López e Diakhaté lideraram os andaluzes, que não deram opções à remontada rojiblanca. Bielsa, após o jogo, destacou bem: "pecamos pela ansiedade e, principalmente, precipitação", esbravejou o argentino.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

A explosão de Muniain

Iker Muniain: de promessa a craque do Athletic Bilbao com apenas 18 anos (AP Photos)

Iker Muniain está com tudo. Há duas temporadas, já era uma promessa. Em 2009/2010, aos 16 anos, sete meses e onze dias, transformou-se no jogador mais jovem a debutar com o Athletic Bilbao, ao entrar no lugar de Toquero contra o Young Boys, pela Liga Europa. Uma semana depois, marcou seu primeiro gol, contra o mesmo Young Boys, se tornando o mais jovem jogador a marcar gol pelo Athletic, aos 16 anos, sete meses e 18 dias. Após isso, caiu nas graças dos aficionados, que o trataram como uma verdadeira joia.

A ascensão, anos antes, já era meteórica. Nas avaliações que fazia costumeiramente nas categorias de base, o técnico da equipe principal à época, Joaquin Caparrós, grudou o olho no menino. Rápido, dono de um bom passe e chute seco. Abusado. Do tipo que humilha os zagueiros. Caparrós pediu aos assistentes atenção redobrada com Muniain. Poucos meses depois, já era o melhor do time sub-17 com 14 anos. Compensava a falta de força física com os dribles e correria. As convocações para as seleções da Espanha só confirmavam o talento. Cada vez mais surpreendido, Caparrós o levou junto para a pré-temporada 2007/08. Mesmo não podendo escalá-lo na Liga, queria proporcionar um convívio entre os profissionais e acelerar o processo de amadurecimento.

Hoje, Muniain é um dos destaques da Liga BBVA e, com a queda de produção nítida de Llorente, tem sido o grande destaque do Athletic Bilbao. Vale destacar, sempre: com apenas 18 anos. Pela sua idade (completa 19 no próximo dia 19 de dezembro), El Mago, apelido cunhado pela torcida basca, era para ser apenas mais uma promessa no futebol espanhol. Meia verdade, de fato. Entretanto, pelo futebol impactante, alegre e, sobretudo, ousado mostrado neste início de temporada, Muniain já deixou de ser promessa para tornar-se realidade. Pelo menos em âmbito nacional. A explosão de Muniain, somada ao crescimento de produtividade de Bielsa no comando técnico basco, freada, entretanto, pela derrota para o Granada na rodada do final de semana, pode tirar o time do buraco. Nunca, no novo século, os leones entraram numa Liga com tanta condição de se classificar à Champions League.

Apesar do mau início, com dois empates e três derrotas nos cinco primeiros jogos, os rojiblancos têm se recuperado e conquistado pontos importantes a cada rodada. Há duas, contra o Sevilla, uma vitória essencial na Andaluzia contra um adversário direto pela principal competição do velho continente. No Pizjuán, Muniain deu mais uma prova de seu talento: enlouqueceu a defesa nervionense e, de fato, acabou com a partida. Foram duas assistências, para os gols de De Marcos e Iraola. Com 17 pontos e na oitava colocação, o Athletic tem nove a menos que o Levante, último da zona de classificação à Champions. Até o dia 15 de janeiro, enfrenta Mallorca, Racing Santander, Zaragoza e Getafe, até o dia do confronto contra o azulgrenás de Valencia, no San Mamés. Para Bielsa, é importante somar pelo menos 10 pontos nestes 15 disputados.

A tentação de outros clubes em Muniain começa a aparecer. A imprensa basca especulou que o Arsenal faria uma oferta ao clube da Catedral em janeiro. Segundo o Marca, o Real Madrid tem acompanhado alguns jovens com idade até sub-23, numa operação batizada de "Madrid, 2014", querendo seguir o exemplo de Sergio Ramos, que chegou ao clube merengue com 18 anos. Entre Götze, Wilshere, Hazard e Rafinha, Muniain foi eleito em uma votação do periódico em seu site na web o preferido da afición, com 37,4% dos votos. Torcedor do Athletic Bilbao desde a infância, a ascensão de Muniain vem em hora certa: é o tipo de jogar em quem o clube precisa apostar para superar suas limitações financeiras.

Vendê-lo? Só se ele quiser e daqui a um tempo, para fazer muito dinheiro (aposta do Real Madrid para 2014 foi vista com "bons olhos" pelos diretores). Enquanto isso, a linha de produção não para. Também prata da casa, Jonás Ramalho, de 17 anos, estreou nesta temporada e promete. Filho de um angolês com uma basca, Ramalho ficou marcado por ser o primeiro jogador da raça afro-descendente a atuar com o uniforme rojiblanco por uma competição oficial.

domingo, 27 de novembro de 2011

Ángel de Mourinho

Di María e sua comemoração tradicional: pelo menos neste início de temporada, El Angelito tem sido o melhor jogador do Real Madrid (getty images)

Cristiano Ronaldo continua sendo o grande goleador do Real Madrid. Com 16 gols, o gajo já é o artilheiro da Liga Espanhola, após marcar dois no dérbi de Madrid e Messi não marcar nenhum no tropeço do Barcelona contra o Getafe. Entretanto, engana-se quem acha que, ao contrário da temporada passada, o camisa sete é o melhor jogador do Real Madrid. Esse cargo, pelo menos no momento, é de Di María. O argentino vive fase excepcional na carreira, a ponto de virar peça-chave de Mourinho: o técnico de Setúbal comemorou sua alta publicamente e, mesmo estando fora dos gramados por um mês, o colocou como titular no dérbi vencido novamente pelos merengues.

Ainda que seja reconhecido negativamente pela fama de cai-cai, não se pode negar o talento do argentino. Seu poder de decisão começa a aparecer em jogos importantes para o Real Madrid. Na temporada passada, por exemplo, cruzou na medida a bola que permitiu a Cristiano Ronaldo dar o único título dos blancos em quatro anos. O camisa 22, que havia se lesionado contra o Osasuna, foi novidade da lista e surpreendeu ao ser escalado como titular. Bastou 62 minutos de Di María em campo para Mourinho e os aficionados verem que El Ángelito está de volta: deu o passe para o pênalti sofrido por Benzema, e convertido por Ronaldo, e marcou o gol da virada, que sentenciou os rojiblancos.

Di María é um adicional a uma equipe que joga num ritmo veloz, intenso e com toque de bola. Todas essas características fazem parte do jogo do argentino. Ontem, principalmente na primeira etapa, quando o Real Madrid encontrou-se "perdido", foi um dos poucos, senão o único, a revolucionar os ataques merengues com suas ações. Agudo, encara de frente a marcação adversária, sendo um jogador destacável por, devido à sua habilidade, quebrar retranca adversária. Na atual temporada, marcou apenas três gols, mas lidera o ranking de assistências, com sete passes para gols. Assim, chega afinco e tinindo para o superclássico de daqui a duas semanas, sendo uma das grandes esperanças da torcida.

Provocador, Di Magía, como tem sido apelidado pela imprensa espanhola, "chama" cartões ao adversário. No dérbi, provocou o cartão amarelo de Diego, que dominava o meio-campo blanco. Um cartão que custou a substituição do brasileiro, quando Manzano teve que mexer para colocar Asenjo, na ausência de Courtois, expulso pela inexperiência no lance com Benzema. Ao ser substituído, minutos após seu gol, foi ovacionado pelo Bernabéu. Saiu de campo com a língua para fora, abaixando o meião e com um enorme sorriso. Um sorriso de quem vive grande fase. Um sorriso de quem foi o protagonista da noita. Apertou as mãos de Mourinho, certamente orgulhoso, e sentou no banco de reservas com a sensação de dever cumprido. Di María trabalha em prol do grupo, dando assistências, fazendo gol e, também, ajudando sempre na marcação pelo lado direito. Di Magía é hoje, certamente, o melhor jogador do Real Madrid.

sábado, 26 de novembro de 2011

O dérbi de Mendes

Jorge Mendes e Cristiano Ronaldo. O dérbi de Madrid é o dérbi de Jorge Mendes, empresário que terá 10 de 22 jogadores seus em campo (UEFA)

Mais tarde, às 17h (brasília), Real Madrid e Atlético de Madrid entrarão no Santiago Bernabéu para fazer um dos dérbis da capital mais quentes dos últimos anos. Durante a semana, José Mourinho e Gregório Manzano, desafetos convictos, trocaram farpas e só colocaram mais panos quentes no jogo de hoje à tarde.

