quarta-feira, 30 de março de 2011

Presidentes: Enrique Cerezo

Enrique Cerezo (à direita) vive a maior crise no comando dos colchoneros e os rumores indicam que Miguel Gil (à esquerda) deve subistituí-lo em breve (extraconfidencial.com)

Quando o dono de 80% das ações do Atlético de Madrid resolveu deixar a presidência da equipe, havia muitas dúvidas de quem seria o novo mandatário dos Colchoneros. Jesús Gil optou pelo famoso e consagrado produtor de cinema, Enrique Cerezo Torres. A escolha de um homem pouco acostumado aos negócios futebolísticos será explicada no decorrer do texto, pois os anos colaborando com o atleti (justificativa oficial para a escolha) não foi o fator decisivo.

Dono de uma produtora de cinema, que tem o seu nome, Enrique Cerezo trabalha na sétima arte desde 1971. Na tela, ele começou como um mero ajudante de câmera, mas de lá pra cá, o madrilenho ganhou destaque na profissão. Em 1998 ele assumiu a presidência da EGEDA, que defende os direitos de produtores espanhóis e de toda a América. Para se ter uma ideia da importância da entidade, o muito famoso Agustín Almodóvar também faz parte dela e é seu vice-presidente. Além disso, seu trabalho já foi reconhecido no Festival de Cinema de Huelva, quando, em novembro de 2010, foi eleito o melhor produtor cinematográfico do ano.

A decisão de Jesús Gil de passar o cargo para Enrique ocorreu em maio de 2003 e o trabalho começou em 28 do mesmo mês. A primeira temporada à frente dos rojiblancos foi recheada de mundanças. Após ficar na 12ª posição, novos importantes jogadores chegaram. O mais importante deles: Diego Simeone, já em fase final da carreira. Com um time burcrático, os colchoneros alcançaram o sétimo posto. As temporadas de 2004-05 e 2005-06 foram muito ruins: o Atleti não conseguiu passar da faixa média da tabela, treinadores não duravam e a afirmação de Fernando Torres era a válvula de escape da equipe.

Para o ano seguinte, Enrique Cerezo ajudou o Atleti vencer a disputar e conseguir contratar a jovem estrela argentina, Kun Agüerro. Com “El Niño” em grande jornada, o Atlético de Madrid conseguiu se classificar para a Copa da UEFA 2007-08 e também venceu a extinta Copa Intertoto. Porém o camisa nove e capitão colchonero chamou atenção dos gigantes europeus. O Liverpool acabou levando e pagou 20 milhões de libras mais o passe de Luis García.

O Atlético respondeu em grande estilo trazendo Diego Forlán do Villarreal. Porém, a torcida colchonera não aceitou perder a referência da equipe e sem que o presidente tivesse mostrado grande resistência. Aí está justificada a escolha de Enrique Cerezo. Jesús Gil evita todo o desgate de estar no comando da equipe em momentos como esse e segue podendo dar a palavra final, pois ainda mantém o controle acionário do Atlético de Madrid. O produtor cinematográfico em diversos casos ficou contra Gil, mas a palavra final sempre fica por conta do seu antecessor, já as critícas acabam sendo feitas ao trabalho do madrilenho.

Ainda nessa época, o presidente se viu envolvido no escandâlo de apropriação indevida de ações do Atlético de Madrid executado por Jesús Gil (pai) e Miguel Gil (filho). Os três não foram presos, pois o crime havia prescrito. Após todas as polêmicas extra-campo, os colchoneros voltaram à Liga dos Campeões, após 12 anos de ausência na principal competição interclubes da Europa.

Porém, o grande feito da “Era Cerezo” ocorreu em 2009-10, quando liderados por Agüerro e Diego Forlán, os rojiblancos conseguiram o título da Liga Europa. Na campanha o destaque ficou por conta da virada na prorrogação contra o Liverpool no Anfield e que garantiu a classificação à decisão contra o Fulham, que acabou vencida por 2 a 1.

