segunda-feira, 21 de março de 2011

Resumo: 29ª rodada (2ª parte)

Rakitic comemora: o Sevilla mudou após a contratação do croata, autor do gol da importante vitória no Mestalla contra o Valencia (AP Photos)

A segunda parte da 29ª rodada ficou marcada por jogos diretos envolvendo competições europeias e a zona de rebaixamento. Nos dois mais importantes, Villarreal e Sevilla conseguiram cruciais vitórias fora de casa e colocaram mais fogo na disputa por uma das vagas na Champions League. Os amarillos, que foram beneficiados pela vitória sevillista ante o Valencia, voltaram à terceira colocação e podem ter dado adeus à má fase que assolava o clube na Liga Espanhola. Os andaluzes, por sua vez, contaram com um inspirado Javi Varas e um esforçado Rakitic para segurarem o Valencia e levarem três pontos essenciais para a Andaluzia antes da Data FIFA.

Na parte debaixo da tabela, mudanças significativas: o Hércules sofreu uma goleada em pleno Rico Pérez para o Osasuna e assumiu a última colocação, graças à vitória do Málaga ante o Espanyol, que vê a vaga na Champions se distanciar a cada jogo. O Deportivo, derrotado pela surpresa Levante, caiu para a décima sexta posição e já vê o fantasma do rebaixamento ameaçar. Confira a segunda parte do resumo da 29ª rodada.

Valencia 0x1 Sevilla
O Sevilla desta temporada pode ser dividido em antes e depois da chegada de Rakitic. O de antes era um time inofensivo, sem pegada e que, sobretudo, era totalmente desorganizado no meio-campo. O de hoje, com o croata titular indiscutível, voltou a apresentar um futebol bonito, veloz e, principalmente, inteligente, com o ex-Schalke sendo o principal fantasista da equipe, que necessitava claramente de um. A vitória contra o Valencia foi apenas mais uma prova de como o croata era a peça do quebra-cabeça que faltava ao elenco pobre de Manzano, e se os aficionados sevillistas viam a temporada praticamente encerrada após a eliminação na Liga Europa, motivos para esquecer isso é o que não falta: o time derrotou um dos concorrentes diretos por Champions - com gol de Rakitic, diga-se de passagem - e viu uma brecha para cravar uma vaga na próxima competição se aproximar. Outro que merece destaque pela vitória é, sem dúvidas, Javi Varas. O goleiro rojiblanco parou de todas as maneiras possíveis Soldado e, principalmente, Jonas, que desperdiçou muitas ocasiões claras de gol.

O segundo tempo ganhou mais emoção, sobretudo porque as duas equipes partiram para o tudo ou nada. Dabo, titular na esquerda, era motivo de folia por parte de Joaquin, que levou muito perigo ao gol de Javi Varas. Aberto pela esquerda, Mata também deu bastante trabalho para Alexis, que voltou ao estádio durante atuou por duas temporadas. Rakitic atuava com sobressaliência no meio, onde Tino Costa e Topal bateram cabeça durante boa parte da segunda etapa. Quando parecia que iria abrir o placar, após jogar bola na trave com Mata e ver Varas desdobrar-se para espalmar uma cabeçada de Soldado, o Valencia acabou sofrendo um duro golpe: Topal não conseguiu afastar uma bola alçada à área por Alexis, e Rakitic, que havia aproveitado rebote de um chute de Negredo, fuzilou de canhota as redes de Guaita, que também esteve brilhante na partida, para definir o resultado. O croata, com o gol, garantiu mais três pontos chaves para o Sevilla - o sétimo, no total - e vai caindo nas graças da torcida. Com Rakitic, o retorno do bom futebol de Jesus Navas, que deu um banho em Mathieu, e Negredo e Kanouté na frente, não há dúvidas de que o Sevilla está vivo na temporada e vai com tudo para cumprir suas pretensões de início de temporada. Como bem disse Del Nido, presidente do clube, a equipe continua na briga por Liga dos Campeões.