Entretanto, alheio às notícias referentes ao jogo, uma curiosidade marca a partida: o dérbi marca uma vitória de Jorge Mendes, empresário português que verá 10 de 22 jogadores seus em campo mais tarde. Além disso, Mendes ainda é o gerente de José Mourinho. Desde seu espaço privado no Santiago Bernabéu, Jorge Mendes certamente viverá o dérbi como Alejandro Sanz: com o coração partido.

No lado merengue, Mendes representa Pepe, Fabio Coentrão, Ricardo Carvalho, Di María e Cristiano Ronaldo, além de Mourinho. Pelo lado rojiblanco, Tiago, Pizzi, Falcão García, Sílvio Miranda. Sob as luzes do Bernabéu, Jorge Mendes irá compartilhar alguns de seus mais ilustres representados. Para começar, no banco de reservas, José Mourinho, o homem que se tornou sob a sua tutela o treinador de mais sucesso e mídia do mundo. O Special One.

Todavia, o melhor vem no gramado. Oito futebolistas empresariados pela empresa Gestifute sobre o terreno de jogo. Dos seus pupilos, três irão perder o jogo por lesão: os rojiblancos Sílvio e Falcão García não se recuperaram de lesão muscular e estão fora do jogo, assim como o madridista Ricardo Carvalho. No mais, todos os outros, ainda que alguns, como Di María e Pizzi, sintam desconfortos, estão à disposição de seus treinadores.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Polivalente

A polivalência de Fàbregas caiu como uma bênção para Guardiola (AP Photos)

Já classificados para a fase mata-mata da Uefa Champions League, Milan e Barcelona fizeram um jogo bastante agradável no San Siro, em Milão. A vitória por 3 a 2 garantiu a primeira colocação do grupo H ao Barcelona, que na última rodada recebe o Bate Borisov apenas para cumprir tabela. Além da vitória, outro ponto de destaque foi a formação inicial de Guardiola: um 3-4-3 marcado pela titularidade de Fàbregas como falso nove, ao lado de Messi e Villa, que por muitas vezes no jogo revezaram as posições.

Cesc não fez gol, mas teve uma atuação sobressaliente, provando que foi um grande acerto dos blaugranas no mercado. Hoje, Guardiola pode usá-lo em até quatro posições diferentes no campo. Fàbregas pode substituir Xavi, Iniesta, Messi e também um dos atacantes de lado de campo, como contra os rossoneris, com remanejamento do meio de campo. Faz sentido o esforço do Barcelona e a fortuna de quase 40 milhões de euros para repatriar o jogador. Paulo Calçade, comentarista dos canais Espn e simpatizante do clube catalão, fez um comentário bastante interessante sobre o camisa quatro. Fábregas é um símbolo do que Guardiola pretende para esta temporada: mobilidade e flexibilidade tática.

Outro ponto positivo de Fàbregas é a compatibilidade com Thiago Alcântara. Contra o Milan, foi a quinta vez que os dois começaram uma partida juntos, caindo por água abaixo os comentários de que os dois não dariam certos. A ascensão de Thiago Alcântara é notável mesmo com a chegada Cesc. O hispano-brasileiro tem mostrado personalidade e, substituindo Iniesta, não deixou a fluência da bola no meio-campo escapar. Se, para muitos, Thiago poderia sair dos eixos com a chegada de Fàbregas, Guardiola mostra que tem confiança no jogador, que, por sua vez, aparece como grande opção para desafios maiores.

O ponto negativo do 3-4-3 continua sendo a exposição da defesa. Embora Daniel Alves, talvez um dos que mais tenha não se adaptado ao esquema, não estivesse em campo contra os milaneses, a defesa continuou muito adiantada. A utilização de Puyol no lugar do brasileiro, contudo, acabou com o buraco enorme que ficava no lado direito da defesa quando o baiano jogava neste esquema. Contra o Milan, a defesa com Puyol, Macherano e Abidal, com Busquets saindo pra jogar e retornando pelo centro, perto de Keita, enfrentou um adversário com muita vontade de jogar. Precisando da vitória, a equipe de Alegri buscou o jogo ofensivo sempre, postura diametralmente oposto àquela vista pelo Barcelona nos confrontos contra a Inter, no mesmo estádio, há duas temporadas.

A obsessão de Guardiola pela posse de bola é uma das razões pela continuação do uso do esquema com três defensores. Na nova tática, os azulgrenás tomam por completo o meio-campo adversário. Apesar disso, o 3-4-3 não tem caindo nas graças dos torcedores, que, em uma votação promovida pelo site Mundo Deportivo, querem a volta do 4-3-3 clássico nos jogos de maiores dificuldades. Perguntado sobre um possível uso do esquema contra o Real Madrid, no superclássico do próximo dia 10, Guardiola deixou no ar: "ainda não perdemos jogando com três zagueiros, né? Até lá, muita água ainda vai rolar", disse o treinador.

Os dois lados da moeda
O Valencia cumpriu sua parte e venceu o Genk, no Mestalla, por 7 a 0. Soldado, com um hat-trick, chegou a seis gols e se juntou a Messi e Mário Gomez na artilharia da Champions. Contudo, Unai Emery certamente não contava com a vitória do Bayer Leverkusen contra o Chelsea na Alemanha, que praticamente classificou os alemães e deixou o jogo entre Chelsea e Valencia, na última rodada, em Londres, como decisivo. O treinador contava com uma vitória dos blues, que se classificariam e entrariam em campo contra o Valencia, provavelmente, mais "relaxados". Agora, é decisão. No Mestalla, deu empate por 1 a 1. No Stamford Brigde, o Valencia joga pelo empate. Quem passa?

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Ataque invejável

Higuaín e Benzema se abraçam: sociedade entre os dois no ataque madridista tem dado certo (AP Photos)

Na temporada passada, Cristiano Ronaldo polarizou os gols no Real Madrid. O português (53 gols) terminou a campanha com 23 gols a mais que o vice-artilheiro da equipe, Benzema (30). O francês só começou a vingar a partir de fevereiro, após a chegada de Adebayor. A lesão de Higuaín, que vinha seguindo de perto o gajo, condicionou o ataque merengue, que chegou a ter Cristiano Ronaldo atuando como falso nove, numa tentativa de Mourinho evitar a gastança no inverno. Na atual temporada, para felicidade de Mourinho, La Pipita e o francês têm feito bonito: os dois, juntos, já marcaram 24 gols (12 para cada) e seguem de perto Cristiano Ronaldo, que tem 18. O diferencial para o português estar à frente dos dois é que, no sistema de rotações imposto por Mourinho do meio para frente, ele não entra, jogando a maioria dos jogos.

Ontem, com a classificação à fase mata-mata da Champions League já garantida, e tendo um adversário de nível inferior pela frente (Dínamo Zagreb), Mourinho testou algo que já estava aguardado há tempos: Benzema e Higuaín juntos no ataque desde o início. Sem Cristiano Ronaldo, o técnico de Setubal foi a campo num inédito 4-4-2 (que já havia sido utilizado outras duas vezes). O resultado foi positivo: os blancos não deram chances ao rival, golearam por 6 a 2 e tanto Benzema quanto Higuaín deixaram suas marcas. O francês marcou duas vezes, enquanto Higuaín, que marcou uma vez, ficou com o prêmio de gol mais bonito da noite. A sociedade Benzema-Higuaín tem dado muito certo desde que passara a ser utilizada. Em 211 minutos juntos, já foram sete gols.