Recentemente as crises entre a família que comanda as ações do Atlético e Enrique Cerezo aumentaram e o tempo do produtor cinematográfico nos colchoneros parece estar chegando ao fim. E o pai já pensa em colocar o filho (atual Diretor de Futebol do clube) no posto de presidente.

Enrique Cerezo Torres
Nascimento: 27 de fevereiro de 1948, em Madrid, Espanha
Ocupação: Produtor de cinema e empresário do ramo cinematográfico.
Títulos do Atlético de Madrid durante a sua gestão: Copa Intertoto (2006-07), Liga Europa (2009-10) e Supercopa Europeia (2009-10)

segunda-feira, 28 de março de 2011

Jogadores Históricos: Raymond Kopa


Kopa jogou ao lado de grandes gênios mas mostrou sempre seu diferencial (Futebol e Cia Limitada)


Pelé foi o melhor da Copa de 1958. Uma verdade quase absula, não? Pois bem, quase...

A história do brasileiro, melhor atleta do século, é incontestável, mas esse título é de outro craque da época. Filho de poloneses, Raymond Kopa foi, ao lado de Just Fontaine, a grande inspiração da seleção francesa para chegar até as semifinais contra o Brasil.

A carreira profissional de Kopa começou em 1949, no modesto Angers SCO - atualmente na Ligue 2 da França. À época, Kopa chamava atenção por não ter o dedo indicador da mão direita, sequelas de seu trabalho nas minas de carvão, ao lado de seu pai, na infância. Em duas temporadas, 60 jogos e 15 gols, desempenho que chamou atenção do maior time francês da década: o Stade de Reims. Em uma negociação que teve a concorrência do Bordeaux e do Lens, o Reims topou pagar cerca de 1,8 milhões de francos pela promessa, além de 500 mil de bônus pela assinatura do contrato.

Foram dois campeonatos franceses em Reims, além de 48 gols marcados e um vice-campeonato da Liga dos Campeões - derrota para a versão original dos Galácticos do Real Madrid. Era o primeiro passo para a ida do craque para os merengues. O decisivo foi seu desempenho em um amistoso diante da seleção espanhola, pelo qual recebeu a alcunha de Napoleão, em virtude de sua liderança e seu pequeno tamanho (1m68cm).

Após investida sem sucesso do Milan, que propusera 52 milhões de francos pelo baixinho, o Real e seu projeto repleto de craques e de títulos, inclusive os da recém-inaugurada Liga dos Campeões, seduziu o francês. Ao lado de Di Stéfano, Kopa teve que atuar mais pela meia-direita, em virtude do posicionamento e à pedido do argentino. Na capital espanhola, Kopa também teve a chance de jogar com seu único ídolo no futebol: Ferenc Puskas.

Seu desempenho no Real Madrid foi coroado com uma excelente Copa do Mundo na Suécia, em 1958. Sem muito alarde, mas com um time muito ofensivo, a França chegou às semifinais e só parou no Brasil, que se sagraria campeão. Seu jogo individual o coroou como melhor do mundo na temporada pela France Football e sua Bola de Ouro.

Seus 48 gols em três anos de Madrid não supriam a saudade de casa. E Kopa, após trocar de lado e ver o Reims perder novamente a final da Liga dos Campeões para o Real Madrid, em 1959, voltou para a França. Nem a proposta de 20 milhões de francos por temporada em um contrato de cinco anos no maior clube do mundo à época seduziu o baixinho.

A volta à França seria também o retorno a seleção, já que atletas que jogavam fora de seus países de origem precisavam de autorizações especiais para jogar. No total, Kopa fez 45 jogos com os bleus e marcou 18 vezes, seis de pênalti.

A segunda passagem dele no Stade de Reims foi conturbada: Kopa foi suspenso por se recusar a servir a seleção em virtude de brigar com o técnico Georges Verriest, além de seis meses de gancho em 1963/64 por falar na imprensa que "os jogadores de futebol são escravos". A queda do Reims para a Ligue 2 não tirou Kopa do time. Duas temporadas depois, ele foi fator de decisão no retorno à elite francesa. Em 1967, aos 35 anos, Kopa abandodnou o futebol profissional.