Athletic Bilbao 0x1 Villarreal
Os 47 mil espectadores que lotaram o San Mamés para o jogo decisivo contra o Villarreal saíram de lá com o gosto de decepção. A frustrada derrota para os amarillos deixaram os leones a doze pontos da zona de Liga dos Campeões. O Villarreal, por sua vez, pode ter abandonado a má fase e, de praxe, voltou à terceira posição. Hoje os amarillos mostraram não é só um time que pratica um bom futebol do meio para frente: a defesa atuou de maneira impecável, sobretudo o capitão Gonzalo, e parou os ataques dos leones, principalmente antes do primeiro gol. Mario teve trabalhos redobrados com Muniain, que era a principal válvula de escape do time da Catedral. A solidez defensiva do time da Comunidade Valencia pode ser comprovada nos números: o Athletic Bilbao teve 54% da posse de bola, mas só levou perigo à meta de Diego López em lances de Llorente.

Graças a estratégia de se defender, Garrido praticamente abdicou dos contra-ataques durante boa parte do jogo. Sem Nilmar, lesionado novamente, Marco Rúben foi titular, mas parecia sem sintonia com Rossi. Borja Valero passou o primeiro tempo inteiro anulado por Javi Martínez, que dominou a batalha travada no meio-campo. Mas o ex-jogador do Mallorca mostrou por que é importante para este Villarreal. Após receber com espaços na esquerda, fez boa jogada em cima de Iraola e cruzou na medida para Rúben, que chegou ao seu décimo gol na temporada. No minuto seguinte, Llorente esteve a ponto de empatar, mas Diego López salvou brilhantemente seu tento. Os rojiblancos sentiram o gol e tiveram seu ímpeto diminuido. Muniain passara a ser marcado com mais contudência por Mario, e o Villarreal passou a administrar a partida com inteligência. Pela primeira vez na temporada os aficionados euskaras saíram do San Mamés sem comemorar um gol, no jogo que pode ter marcado o adeus do Athletic Bilbao à próxima Champions League.

Deportivo 0x1 Levante
Um gol de Ruben Castro, de falta, aos 46 minutos do segundo tempo deu ao Levante um merecido triunfo e confirmou o ótimo 2011 vivido pelo time granote. Se computados apenas os resultados do segundo turno, o time comandado por Plaza estaria na terceira colocação, atrás apenas de Barcelona e Real Madrid. O Levante foi mostrando suas pretensões desde o primeiro minuto, quando Valdo, de cabeça, e Caicedo acertaram o travessão de Aranzubia. O Deportivo, no 4-2-3-1 com Juan Rodríguez de enganche, jogava muito preso no meio-campo. Nouioui, novidade na equipe, respondeu com um chute que passou rente a trave esquerda de Munúa, ex-blanquiazul. Se, na primeira etapa, o Deportivo pode ter comemorado pelo fato de não ter sofrido gols, a comemoração quase foi repetida, não fosse a falha de Aranzubia nos acréscimos. O goleirou acabou traído por uma falta cobrada de maneira fraca por Castro, manchando sua bela partida.

Guardado, retornando de lesão, não acrescentou nenhum pode de fogo ao Deportivo, que atuou de maneira decepcionante em seus domínios. Se, há dois meses, a palavra rebaixamento praticamente não existia no dicionário da equipe galega, o alerta fica ligado, pois o Deportivo está a dois pontos do Málaga, primeiro da zona de rebaixamento. O Levante, por sua vez, vive um de seus melhores momentos nos últimos anos, o que se deve a, principalmente, Plaza, que remodelou a equipe num 4-2-3-1, módulo que soube unir jogadores como Juanlu e Valdo. Monteiro, que já havia mostrado potencial no Villarreal, caiu como uma graça no meio-campo do time, e dá muita mobilidade pelo lado esquerdo do campo. A má notícia fica por conta de Caicedo, que saiu lesionado. O jogador já está de fora dos compromissos da seleção colombiana e, o pior, poderá perder a continuidade da temporada, assim como a Copa América. A oito do Sevilla, será que os granotes poderão cravar uma vaga na Liga Europa? Muito provavelmente, não. Mas, de qualquer maneira, a equipe de Valencia está de parabéns pela reviravolta no campeonato.