Mourinho tem à disposição uma artilharia pesada em plena forma. O tridente goleador do Madrid, formado por Benzema, Higuaín e Cristiano Ronaldo, é uma maquina de gols. Já são 42 gols em 19 partidas oficiais, o que representa o melhor trio ofensivo da Europa no momento. Aliás, vale lembrar, contra o Dínamo Zagreb os dois atuaram até o fim. A outra boa notícia que Mourinho recebeu foram as boas partidas de Özil e Callejón. O turco-alemão não andava muito bem e vivia de lampejos do Özil 2010/2011, um dos destaques da temporada. O grito, no quarto gol merengue, representou um desabafo. O espanhol, por sua vez, já havia sido o protagonista do jogo em Valencia mesmo sem ter sido ao menos utilizado nos noventa minutos: Mourinho subiu em suas costas no gol de Ronaldo, numa espécie de cavalinho.

A boa partida da dupla de ataque dá mais opções a Mourinho, que não é nada afeito a rodízios, mas se vê obrigado a mudar sempre, devido a qualidade de seu elenco. Com a lesão de Di María, que segue como dúvida para o superclássico, e a ainda inconstância de Özil, o português pode testar, em maiores desafios, o 4-4-2 utilizado contra o Dínamo, com Cristiano Ronaldo, Kaká, Higuaín e Benzema juntos. Na parte defensiva, Sergio Ramos e Pepe vêm formando uma defesa sólida, com Arbeloa fazendo partidas notáveis (ainda que seja o ponto fraco da equipe merengue) e Marcelo e Coentrão em ótima fase na lateral esquerda. Assim, Mourinho vai, a cada jogo, encontrado a equipe ideal para o confronto da temporada contra o Barcelona, no dia 10 de dezembro.

Vergonha espanhola
O Villarreal entrou na Allianz Arena eliminado, mas com chances de conseguir ao menos uma classificação à Liga Europa. O resultado, contudo, foi mais uma catastrófica derrota: 3 a 1 contra o poderoso Bayern de Munich, que aparece como opções a Real Madrid e Barcelona na briga pelo título. Com cinco derrotas em cinco jogos, o Villarreal vai fazendo uma campanha pior até que a do Atlético de Madrid há duas temporadas. Para piorar, o departamento médico amarillo recebeu mais um jogador para sua extensa lista. Com uma lesão muscular, Catalá será baixa por seis semanas. Páreo duro para o Submarino Amarelo, que recebe o Napoli na última rodada com a pretensão de somar ao menos um pontinho, e terminar a pior campanha de uma equipe espanhola em competições europeias nos últimos anos.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

13ª rodada: Ironias do destino

Diego comemora: o brasileiro ressuscita junto com o Atlético de Madrid, que obteve uma vitória importante ante o Levante (clubeatleticodemadrid.com)

Sevilla 1x2 Athletic Bilbao
18 anos depois, o Athletic Bilbao triunfou no Ramón Sánchez Pizjuan. O Athletic ganhou porque o seu treinador, Marcelo Bielsa, venceu o duelo ante Marcelino, treinador do Sevilla, desde o início. Buscou o ponto fraco anfitrião: o meio de campo débil, inconstante e desassistido, e foi por aí que atacou, que centralizou os seus esforços. Superpovoou essa medular para não dar alternativas aos sevillistas, que se mantiveram na partida até o gol do dois a um e que mostraram uma nula capacidade de reação. Bielsa ganhou a partida através da disposição da equipe, e Marcelino perdeu no seu manejar de peças e pela falta de recursos, desde as laterais. Nenhuma alteração tática, de homens e de posições deram outro rumo à partida. Nulos, todos os sevillistas acompanharam a superioridade basca até o fim do jogo. Isso é mais do que uma decepção. O Sevilla de hoje está em ruínas, se desmanchou feito espuma.

Marcelo Bielsa deu um autêntico nó tático em Marcelino, antes e durante a partida. Não só pela atitude de sua equipe de ir buscar a partida desde o minuto um, enquanto os sevillistas se mantinham à espera de algo indefinido. O que de início parecia uma estratégia defensiva do Athletic, com cinco defensores, prontamente se convertera em uma superioridade avassaladora no meio de campo. Aos quatro meio-campistas bascos, se somavam mais dois alas (Iraola e De Marcos) ante Fazio e Trochowski, pouco ou nada ajudados pelos seus atacantes e longe demais de seus pontas. Então, pouco poderiam fazer. O resultado prontamente deu razão ao Athletic, apesar do gol de Navas e do empate, o que não foi justo de acordo com o que estava sendo visto em campo. Esse gol, que poderia ter sido o motivador sevillista, serviu foi para analgésico. Nem Marcelino e nem os jogadores entendiam o que acontecia, o porquê do domínio, controle de bola e o porquê da superioridade basca.

Atlético de Madrid 3x2 Levante
A uma semana do dérbi da capital, o Atlético de Madrid ressuscitou. A vitória importante contra o Levante deu uma injeção de ânimo aos rojiblancos, que vão com tudo para encarar o Real Madrid no Bernabéu. Reyes, relegado ao banco de reservas para a entrada de Salvio, mostrou por que tem que ser o titular da posição: revolucionou as jogadas ofensivas atleticanas e mudou a cara do jogo. Outro nome que apareceu após muito tempo foi Diego. O brasileiro, que andava sumido, marcou o gol que sentenciou a partida e deu uma aula de maestria no meio-campo. A defesa, entretanto, voltou a falhar. A vitória aconteceu, mas os colchoneros voltaram a deixar mostras de debilidade defensiva. Mesmo sem pouco atacar, o Levante marcou dois. Imagina contra o poderoso ataque do Real Madrid, que tem como principal trunfo o contra-ataque?

Granada 2x1 Mallorca (jogo suspenso)
Quis o destino que, no dia em que a direita espanhola obteve a maior vitória eleitoral pós-Franco, com a vitória absoluta de Mariano Ranjoy, do PP, sobre Zapatero, a violência marcasse a rodada da Liga BBVA. O jogo entre Granada e Mallorca, interrompido aos 18 minutos do segundo tempo com uma vitória momentânea dos andaluzes por 2 a 1, foi suspensa por uma ataque de um aficionado granadense, que jogou um guarda-chuva no bandeirinha. A polícia local foi rápida e logo pegou o "torcedor", que foi retirado do estádio e levado a uma delegacia. Quique Pina, presidente do Granada, informou após o jogo que o responsável pelo acidente é menor de idade (15 anos), que foi levado a uma clínica de reabilitação no fim da noite. O imprevisto aconteceu logo após o gol da virada rojiblanca, marcada por Martins, que homenageou seu filho, com uma doença grave. A RFEF informou hoje que o reinício da partida será jogado com portas fechadas, mas ainda sem uma data definida. A competição multou o Granada em 6 milhões de euros.

domingo, 20 de novembro de 2011

13ª rodada: Show de gols

Todos em cima de Teixera Vitienes: o árbitro não assinalou um pênalti claro de Higuaín e deixou os valencianistas indignados (getty images)

Após uma semana de pausa devido aos jogos da Data Fifa, o Campeonato Espanhol voltou com tudo. Nos três jogos que abriram a rodada, à exceção de Villarreal 1 a 0 Bétis, que marcou a recuperação dos amarillos, a tônica foram os gols. No Camp Nou, o Barcelona, que costuma passar sempre por apuros após Data Fifa, mandou a zica para longe e goleou sem problemas o Zaragoza por 4 a 0. No principal jogo da noite, equilíbrio e polêmica foram as palavras-chaves. Num Mestalla lotado, o Real Madrid derrotou o Valencia por 3 a 2, mas um possível pênalti não marcado a favor dos chés aos 47 minutos do segundo tempo foi o principal assunto do fim de semana futebolístico na Espanha. Confira, abaixo, o resumo dos três jogos de sábado.