Isso porque o futebol nunca abandonou Kopa. Após sua aposentadoria, ainda assinou papéis como jogador do Stade de Reims para completar a cota de 11 jogadores profissionais na equipe na temporada 1971/72. Just Fontaine, gerente de futebol do PSG no início dos anos 70, também convidou o veterano Kopa para integrar o elenco parisiense na Ligue 2 quando o baixinho tinha 42 anos. Mas Kopa preferiu ficar jogando só como amador, prática repetida até os 70 anos.

Ele fez parte de dois grandes esquadrões dos anos 50/60, foi eleito melhor de uma Copa do Mundo, mas nunca foi o grande astro de uma companhia. Mas Kopa não precisou disso para ter seu nome gravado na história do futebol.

Raymond Kopa
Nascimento: 13/10/1931, em Noeux-les-Mines, França
Posição: meia-atacante
Clubes: Angers SCO (1949-51), Stade de Reims (1951/56), Real Madrid (1956/59), Stade de Reims (1959/67).
Títulos: Quatro Campeonatos Francês (1952/53, 1954/55, 1959/60 e 1961/62), Segunda Divisão Francesa (1965/66), Copa Latina (1953), Campeonato Espanhol (1956/57, 1957/58), Liga dos Campeões (1956/57, 1957/58, 1958/59), Melhor Jogador da Copa do Mundo (1958, na Suécia)
Seleção: 45 jogos e 18 gols

sábado, 26 de março de 2011

Na raça

Em dia histórico para Xavi e Villa, foi o atacante do Barcelona quem garantiu a virada na raça da Espanha e os 100% nas eliminatórias para a Euro 2012 (reuters)

Em dia histórico para Xavi e, principalmente, Villa, o Guaje garantiu a vitória espanhola em Granada ante a República Tcheca. O 2 a 1 dá tranquilidade à atual campeã mundial e europeia, que segue 100% nas eliminatórias (quatro vitórias em quatro jogos) e põe um pé e meio na fase final do torneio, onde a seleção tentará a manutenção da taça.

A Espanha começou o jogo querendo esquecer as más partidas feitas nos últimos jogos e exerceu uma grande pressão no campo defensivo dos tchecos. Porém, um velho erro era cometido: a Fúria tinha uma posse de bola na casa dos 77%, mas só foram dados dois chutes a gol - nenhum deles de fora da área. A cega insistência de Del Bosque no 4-3-3 é o principal ponto para o péssimo primeiro tempo da roja, e chegou a seu ápice aos 29 minutos, quando o ex-Osasuna Plasil aproveitou bobeira de Arbeloa e, de canhota, acertou um belo chute no canto esquerdo de Casillas para pôr a República Tcheca na frente em Los Carménes.

Iniesta, adiantado para função de um atacante aberto pelo lado esquerdo, passou o primeiro tempo nulo, enquanto Jesus Navas, aberto à direita, pouco fazia pelo setor de Kadlec. Villa era o que mais tentava, mas Cech parou o atacante do Barcelona de maneira espetacular por, pelo menos, três vezes nos primeiros quarenta e cinco minutos. O módulo utilizado por Del Bosque nos últimos jogos é ineficaz pelo simples fato de não conter um meio-campista driblador na linha de três. Esse jogador poderia ser Iniesta, mas o técnico de Madrid prefere adiantá-lo para jogar ao lado de Villa na frente. David Silva e Mata, em ótimas fases, eram bons nomes à disposição no banco de reservas para exercer tal função, mas sequer entraram na partida. Busquets, Xabi Alonso e Xavi são jogadores técnicos e criativos, que enlouquecem o adversário com a excelente troca de passe no meio de campo, mas não dribladores.