Málaga 2x0 Espanyol
Parece que desde que chegou à Andaluzia a principal função de Salomón Rondón é, quem diria, tirar o Málaga do apuro. El Gladiador é um atacante moderno, goleador, que com o doblete de ontem, igualou a melhor marca de um venezuelano no futebol espanhol em uma única temporada. Os 12 gols anotados igualou a cifra de Arango, ex-Mallorca. Um seguro de vida para este Málaga, que, 44 rodadas depois, finalmente conseguiu emplacar duas vitórias consecutivas e saiu da lanterna da competição. Se o protagonista foi o venezuelano, o meio de campo do Málaga, especialmente Apoño, Recio e Portillo, compartilharam com Oscar os melhores lances do jogo.

Do lado catalão, um Espanyol sem reação. Verdú, jogando mais defensivamente, não mostrou metade de seu futebol quando exerce uma função ofensiva e Luis Álvaro, Sergio Garcia e Iván Alonso foram figuras anuladas por parte blanquiazul. Outro problema que já está em evidência há tempos, é o fato da defesa périca estar passando por momentos de dificuldades desde que Víctor Ruiz e Didac Vilà rumaram ao futebol italiano. Forlín, ausente por uma lesão no joelho, também é falta sentida, pois Amat e Galán não consegue demonstrar confiança em nenhum momento. A vantagem para o quarto colocado que já chegou a ser de apenas seis pontos, agora é de onze, e é muito improvável pensar em Espanyol na próxima Champions. A briga, agora, fica por uma vaga na Liga Europa, onde se a equipe voltar a tropeçar com equipes medianas, pode ficar ameçada.

Hércules 0x4 Osasuna
O fim da linha para Esteban Vigo no comando técnico do Hércules chegou. A derrota acachapante para o Osasuna em pleno Rico Pérez foi o estopim de uma crise que dura há tempos. Além da demissão, o Hércules assumiu a lanterna pela primeira vez na temporada e não tem mais a paciência dos aficionados, que vaiaram muito após o apito final. Irritado, Farinós apontou o dedo do meio para parte dos torcedores presentes no Rico Pérez, mas, arrependido, pediu desculpas e aproveitou para pedir calma aos torcedores. Nomes como os de Víctor Muñoz, Víctor Fernández e Hugo Sánchez são os mais falados para substitução de Boquerón. Porém, todos esses sabem que terão muito trabalho pela frente. Se os alicantinos já não convencem quando têm Trezeguet, Valdez e Drenthe em campo, se eles a situação é tensa. E foi isso que aconteceu no jogo de ontem.

A situação entre as duas equipes se inverteu. Hoje o Osasuna joga um futebol aguerrido e, após a chegada de Mendillibar, a situação nos vestiários se amenizou, diferentemente do primeiro turno, quando brigava contra o rebaixamento. O gol de Camuñas logo aos 10 minutos inverteu o rumo do jogo, já que o Hércules era quem dominava no início. Os blanquiazules sentiram o tento, e foram apenas mais uma presa do Osasuna no segundo turno. A de se destacar o momento vivido por Kike Sola. O atacante disfruta de um grande momento na temporada. Autor do quarto gol, trabalhou duro e participou também do gol de Nelson, que marcou seu primeiro tento desde 2006. O espanhol está sendo decisivo perante as ausências de Pandiani e Aranda, quando esperava-se que o Osasuna iria cair de produção.

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