Valencia 2x3 Real Madrid
Num campo onde o Barcelona deixou dois pontos, o Real Madrid foi fatal e deixou para trás qualquer chance de desperdício de pontos. A comemoração de Mourinho no gol de Cristiano Ronaldo só mostra o quã importante foi a vitória merengue. Sem Kaká e Di María, Mourinho resolveu se preservar: atuando num 4-3-2-1 vistos na temporada passada somente na maratona de jogos contra o Barcelona, o técnico português, que havia acenado com a possibilidade de titularidade de Callejón na linha de três ofensiva, optou por Lass Diarra ao lado de Xabi Alonso e Khedira, para ganhar o combate contra o meio-campo ché. Ainda que Soldado fizesse a lei do ex evaporar ao marcar um doblete, Mourinho ficou extremamente satisfeito ao conseguir seu objetivo: não deixou o meio-campo valencianista ficar com a bola e construir jogadas.

O pós-jogo ficou marcado por polêmicas. O Valencia ainda não engoliu o pênalti não marcado por Teixera Vitienes e um vídeo capturado pela La Sexta mostra muito bem Higuaín colocando propositadalmente a mão na bola, evitando o que seria o gol de empate ché. Os jogadores também ficaram indignados pela comemoração provocativa de Mourinho no gol de Sergio Ramos, e Alba e Albelda chegaram a discutir com o gajo. Mathieu, por sua vez, foi claro: "Mourinho não respeitou o Valencia". Unai Emery, contudo, não deu uma opinião mais claro sobre o assunto. "Eu não posso dizer nada a respeito, pois discuti com Xabi Alonso", disse o treinador. A vitória no Mestalla marcou um registro histórico para o técnico de Setubal: chegou a 11 vitórias consecutivas, seu melhor registro na carreira, e igualou a melhor sequência de vitórias de Guardiola no Barcelona. O próximo desafio será duro: no Bernabéu, os merengues farão o dérbi da capital contra o Atlético de Madrid.

Barcelona 4x0 Zaragoza
Dificuldades após a Data Fifa, saia de mim. Com Piqué e Puyol juntos novamente na zaga, o Barcelona não passou por dificuldades contra o Zaragoza e ganhou moral para a visita que fará a Milão para o jogo decisivo contra o Milan, no meio da semana, decidindo o primeiro lugar do grupo H da Liga dos Campeões da Uefa. Messi e Fàbregas voltaram a se entender: o meio-campista fez boa jogada e tocou para La Pulga concluir e chegar ao décimo-quinto gol na competição. A curiosidade por conta da partida ficou pelo fato de Piqué, Fàbregas e Messi iniciarem uma partida juntos pela primeira vez desde a divisão de base. Os três, que representam a geração 88' dos blaugranas, ainda não haviam começado uma partida desde que Cesc retornou à Catalunha.

A outra boa notícia que Guardiola poderia receber na partida foi o gol de Villa, que começou no banco. El Guaje revelou após a partida que Pep havia dito, minutos antes de colocá-lo em campo, que ele iria entrar para marcar. Dito e feito: após jogada de Cuenca, que começou como titular novamente, o camisa sete testou firme às redes de Roberto. Na comemoração, o primeiro abraço foi de Messi, acabando com as dúvidas que os dois andavam brigados. Os azulgrenás seguem imparável em casa: já foram 30 gols pró e nenhum recebido. Os maños, por sua vez, voltaram à má fase que o assolou no início da Liga. Após ganhar algumas gordurinhas, o Zaragoza voltou a cair de produção, retornando à zona de rebaixamento.

Villarreal 1x0 Bétis
O contra-ataque nunca foi uma característica do Villarreal. Mas foi essa jogada, concluida por Borja Valero, que decidiu a vitória contra o Bétis, que em um pesadelo sem fim. Após sentir o gostinho da liderança, o momento dos andaluzes é preocupante. A oito rodadas sem marcar (472 minutos), a equipe de Pepe Mel já vê a zona de rebaixamento perto. No lado amarillo, a vitória deu uma moral a mais para Garrido, que segue no 4-2-3-1 sem seus principais atacantes, Rossi e Nilmar. Quem vem carregando a responsabilidade é Borja Valero, que decidiu novamente a favor do Villarreal. Agora, os comandados de Garrido irão até Munich para enfrentar o poderoso Bayern com uma pretensão: ganhar e continuar vivo na esperança de jogar a Liga Europa. A obrigação do Submarino Amarelo é pontuar seis vezes dos seis possíveis (Bayern e Napoli são os adversários) para continuar jogando uma competição europeia. Complicado, mas Garrido manteve um discurso otimista e com contornos de clichê: a esperança é a última que morre.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Vexame evitado

Ao empatar em 2 a 2 com a Costa Rica, a seleção espanhola encerrou o 2011 de futebol com uma sensação amarga. Nos jogos oficiais, válidos pelas Eliminatórias para a Eurocopa de 2012, a Espanha não decepcionou, a ponto de vencer todos os jogos. A interrogação ficou por conta do futebol de baixo nível mostrado nos amistosos, principalmente ante as seleções de grande porte. Em 2010, após o título da Copa, foram duas derrotas acachapantes, para Argentina (4-1) e Portugal (4-0). Em 2011, derrotas para Inglaterra e Itália, além de vitórias na base da raça diante de Colômbia e Chile.

Nada que abale o ânimo da Fúria, que segue favorita máxima para o bi-campeonato europeu, mas o olhos já devem serem abertos. Vicente Del Bosque testou várias alternativas, mas passa a impressão de que ainda não tem um plano A definitivo. A má fase de Fernando Torres ainda é um problema. O treinador não sabe se joga com um centroavante de ofício, como no empate contra a Costa Rica (vale destacar: Llorente jogou um tempo, e a Espanha, além de perder por 2-0, quase não levou perigo à meta costariquense), ou se escala David Silva e Cesc Fàbregas de falso nove, a fim de repetir a fórmula do sucesso de Guardiola no Barcelona (escalar Messi de falso nove).

Mas ao abdicar de um centroavante de ofício, Del Bosque cria um problemão. A Espanha precisa acelerar essa busca por um atacante que tenha como vocação buscar o gol. Dois nomes já estão no radar do treinador há um tempo: Negredo e Llorente. O primeiro não é bem um atacante de referência, mas tem produtividade boa pela seleção (cinco gols em sete jogos). O segundo pinta como bom nome, ainda que o técnico relute em dar mais espaço a ele.

Nesse cenário, fica difícil de justificar a ausência por mais tempo de Soldado. O atacante do Valencia fez apenas duas partidas pela Espanha, em 2007, quando defendia o Osasuna. Ele não é um primor de técnica, mas está em evolução e se destaca por finalizar e fazer bem o papel de pivô. Talvez não seja a solução, mas um teste se faz necessário. Independentemente do nome escolhido, a Espanha precisa pensar em uma renovação no ataque. Porque não adianta ter o melhor meio-campo do mundo, se ele não encontrar alguém para finalizar seu trabalho.

Na parte tática, predominou um 4-3-3 com um gosto de fracasso. O meio-campo, principal setor da Fúria, não emplacou com Busquets, Xabi Alonso e Xavi. Iniesta, quando joga adiantado à ponta esquerda, tem uma queda brutal em seu rendimento. O meio-campista já provou que, no meio-campo, em sua posição de origem, é capaz de decidir (vide o amistoso contra o Chile, em setembro). A mudança de tática apareceu somente uma vez, na derrota em Gênova para a Itália, em fevereiro. Voltou o 4-2-3-1 da Copa do Mundo, que, contra os italianos, teve Fernando Torres como referência. El Niño foi mal e deu lugar a Llorente ainda na primeira etapa.