Pressionado após a insatisfação dos torcedores após o término da primeira etapa, Del Bosque resolveu mudar: tirou um de seus homens de meio-campo, Xabi Alonso, e colocou Fernando Torres em campo, deslocando Iniesta à sua posição original. Dessa forma, como se esperava, a Fúria voltou melhor e, com um ímpeto maior ao apresentado no primeiro tempo, chegou mais vezes ao gol de Cech. Fernando Torres, porém, foi muito mal nos quarenta e cinco minutos finais, e confirmou sua má fase desde que trocou o Liverpool pelo Chelsea: el Niño está há dois meses sem comemorar um temto, o suficiente para Del Bosque colocar em xeque sua titularidade e dar um ultimato ao jogador blue.

A Espanha continuava pressionando, mas ainda sem ser muito incisiva. Del Bosque, que soube ler muito bem o jogo, se redimiu do erro inicial: sacou Capdevilla para pôr Cazorla, mudando a seleção para um 3-5-2. A mudança na postura espanhola, que passou a levar mais perigo à meta do goleiro do Chelsea, foi clara, e o gol passou a ser questão de tempo. Aos 23 minutos, Villa recebeu de Iniesta pela direita, puxou para a canhota, deixou Sivok no chão ao ameçar o chute e bateu no único espaço possível, acertando o canto esquerdo de Peter Cech. Dois minutos mais tarde, Iniesta foi derrubado por Rezek na área e a arbitragem marcou pênalti que Villa bateu bem, desta vez no canto direito de Cech.

Jogo em risco
Com 12 pontos em 12 disputados, a seleção espanhola praticamente sacramentou sua vaga à próxima fase da Eurocopa. Na quarta, contra a Lituânia, entrará em campo para confirmar mais três pontos, visto que o adversário não deverá passar nenhum perigo. O jogo, porém, está sob suspeita de acontecer, devido às más condições climáticas na ilha Bálticas. A preocupação de Del Bosque com seus jogadores é máxima e o treinador pediu a seu assistente, Paco Jiménez, que assistisse à partida amistosa entre Lituânia e Polônia para contar mais sobre o estado do gramado.

A federação lituana, demonstrando inocência, publicou em sua página na web uma foto do gramado em condições péssimas para uma partida oficial (ver imagem), o que gerou insatisfação da comissão técnica espanhola, que já pediu à UEFA para que uma inspensão fosse realizada na terça-feira, um dia antes do jogo, avaliando o estado do gramado. Além disso, durante a partida contra a Polônia graves incidentes nas arquibancadas deixaram alguns feridos, entre eles um guarda policial, e dez torcedores acabaram presos.

Os 10 maiores artilheiros da seleção espanhola
1) David Villa – 46 gols (72 partidas)
2) Raúl Gonzalez – 44 gols (102 partidas)
3) Fernando Hierro – 29 gols (89 partidas)
4) Fernando Morientes – 27 gols (47 partidas)
5) Fernando Torres – 26 gols (83 partidas)
6) Emilio Butragueño – 26 gols (69 partidos)
7) Alfredo Di Stefano – 23 gols (31 partidas)
8 ) Julio Salinas – 22 gols (56 partidas)
9) Michel – 21 gols (66 partidas)
10) Telmo Zarra – 20 gols (20 partidas)

quinta-feira, 24 de março de 2011

Jogadores históricos: Roy Makaay

Roy Makaay teve uma ótima carreira, mas foi no Deportivo que o atacante holandês alcançou as maiores glórias (Reuters)

Roy Makaay fez parte da geração holandesa que teve Patrick Kluivert e Ruud van Nistelrooy como outros atacantes destacados. Os três passaram pelo futebol espanhol e tiveram grande destaque por lá. A porta de entrada para Makaay foi o Tenerife, mas foi vestindo a camisa azul e branca do Deportivo que o atacante brilhou. Na Galícia, o holandês será sempre lembrado por quatro títulos, uma artilharia, uma chuteira de ouro e, claro, pelos muitos gols.

O jogo de Makaay contava com uma caracteristíca básica: a facilidade para balançar as redes. Ele era rápido e pensava de forma veloz, o que dificultava muito o trabalho dos goleiros adversários. Dentro da área não havia preferência: as pernas direita e esquerda sabiam muito bem o que fazer para alcançar o gol. Com ótima impulsão, gols de cabeça não foram raridade na trajetória futebolística de Roy Makaay.

Roy Makaay começou no futebol muito cedo e antes de se profissionalizar, passou por SC Woezik, Diosa e Blauw-Wit. Mas, aos 18 anos, o Vitesse se tornou o primeiro clube profissional do atacante. Na temporada de estreia, ele ainda não conseguiu ser titular, porém anotou seu primeiro tento na Eredivisie. Logo no ano seguinte veio a titularidade e, com ela, os gols aumentaram. Em 1996-97, Makaay fez 19 tentos no campeonato local (maior número de toda sua carreira na Holanda), o que lhe garantiu a primeira convocação para a oranje e a transferência para o Tenerife do futebol espanhol.

A adaptação à terra das touradas foi rápida e mesmo jogando por um time de segundo escalão, Makaay deixou 21 gols em duas edições de La Liga. Ao final da temporada 1998-99, com o rebaixamento dos insulares, o atacante holandês acabou vendido para o Deportivo La Coruña. No debute com a camisa azul e branca na Liga Espanhola, o atacante holandês anotou um triplete contra o Alavés. Durante a temporada, ele conseguiu mais uma vez marcar três gols em um jogo contra o Atlético de Madrid. Os seus 22 gols ajudaram o Depor a chegar seu primeiro título de La Liga. Assim, além da conquista importante, o Deportivo ainda se tornou o primeiro time da Galicia a se classificar à Liga dos Campeões. E terminou o ano com a vitória na Supercopa espanhola.

O segundo título veio na temporada 2001-02, quando o Depor acabou a Liga Espanhola na segunda colocação, mas conquistou a Copa del Rey sobre o Real Madrid, que comemorava seu centenário à época. Porém, a grande temporada do holandês ocorreu em 2002-03. Sem títulos, mas um desempenho impressionante: 29 gols em La Liga, um tento na Copa del Rey e nove gols na Liga dos Campeões. Com esses números, Roy Makaay foi o artilheiro do Campeonato Espanhol e ainda levou a chuteira de ouro europeia.
O “problema” é que no primeiro jogo da LC 2002-03, o atacante holandês anotou um hat-tricks, logo contra o forte Bayern. Dessa forma, os bávaros passaram a seguir ele mais de perto e ao final da temporada, os roten pagaram quase 19 milhões de euros pelo artilheiro da Europa. Ao mesmo tempo que assombrava as defesas espanholas, Roy Makaay tinha carreira tímida na seleção holandesa. Ele esteve entre os convocados das Eurocopas de 2000 e 2004, quando esteve entre os reservas, pois a titularidade ficava com Kluivert, Nistelrooy e Bergkamp – o último, apenas em 2000.
Na Alemanha, o holandês também deixou seu nome marcado. Pelo Bayern ele quase alcançou a marca de 100 gols, nas quatro temporadas que defendeu a equipe. Além, do grande número de tentos, foram cinco títulos conquistados com os bávaros. Nas quatro edições da Bundesliga, que disputou, Roy Makaay ficou entre os quatro artilheiros em todas elas.
Seus gols ajudaram muito os roten no bicampeoanto da Bundesliga em 2004-05 e 2005-06. Porém, na Liga dos Campeões, o Bayern não conseguiu passar das quartas-de-final. Na principal competição interclubes da Europa, o holandês marcou no dia 7 de março o gol mais rápido da história da LC. Contra o Real Madrid, ele precisou de apenas 10,2 segundos para marcá-lo. Porém, com final da temporada 2006-07, Klose e Luca Toni desembarcaram em Munique e, dessa forma, Roy Makaay preferiu deixar os bávaros para voltar ao país natal.

Na Holanda, Makaay foi defender o Feyenoord. Na primeira temporada, ele ganhou seu único título na terra da oranje: a Copa da Holanda. A boa presença lhe rendeu a convocação à Olimpíada de 2008, quando a Holanda parou nas oitavas-de-final. Em 2009-10, Roy Makaay encerrou a carreira de forma mágica contra o Heerenveen. Na vitória por 6 a 2, o camisa nove anotou um hat-trick para se despedir muito emocionado do futebol. Atualmente, o ex-atacante segue no “Clube do Sul” e hoje tem ligação com a categoria sub-13 da equipe.