O grande destaque da Espanha de 2011 foi sem dúvida David Silva, o que cria mais problemas para Vicente Del Bosque. O ex-Valencia criticou publicamente o treinador em meados de agosto, ao dizer que só não é titular porque não joga no Real Madrid ou Barcelona. Meia verdade, de fato. O madrilenho insistiu em jogadores desgastados e em má fase até a declaração de Silva. A cega insistência em Pedro ou Xabi Alonso em detrimento de Silva no banco não era plausível. Bastou Del Bosque tirar Pedro da equipe titular para colocar Silva que a Espanha fez suas duas melhores partidas no ano, contra República Tcheca (0-2) e Escócia (3-1). (Victor Mendes)

O jogo (Claudio Araujo)

David Villa marcou no minuto final e evitou um vexame maior contra a Costa Rica (getty images)

Em dia de falha do goleiro Casillas - que completou 127 jogos na seleção e se tornou o atleta que mais vezes a defendeu, ultrapassando o ex-arqueiro Zubizarreta -, a Espanha ficou no empate por 2 a 2 em amistoso com a Costa Rica, disputado em San Jose. Vindos de derrota por 1 a 0 para a Inglaterra, em Wembley, os campeões do mundo não se encontraram no primeiro tempo. Para piorar, Casillas se atrapalhou ao tentar um domínio com os pés e, aos 31 minutos de bola rolando, viu o meia Brenes empurrar para as redes e inaugurar o marcador. Antes do intervalo, Campbell ampliou para 2 a 0.

Na etapa final, a Fúria melhorou e foi em busca do empate. Villa foi quem mais apareceu em condições de finalizar, tentou de todos os jeitos, de bicicleta, de fora e de entro da área, mas não conseguia superar o goleiro Navas. Nos minutos finais, finalmente, a Espanha jogou com campeã do mundo. Aos 38 do segundo tempo, Iniesta cruzou para David Silva diminuir. Aos 45, Villa aproveitou cruzamento de Cazorla e cabeceou para empatar e evitar o segundo revés consecutivo.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Novo fracasso?

Abre o olho você, Gregorio Manzano! Atlético de Madrid começa temporada mal, se vê imerso em crise e já tem o nome do treinador ligado a uma possível demissão (getty images)

No início do ano, escrevi sobre os problemas da retaguarda do Atlético de Madrid, que afetava, à medida em que ia falhando, o desempenho da equipe treinada à época por Quique Sánchez Flores. Naquele período, o fracasso retumbante dos rojiblancos já era plausível: a equipe ocupava a sétima colocação da Liga Espanhola, acabara de ser eliminado da Copa del Rey pelo arquirrival Real Madrid e na Liga Europa, onde era o atual detentor do título, passou vergonha ao ser eliminado na fase de grupos, que tinha Aris, Bayer Leverkusen e Rosenborg. Ainda é cedo para prever o futuro dos colchoneros na atual temporada, mas, pelo que parece, o caminho é, novamente, o fracasso.

Os comandados de Gregorio Manzano pontuaram apenas 13 vezes em 36 pontos possíveis e estão na décima-primeira colocação. A sete posições da zona de Champions League, o Atléti tem dez pontos a menos que o Levante, último da zona da principal competição europeia. É essa a realidade do Atlético de Madrid após disputar doze rodadas do campeonato. Um saldo mais do que negativo para uma equipe que foi reformulada para ser a terceira força do futebol espanhol e que no mercado gastou 68 milhões de euros - equipe europeia que mais gastou no verão. O milionário e ambicioso projeto colchonero começa a ter contornos de desespero e crise. Em outubro, os rojiblancos capricharam: venceram apenas um de seis jogos (cinco na Liga e um na Liga Europa). A imagem de Gregorio Manzano tem sido bastante negativa. Um grupo de torcedores chegaram a cantar o nome de Luis Aragonés no jogo contra o Zaragoza, há duas semanas. O treinador campeão europeu com a seleção espanhola confirmou o desejo de treinar a equipe da capital, embora o presidente Enrique Cerezo já tenha afirmado que os rumores sobre um possível contato com o madrilenho não passa de especulações.

Quais seriam as causas para o novo fracasso atleticano? Excesso de rotações de Manzano? Falta de um líder? Forma física longe do ideal? Bem, todos os fatores supracitados acima são motivos da má temporada madrilenha, somada a mais alguns que serão citados ao longo do texto. A começar, o sistema de rotação que Gregorio Manzano implantou na equipe não tem feito muito bem. Para se ter uma noção, o técnico jienense não repetiu uma vez sequer a mesma formação nas doze rodadas da Liga BBVA. Portanto, falta uma base, um padrão de jogo, que é fundamental para uma equipe em formação como este Atlético de Madrid. Não bastasse, a cada jogo é um módulo tático diferente: começou no 4-3-3, passando pelo 4-4-2 a rombo, com Reyes na armação, até o 4-2-3-1 usado no último jogo antes da pausa para a Data Fifa.

A escassez de um líder dentro e fora de campo também tem feito falta. Desde a saída de Simão e Forlán, a faixa de capitão não para quieta. Na atual temporada, tem rodado com louvor: até o momento, cinco jogadores já a usaram (Álvaro Domínguez, Perea, Antonio López, Mario Súarez e Gabi). O time também segue cometendo erros graves na defesa, principalmente, e no centro do campo que estão castigando-os severamente. Falta contundência e tranquilidade na hora de resolver situações difíceis na zona defensiva e na saída de jogo. O contra-ataque, característica histórica da equipe rojiblanca, desapareceu por completo em 2011/2012. As transições, atualmente, têm sido bastante lenta, a ponto de não surpreender nenhuma defesa rival. Manzano ordena que seus jogadores do meio-campo optam pela cadenciação do jogo, ao invés do passe rápido. Os laterais pouco ajudam nas jogadas ofensivas.

Há muito pouco jogo coletivo no Atlético. Falcão García, por exemplo, tem sofrido com a falta de suporte ao seu estilo de jogo. El Tigre não é Agüero, que saia da área diversas vezes para construir jogadas. O colombiano necessita que a bola chegue ao seus pés para criar perigo. Mesmo tendo feito 9 gols em 14 jogos, o ex-Porto poderia ter aumentado esses seus números. Diego chegou sob expectativas de ser um maestro que há muito tempo não se via em Manzanares. Porém, Manzano tem escalado o brasileiro aberto pelo flanco, resultando na queda de seu futebol. A ligação meio-ataque está distante e, na tentativa de uma jogada individual, o resultado tem tornado-se praxe: perda da bola.

A desmotivação de jogadores-chaves tem sido um problema a mais para Manzano. O principal caso é o de Reyes. O camisa 10, jogador responsável por assumir a liderança da equipe, passou de um jogador especial para o treinador a um a mais. Hoje, Reyes não tem sua titularidade "garantida". Em todos os jogos que começou como titular, apenas em dois não foi substituido. O divórcio entre Manzano e Reyes está cada vez mais em evidencia, como comprovado no País Basco. Ao ser substituido no início do segundo tempo do jogo em San Mamés, o meio-campista ofendeu o treinador: "que troque sua puta madre", esbravejou. Reyes pediu desculpas publicamente ao treinador no dia seguinte, mas não escapou de ficar de fora da convocatória por três partidas consecutivas. Manzano negou qualquer tipo de problema com o jogador, mas como já diz o velho ditado: onde há fumaça, há fogo.

O elenco também passa por problemas físicos. Falta pegada e velocidade nas jogadas. Nas jogadas individuais, o desfavorecido sempre tem sido o rojiblanco. Nos últimos minutos de jogos a equipe está dividida em duas, dando sinais inequívocos de exaustão. As mudanças realizadas por Manzano ao longo das partidas não tem favorecido em nada e, inclusive, chegam a provocar efeito retardado. As substituições não tem conseguido reações, nem sequer revolucionam a partida. O psicológico nunca foi uma virtude do Atléti durante esses anos e nesta temporada já caiu por água abaixo.