Roy Makaay
Nascimento: 9 de março de 1975, em Wijchen, Holanda
Posição: Atacante
Clubes: Vitesse (1993-97), Tenerife (1997-99), Deportivo La Coruña (1999-03), Bayern de Munique (2003-07) e Feyenoord (2007-10)
Títulos: La Liga (1999-00), Copa del Rey (2001-02), 2 Supercopas da Espanha (2000 e 2002), 2 Bundesliga (2004-05 e 2005-06), 2 Copas da Alemanha (2004-05 e 2005-06), Copa da Liga Alemã (2004) e Copa da Holanda (2007-08)
Seleção holandesa: 43 partidas e 6 gols

quarta-feira, 23 de março de 2011

Amor e ódio

"Não queremos outra liga escocesa", diz o cartaz da torcida do Deportivo no Riazor. Mas o caminho, pelo jeito, é esse mesmo... (canaldeportivo.es)

Texto de Ubiratan Leal, cedido pela Trivela
“Não queremos uma liga escocesa.” A faixa pode ser lida em vários estádios espanhóis, parte de um movimento que cresce entre torcedores de 18 dos 20 times do Campeonato Espanhol. Eles manifestam o descontentamento com os rumos que La Liga tomou nos últimos anos, com uma concentração de poder que desfigura a competição e pode causar danos ao futebol espanhol em longo prazo.

A sensação do torcedor brasileiro pouco atento é que a Espanha sempre foi dominada por Real Madrid e Barcelona. É uma meia verdade. Em 1984, o Barça tinha 9 títulos, apenas um a mais que Atlético de Madrid e Athletic Bilbao (o Real tinha 20 àquela altura). Mas nem é preciso voltar 27 anos. Mesmo em um cenário já favorável a merengues e blaugranas, o Campeonato Espanhol dava espaço para forças alternativas.

Entre 1993/94 e 2003/04, houve 22 vagas de campeão ou vice em disputa. Exatamente metade foi ocupada pela turma dos “outros”. Valencia, Deportivo de La Coruña, Atlético de Madrid, Athletic Bilbao e Real Sociedad ficaram entre os dois primeiros em algum momento nesse período. Desde 2004/05, foram sete temporadas (já contando a atual, que certamente terá Barcelona e Real nas duas primeiras posições) e 14 oportunidades de ficar com o título ou o segundo lugar. Apenas uma vez os dois gigantes não ocuparam as duas primeiras posições: em 2007/08, com o vice-campeonato do Villarreal.

Por trás desse desnível entre Real e Barcelona e o resto é a divisão de dinheiro da televisão. Na Espanha, cada clube vende os direitos dos jogos em que é mandante. Desse modo, os grandes conseguem impor seu poder de barganha nas negociações com a TV, enquanto os pequenos aceitam pegar as migalhas. Mais ou menos o que pode acontecer no Brasil se o Clube dos 13 realmente deixar de representar os clubes na venda dos direitos do Brasileirão de 2012 a 14.

Nas outras fontes de faturamento (ingressos, ganhos em competições internacionais, venda de produtos licenciados, patrocínio), os dois gigantes estão muito à frente dos demais. Mas o desnível econômico criado pela distribuição do dinheiro da TV é definitivo. E ele, se fosse negociado coletivamente, poderia amortecer a diferença a ponto de tornar o Campeonato Espanhol um torneio esportivamente emocionante e atraente. E não uma versão latina do Campeonato Escocês, que teve Celtic ou Rangers como campeão nos últimos 20 anos.

A União Europeia já recomendou que negociações de televisão para competições esportivas sejam feitas em bloco, pois é o modo de preservar um mínimo de competitividade dentro de um determinado mercado (no caso, o futebol). Isso não significa que o modelo deva ser o norte-americano, com divisão praticamente igual entre todas as franquias. Mas negociar coletivamente impede que alguns usem sua força para sufocar financeiramente os concorrentes.

Ainda que a diferença de torcida e poder de mercado entre Corinthians e Flamengo e os demais clubes não seja tão grande quanto na Espanha, a tendência do Brasil, se seguir o modelo espanhol, é ver seu campeonato nacional ser dominado economicamente por seis ou sete equipes. O resto seria resto.

terça-feira, 22 de março de 2011

No sacrifício

Artilheiro do Campeonato Espanhol ao lado de Lionel Messi com 29 gols, Cristiano Ronaldo faz uma temporada perfeita. Porém, há muito tempo o gajo vem atuando no sacrifício. Contra o Málaga, na 26ª rodada, Ronaldo marcou três vezes e foi substituído pela primeira vez na temporada. Foi a primeira de duas lesões que estão impedindo o craque português de atuar em alto nível novamente. No dérbi do último sábado, mais uma vez o português sentiu uma lesão muscular, e o tempo de recuperação desta vez pode demorar: os primeiros exames revelaram uma lesão de grau um no bíceps femural da perna esquerda, fazendo com o que o jogador nascido na Ilha da Madeira fique de fora dos gramados por três semanas.

Cristiano Ronaldo jogou sem permissão médica, mas com autorização de Mourinho. No final, acabou lesionado e é dúvida para o jogo contra o Tottenham (reuters)

Ausência confirmada dos compromissos da seleção portuguesa nas eliminatórias para a Eurocopa de 2012, CR7 passou a ser dúvida também do jogo de ida das quartas de finais da Liga dos Campeões, contra o Tottenham, no Santiago Bernabéu. O grande porém dessa situação toda é que José Mourinho, treinador do Real Madrid, soube um dia antes da partida de ida das oitavas, contra o Lyon, que o português não teve permissão do departamento médico para atuar no Gerland. Na coletiva pré-jogo, perguntado sobre uma possível sobrecarga (Cristiano Ronaldo foi, antes do jogo contra o Málaga, o único jogador a disputar os noventa minutos em todas as partidas), o português foi sincero: "não estou 100%, mas irei jogar.". O técnico português também foi perguntado se o meia-atacante tinha condições de atuar os noventa minutos e, após perguntas ao jogador, declarou: "se disse que está bem, jogará.".

Três semanas se passaram e uma lesão fez com o craque ficasse duas semanas como baixa. Entretanto, o mesmo erro foi cometido pela parte do Mourinho. Dias anteriores ao dérbi as mesmas cenas foram ocorridas. Mesmas perguntas, mesmas respostas. No final, já sabemos o que aconteceu. Em ambos os jogos após a volta do português aos gramados depois da primeira lesão, Mou substituiu Cristiano Ronaldo antes dos setenta minutos, evidenciando que o Ronaldo ainda não estava no ápice de sua forma. No entanto, apesar da lesão, o fato de Mourinho ter forçado um jogador que não estava 100 casou outra consequência nos vestiários. Alguns jogadores importantes comentaram o caso, mas não foram além para não causar uma certa polêmica.

No final das contas, o que fica claro é que CR7 será baixa entre duas ou três semanas, nas quais o time fará jogos decisivos na temporada, como bem já definiu Valdano. Cristiano Ronaldo é uma unanimidade para Mourinho, que só foi forçado a substitui-lo, pois o jogador reclamou de desconfortos. Esse fato desagradou alguns jogadores, mas nos dois próximos meses que restam para o término da temporada, Cristiano Ronaldo e seus companheiros só têm uma mesma ganância: a conquista da tríplice coroa.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Resumo: 29ª rodada (2ª parte)

Rakitic comemora: o Sevilla mudou após a contratação do croata, autor do gol da importante vitória no Mestalla contra o Valencia (AP Photos)

A segunda parte da 29ª rodada ficou marcada por jogos diretos envolvendo competições europeias e a zona de rebaixamento. Nos dois mais importantes, Villarreal e Sevilla conseguiram cruciais vitórias fora de casa e colocaram mais fogo na disputa por uma das vagas na Champions League. Os amarillos, que foram beneficiados pela vitória sevillista ante o Valencia, voltaram à terceira colocação e podem ter dado adeus à má fase que assolava o clube na Liga Espanhola. Os andaluzes, por sua vez, contaram com um inspirado Javi Varas e um esforçado Rakitic para segurarem o Valencia e levarem três pontos essenciais para a Andaluzia antes da Data FIFA.