A derrota acachapante sofrida para o Barcelona quando os rojiblancos viviam sua melhor fase na temporada foi o principal divisor d'águas do Atlético de Madrid de Manzano. Atualmente, a equipe sofre com as consequência da dura derrota no Camp Nou (5 a 0) e, desde aquele dia, as coisa têm ido de mal a pior. Àquela altura da temporada, os rojiblancos planejavam uma temporada com boas notícias e os aficionados já estavam ilusionados com a possibilidade de disputa de título. Mas a realidade transbordou no fatídico 24 de setembro, quando Messi deu mais um show e marcou três vezes. A confiança e a auto-estima sumiu na noite chuvosa do sábado de Barcelona.

domingo, 13 de novembro de 2011

Malditos amistosos

Espanha controlou o jogo contra a Inglaterra, mas faltou o gol. Se tem ido bem nos jogos oficiais, nos amistosos a Fúria vai mal (AS)

A Espanha voltou a falhar em um amistoso contra uma seleção de grande expressão após o título mundial em 2010. Em Londres, no Wembley, palco da decisão da Liga dos Campeões da Uefa 2010/2011 entre Manchester United e Barcelona, os espanhóis foram derrotados pelos donos da casa por 1 a 0, gol de Lampard no começo do segundo tempo. A notícia boa referente à partida ficou pela marca histórica alcançada por Casillas, que jogou apenas nos primeiros 45 minutos e igualou o número de jogos de Andoni Zubizarreta (126) com o uniforme rojo.

A escalação inicial de Vicente Del Bosque só ratificou a ideia de que o treinador quer copiar o estilo de jogo do Barcelona a todo custo. Jogando em um 4-3-3 que teve como maior surpresa a escalação de David Silva como falso nove, atuando à Messi, e um meio-campo formado, novamente, por Xabi Alonso, Busquets e Xavi, a seleção espanhola fez uma partida abaixo da média. A dupla Silva e Villa não foi opção de passe para o meio de campo controlador, pois Del Bosque insiste em Busquets e Xabi Alonso, dois volantes que jogam em linha, paralelos. Não se sente seguro para escalar Busquets, Xavi e Iniesta, como Guardiola, talvez único diferencial das duas equipes.

Preocupada com o bom toque de bola do adversário, a Inglaterra usou a defesa para vencer o jogo. E o fez bem, sobretudo no primeiro tempo, quando o goleiro Hart quase não trabalhou. O problema é que o meio-campo inglês foi pouco criativo, tornando raros os lances de perigo dos ingleses.O domínio territorial claro não valeu para a Espanha, dessa vez. Com a posse de bola na casa dos 77%, a Fúria teve a bola nos pés durante os noventa minutos, mas esbarrou no pequeno catenaccio montado pelo italiano Fabio Capello, treinador do English Team. Justamente com esse estilo de jogo que a Fúria foi derrotada pela Suiça na estreia do Mundial da África do sul e o Barcelona (base da seleção) foi eliminado pela Inter de Milão de José Mourinho na LC 2009/2010. Embora tenha perdido o jogo, a Espanha não sofreu muito com os avanços ingleses, que, vale destacar, pouco tenha acontecido, diante da proposta feita por Capello. Sergio Ramos, escalado como central ao lado de Piqué, voltou a ter uma atuação notável, aparecendo como boa opção para substituir Puyol, que passa por problemos musculares infinitos.

Jordi Alba, que havia ido bem contra a Escócia, ganhou novamente a confiança de Del Bosque na lateral esquerda. Vivendo boa fase no Valencia, o lateral, que nos últimos dias teve seu nome ligado a uma possível transferência ao Barcelona na próxima temporada, fez uma partida nota seis, não sendo muito incisivo nos ataques pelo seu setor, que teve Villa bem na frente. A atuação mediana do ché, no entanto, foi destacado pelo AS, que citou Alba como um lateral atrevido que ganha, a cada jogo, pontos com Vicente Del Bosque. Contra a Costa Rica, na terça-feira, o treinador afirmou que quem ganhará chances dessa vez será o malaguês Monreal. Villa, por sua vez, pecou muito nas finalizações, e chegou a perder um gol que, em seus tempos áureos, certamente não perderia.

Se não tem vencido os amistosos de dificuldade maior (perdeu para Argentina, Portugal, Itália e Inglaterra), ao menos a Fúria continua "invicta" em partidas oficiais no pós-copa. Mal orientado taticamente, faltou à Espanha um destinatário para o passe, o que certamente deve corrigir Del Bosque para os próximos duelos. "Faltou mais profundidade e êxito na conclusão", disse Xavi após a partida. Os caprichos na hora das finalizações, sobretudo de Fàbregas, que lamentou as suas chances desperdiçadas, foram fatais. A Inglaterra, que chegou sob dúvidas para o confronto, foi perfeito no que se propôs a fazer. Continua uma verdadeira incógnita para a Europa, mas o futebol simples, dedicado e curto para vencer a competição foi suficiente para ganhar dos espanhóis no momento.

domingo, 6 de novembro de 2011

12ª rodada: Quem manda aqui somos nós

O dono da cidade: Valencia vence dérbi local contra o Levante e ultrapassa os rivais na tabela, ficando a quatro pontos do líder Real Madrid. Brigará por título? (getty images)

Três jogos abriram a décima-segunda rodada da Liga BBVA. Entre eles, destaque para o dérbi valenciano mais importante dos últimos anos: Levante e Valencia entraram no Ciutat de Valencia pela primeira vez em um dérbi onde as duas equipes chegavam em posições favoráveis na tabela. O resultado final foi uma decepção para os torcedores granotas: o Levante foi derrotado em casa por 2 a 0 e deixou de vez as primeiras posições. O Valencia, por sua vez, chegou aos 24 pontos e, de praxe, ultrapassou os rivais locais, ganhando moral para o próximo desafio: a quatro pontos do Real Madrid, receberá na próxima rodada os merengues, querendo diminuir a diferença e se estabelecer na briga pelo título. Nos outros jogos, dois 0-0 insonssos entre Mallorca-Sevilla e Bétis-Málaga.

Levante 0x2 Valencia (Victor Mendes)
A cidade de Valencia tem um novo dono: o tradicional Valencia venceu o dérbi local e já está à frente na tabela dos ex-líderes do campeonato. A vitória foi motivo de zoação da Curva Nord, torcida organizada ché, que entoaram após o jogo que "Valencia é blanquinegra!". Em um dérbi quente, o Levante começou melhor e teve a oportunidade de abrir o placar cedo: após boa jogada de Barkero pela direita, Koné chutou de primeira para bela defesa de Guaita. À medida que o Valencia foi tomando conta da posse de bola, os chés começavam a criar mais oportunidades reais. E em uma enfiada de bola sensacional de Tino Costa para Jordi Alba, o lateral saiu na cara de Munúa, mas acabou travado por um desastrado Javi Venta, que marcou contra a própria porteira. Tino Costa ainda viria a aparecer positivamente na segunda etapa: o volante arriscou um chute de longe e Munúa aceitou, no gol que sentenciou o resultado.

O argentino, que inventou o um a zero e marcou o dois a zero, fez uma partida impecável e foi com justiças eleito o melhor em campo. Num período de vacas magras para os armadores do Valencia, com as lesões de Banega e Canales, o argentino substituiu à altura seu compatriota na volância e mostrou a Unai Emery que é uma excelente opção no período de baixa de Banega. Feghouli, substituto de Canales, voltou a fazer uma partida notável: escalado pelo flanco direito no 4-4-2 - tática que foi bastante elogiado pelos críticos espanhóis -, o francês mostrou o futebol que o consagrou no Grenoble e levou a Paterna. Um verdadeiro furacão para Juanfran, que não conseguiu pará-lo em nenhum momento.

Outro ponto destacável na partida ché foi a dupla de zaga formada por Rami e Víctor Ruíz, que vai esbanjando confiança. A atuação soberba da dupla é uma esperança de Unai Emery para parar o poderoso ataque do Real Madrid, próximo adversário do Valencia. Derrotado e, agora, na quarta colocação, o Levante perdeu também a invencibilidade em casa. Juan Ignácio Martínez colocou uma equipe bastante ofensiva, mas seu 4-2-3-1, inicialmente, foi a campo para fechar os espaços blanquinegros. Entretanto, como bem destacou Ballesteros após a partida, faltou aos azulgrenás mais agressividade. Nem de longe o Levante lembrou a equipe que vinha encantando nos jogos anteriores. Acuados, os granotes pareciam sentir o peso de um dérbi importante e foram engolidos por um Valencia que, a cada jogo, vai encontrando o caminho do sucesso.

Mallorca 0x0 Sevilla
O melhor Mallorca desde a chegada de Joaquín Caparrós ao comando técnico balear não foi o suficiente para bater Javi Varas, surpresa mais do que positiva da temporada. Em mais uma grande partida do goleiro andaluz, o Sevilla conseguiu levar um ponto suado a Nervion. Se não vence fora de casa há quatro partidas, ao menos Marcelino Toral tem algo a comemorar: não tem sofrido gols. Escudé e principalmente Spahic têm atuado com bastante solidez e a retranca feita contra o Barcelona já havia sido notável. Um dos méritos do treinador foi ter recuperado o bom futebol de Jesus Navas e se conseguir tal feito com Rakitic seria uma boa. O croata está distante do futebol que o levou à seleção do campeonato passado feito pelo blog no Balanço Final e está longe da forma física ideal. Na ausência de Negredo e Rakitic, o treinador optou estranhamente por jogar com Manu Del Moral na referência. Pelo lado balear, como bem destacou Caparrós, essa é a linha a seguir, mas falta concluir com mais êxitos.

Bétis 0x0 Málaga
Em uma das piores partidas da temporada, Bétis e Málaga fizeram um clássico regional sem nenhuma emoção e sem nenhum gol. O empate teve sabor quase que igual para as duas equipes: enquanto o Málaga vai perdendo o contato com o pelotão da Champions e vê Rayo Vallecano e Espanyol se aproximarem na tabela, o Bétis somou seu sétimo jogo sem conhecer os três pontos. Após viver um paraíso, os verdiblancos já sem veem no inferno: com 13 pontos, está a quatro pontos da primeira equipe da zona de rebaixamento, o Granada. A boa notícia para os anfitriões foi a boa partida da promessa Pozuelo, que começou como titular e saiu de campo aplaudido para a entrada de Matilla. Jogando aberto pela direita, o jogador, que foi comparado a Messi quando mais novo, levou perigo duas vezes à meta de Caballero. O Málaga, por sua vez, sentiu a goleada sofrida para o Levante há quatro rodadas. Desde a partida contra os granotes, quando vivia uma boa fase, os blanquiazules não conseguem atuar com brilhantes. Apesar de ter à disposição jogadores com talento, falta algo a mais para a equipe de Pellegrini, que, pelo incrível que pareça, não está preocupado com os últimos resultados.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Espanhóis em alta na Liga Europa

Falcão García: o colombiano desencantou e ajudou o Atlético de Madrid a seguir bem na Liga Europa (getty images)

Atlético de Madrid e Athletic Bilbao, representantes da Espanha na Liga Europa, deram demonstração de bom futebol na quarta rodada da segunda principal competição europeia, ficando muito próximo da classificação. Enquanto os colchoneros deram show e venceram a Udinese por 4 a 0, os bilbaínos ficaram no 1 a 0 contra o Salzburg, mas que garantiu a primeira colocação do grupo. O único gol dos bascos foi convertido por Ander Herrera, aos 37 minutos do primeiro tempo. O meio-campista voltou de uma lesão e foi bastante elogiado por Bielsa após a partida. Depois do gol, o Athletic apenas administrou a vantagem sobre os austríacos.

Colchoneros arrasadores
Não há outro adjetivo capaz de descrever o primeiro tempo do time colchonero senão "arrasador". Sem dar espaços e nem chances de gol para o time italiano, que jogava sem seu artilheiro Di Natale, o Atlético de Madrid foi amplamente superior ao segundo colocado do Campeonato Italiano. Logo aos cinco minutos, Falcão Garcia arriscou de longe, inesperadamente, para defesa do goleiro Handanovic, que foi pego no susto. Dois minutos depois, a consagração viria quando Adrián recebeu na entrada da área e invadiu, fintando a marcação e batendo com propriedade para o fundo das redes, sem que o goleiro esloveno pudesse reagir.

O gol precoce só inspiraria ainda mais o time madrileño, que chegou perto de aumentar a vantagem aos nove, quando Diego bateu escanteio e Falcão cabeceou da primeira trave para o desvio providencial de Domizzi. Atacando rápido e praticamente sem marcação, os rojiblancos ampliaram logo aos doze minutos, quando mais um golaço foi marcado. Falcão Garcia tocou de qualquer maneira, Antonio López deu um lindo passe de primeira e novamente Adrián apareceu para marcar o segundo. A marca registrada do início de primeiro tempo do Atléti eram os passes rápidos, com Diego controlando o meio-campo e Falcão Garcia e Adrián abrindo dos dois lados para armarem as boas chances ofensivas.

A Udinese esboçou uma reação e quase diminuiu aos 23, mas acabou perdendo o ímpeto graças à força dos colchoneros, que não desistiram de pressionar e foram em busca do resultado com base nas tabelas. E assim saiu o terceiro gol, quando Diego deixou a bola nos pés de Adrián e partiu. Nesse momento, Falcão recebeu e não titubeou para devolver ao artilheiro da noite. No último passe, Adrián deixou Diego na cara do gol para marcar e fechar o primeiro tempo de luxo do Atlético de Madrid.

A estratégia adotada pela Udinese no segundo tempo foi a mesma de todo clube que tem dificuldades para sair jogando: apertar a marcação e buscar os contra-ataques. O problema é que o time espanhol marcava bem e a última coisa que restava eram espaços. Depois de quase consolidar a goleada com Arda Turan aos 11' do segundo tempo, o Atlético de Madrid se aproveitou da ofensividade italiana para fazê-lo. E foi dos pés de Falcao Garcia, que já estava merecendo marcar, aos 22', após o colombiano cortar o brasileiro Danilo e ficar livre na área para mandar por cima de Handanovic, marcando o quarto gol.

Em mais uma falha de marcação de Danilo, o time de Manzanares quase aumentaria o placar. No contragolpe, Falcão fintou o brasileiro e dividiu com Domizzi. A bola sobrou para Koke, que havia acabado de entrar e quase marcou o quinto gol colchonero. Aos 30', outra oportunidade desperdiçada pelo colombiano, que disparou um petardo com o pé esquerdo e obrigou o esloveno a praticar uma defesa difícil. Nos últimos minutos, depois de pressionar e não conseguir aumentar a contagem, o Atlético de Madrid tocou a bola de lado e aguardou o apito final, sem sustos.

Com o resultado, o Atléti fica na ponta do Grupo I com sete pontos somados, mesmo número da Udinese, que marcou dois gols a menos no confronto direto - critério de desempate da competição. Nos terceiro e quarto lugar, respectivamente, seguem o Celtic, com cinco pontos e o Rennes, que paralisou nos dois. Ainda nessa quinta-feira, os escoceses venceram por 3 a 1.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Perfeição na Champions

Cristiano Ronaldo cobra pênalti para vencer Lloris: o segundo gol do português foi o centésimo como jogador merengue (getty images)

Classificado, único time 100%, único a não sofrer gol. O Real Madrid 2.0 de José Mourinho tem sido impecável em solo europeu. O Lyon, que foi pesadelo em outras temporadas, foi facilmente domado nas duas partidas. José Mourinho repete a história da última temporada e passa sem sustos pela fase de grupos. O Real Madrid conseguiu quebrar um tabu com a vitória dessa quarta. Os merengues nunca tinham vencido o Lyon na França. Derrotados, os franceses agora vão brigar com o Ajax pela segunda vaga no grupo D da Liga dos Campeões. Os holandeses estão com sete pontos, contra quatro dos franceses, faltando duas rodadas para o final da fase de grupos. Com a vitória desta quarta, o Real Madrid já soma 12.

O Real Madrid começou a partida dominando. Jogando em casa, o Lyon não conseguia fazer frente ao gigante espanhol, comandado por Jose Mourinho. Sem Kaká e Marcelo, lesionados, o time apostava nos avanços de Sergio Ramos e Di Maria, que acionavam Benzema e Cristiano Ronaldo no ataque. Aos 24 minutos do primeiro tempo, após criar duas chances claras de gol, o Real Madrid abriu o placar.

Cristiano Ronaldo cobrou falta na entrada da área e, com um chute forte de perna direita, fez o gol. Com a vantagem, os blancos continuaram pressionando. O Lyon quase não conseguia passar do meio campo e o Real criava outras chances gol. O placar de 1 a 0 já era pouco para o que acontecia em campo. Mesmo assim, com esse placar que o primeiro tempo encerrou.

Na segunda etapa, o Lyon conseguiu voltar melhor. Pela primeira vez na partida, os franceses tinham mais posse de bola e conseguiam se manter no campo de defesa do rival. Foi assim durante os primeiros quinze minutos do segundo tempo. Apesar da pressão, o Lyon não conseguiu criar uma chance clara de gol. Após ser pressionado, o Real Madrid conseguiu se organizar em campo. Mourinho trocou Fábio Coentrão por Albiol e o time ficou mais seguro na defesa. Quando tinham a bola, os espanhóis levavam perigo em jogadas articuladas por Di Maria e Özil. Aos 23 minutos do segundo tempo, Özil tocou para Cristiano Ronaldo dentro da área.

O português, que estava apagado na partida, tentou passar por Dado e caiu. O árbitro Nicola Rizzoli marcou pênalti. Na cobrança, Ronaldo ampliou o placar e chegou ao seu centésimo gol como jogador madridista. Em desvantagem, o Lyon até tentava atacar. Nos últimos 15 minutos de jogo, os franceses criaram as primeiras chances claras de gol. Após cobrança de escanteio, Briand colocou a bola no travessão do gol de Casillas. Foi máximo que o Lyon fez na partida, que terminou com vitória espanhola.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Classificação possível

Jogadores do Valencia comemoram o gol de Soldado, que decretou a virada ché: classificação às oitavas-de-finais é possível (getty images)

O Valencia entrou em campo para enfrentar o Bayer Leverkusen com a real perspectiva de que, em caso de derrota, daria adeus às possibilidades de avançar de fase. mas bastou o primeiro toque de um jogador ché na bola para a tensão dar lugar a euforia. Com um gol de Jonas aos onze segundos de jogo (segundo gol mais rápido da história da Champions League), o Valencia saiu na frente dos alemães, que chegariam ao empate ainda na primeira etapa, com Kiessling. Os gols da vitória valenciana, contudo, sairiam apenas na segunda etapa, com Soldado e Rami.

Logo após o apito inicial do sueco Jonas Erlkson, o placar foi inaugurada: após saída de bola errada do goleiro Leno, Jonas chutou de esquerda, à direita do alemão, para colocar o Valencia na frente e tranquilizar a situação blanquinegra. Uma má notícia, contudo, assolou a boa partida que o Valencia vinha fazendo. Destaque da equipe nos últimos jogos, Banega sofreu um traumatismo no joelho direito e saiu de campo chorando, ao mesmo tempo em que era ovacionado pelos aficionados chés, para a entrade de Tino Costa. Exames médicos feitos hoje de manhã em Paterna revelaram que o argentino será baixa por um mês e meio.

O episódio deu uma desanimada no ímpeto valenciano, que diminuiu e resultou no gol de empate do Bayer. Após receber na esquerda, Ballack levantou na medida para Kissling, até então muito bem marcado por Víctor Ruíz, cabecear firme às redes de Diego Alves. O ex-Chelsea foi um dos melhores em campo no confronto, sempre ditando o ritmo de sua equipe. Se movimentando com inteligência e jogando centralizado na linha de três, foi um pesadelo para o meio-campo blanquinegro.

Na segunda etapa, o reencontrou o equilibrou e a calma para chegar ao resultado. O Leverkusen manteve um ritmo de jogo rápido e procurou manter o controle do jogo, já que o momentâneo empate era favorável. Contudo, a estratégia do treinador Dutt caiu por água abaixo logo aos 10' da segunda etapa. Mathieu, um dos melhores em campo, desceu em velocidade pela esquerda e cruzou rasteiro para o artilheiro Soldado desviar de calcanhar e desempatar a partida. Depois foi a vez de entrar em cena Tino Costa. O substituo de Banega cruzou na medida para Rami, que subiu mais toda a defesa alemã e cabeceou firme à meta de Leno, sentenciando a vitória do Valencia.

Agora, a sorte está do lado do Valencia. Se o Chelsea, que empatou com o Racing Genk por 1 a 1, derrotar o Leverkusen e, na mesma rodada, o Valencia derrotar o Genk no Mestalla, um empate entre blues e chés, na última rodada, classificaria as duas equipes. Agora, os comandados de Unai Emery se preparam para o dérbi que farão contra o Levante, no domingo, pela Liga Espanhola.

Em Praga...

... Messi marcou mais três, garantiu a classificação blaugrana e seguiu fazendo história: 202 gols com o uniforme azulgrená (reuters)

O resultado do duelo em Camp Nou se repetiu na República Tcheca pelo simples fato de que o Viktoria impôs a mesma dificuldade que no outro confronto, mas não teve qualidade técnica suficiente para derrotar o time espanhol e, mesmo assim, não lamentou. Perderam para os melhores do mundo. O gol saiu aos 23', após o Barça pressionar muito e o Viktória ter tido uma grande oportunidade de abrir o placar, em cobrança de pênalti precisa de Messi, que havia sofrido a infração no minuto anterior. O argentino recebeu na área e foi derrubado por Cisovsky, que acabou devidamente expulso. Na batida, Messi deslocou Pavlik e abriu a contagem, naquele que foi seu gol de número 200 pelo Barcelona. Depois de muito pressionar e detendo quase 70% da posse de bola, o Barcelona aumentaria o placar aos 46', após boa tabela com Adriano, que deixou Messi na cara do gol, para bater na saída do goleiro e aumentar a vantagem.

As limitações do Viktoria eram visíveis e com um a menos ficou ainda mais complicado para o time de Pilsen reagir na partida. Sem sair do campo de defesa, os anfitriões ficaram reféns do ímpeto azulgrená, que quase resultou em gol aos dois minutos, com Fabregas, aos nove com Messi e aos 21', com Thiago Alcântara, que acertou o travessão em cabeceada. O Barça seria premiado aos 26', com o eficiente Fabregas, que recebeu cruzamento preciso no meio da área depois de jogada armada por Cuenca. O camisa 4 cabeceou no canto e selou a vitória da equipe espanhola que, depois disso, lançou mão até mesmo de Aléxis Sánchez, que ficou dois meses afastado dos gramados. Sem que o chileno pudesse mudar o panorama da partida, o Barcelona manteve a absoluta posse de bola e só tocou de lado esperando o apito final. Entretanto, Messi é imprevisível, do mesmo modo que o Barcelona. Com toque de calcanhar do zagueiro Piqué, o argentino marcou o quarto e fechou a conta.