Na parte debaixo da tabela, mudanças significativas: o Hércules sofreu uma goleada em pleno Rico Pérez para o Osasuna e assumiu a última colocação, graças à vitória do Málaga ante o Espanyol, que vê a vaga na Champions se distanciar a cada jogo. O Deportivo, derrotado pela surpresa Levante, caiu para a décima sexta posição e já vê o fantasma do rebaixamento ameaçar. Confira a segunda parte do resumo da 29ª rodada.

Valencia 0x1 Sevilla
O Sevilla desta temporada pode ser dividido em antes e depois da chegada de Rakitic. O de antes era um time inofensivo, sem pegada e que, sobretudo, era totalmente desorganizado no meio-campo. O de hoje, com o croata titular indiscutível, voltou a apresentar um futebol bonito, veloz e, principalmente, inteligente, com o ex-Schalke sendo o principal fantasista da equipe, que necessitava claramente de um. A vitória contra o Valencia foi apenas mais uma prova de como o croata era a peça do quebra-cabeça que faltava ao elenco pobre de Manzano, e se os aficionados sevillistas viam a temporada praticamente encerrada após a eliminação na Liga Europa, motivos para esquecer isso é o que não falta: o time derrotou um dos concorrentes diretos por Champions - com gol de Rakitic, diga-se de passagem - e viu uma brecha para cravar uma vaga na próxima competição se aproximar. Outro que merece destaque pela vitória é, sem dúvidas, Javi Varas. O goleiro rojiblanco parou de todas as maneiras possíveis Soldado e, principalmente, Jonas, que desperdiçou muitas ocasiões claras de gol.

O segundo tempo ganhou mais emoção, sobretudo porque as duas equipes partiram para o tudo ou nada. Dabo, titular na esquerda, era motivo de folia por parte de Joaquin, que levou muito perigo ao gol de Javi Varas. Aberto pela esquerda, Mata também deu bastante trabalho para Alexis, que voltou ao estádio durante atuou por duas temporadas. Rakitic atuava com sobressaliência no meio, onde Tino Costa e Topal bateram cabeça durante boa parte da segunda etapa. Quando parecia que iria abrir o placar, após jogar bola na trave com Mata e ver Varas desdobrar-se para espalmar uma cabeçada de Soldado, o Valencia acabou sofrendo um duro golpe: Topal não conseguiu afastar uma bola alçada à área por Alexis, e Rakitic, que havia aproveitado rebote de um chute de Negredo, fuzilou de canhota as redes de Guaita, que também esteve brilhante na partida, para definir o resultado. O croata, com o gol, garantiu mais três pontos chaves para o Sevilla - o sétimo, no total - e vai caindo nas graças da torcida. Com Rakitic, o retorno do bom futebol de Jesus Navas, que deu um banho em Mathieu, e Negredo e Kanouté na frente, não há dúvidas de que o Sevilla está vivo na temporada e vai com tudo para cumprir suas pretensões de início de temporada. Como bem disse Del Nido, presidente do clube, a equipe continua na briga por Liga dos Campeões.

Athletic Bilbao 0x1 Villarreal
Os 47 mil espectadores que lotaram o San Mamés para o jogo decisivo contra o Villarreal saíram de lá com o gosto de decepção. A frustrada derrota para os amarillos deixaram os leones a doze pontos da zona de Liga dos Campeões. O Villarreal, por sua vez, pode ter abandonado a má fase e, de praxe, voltou à terceira posição. Hoje os amarillos mostraram não é só um time que pratica um bom futebol do meio para frente: a defesa atuou de maneira impecável, sobretudo o capitão Gonzalo, e parou os ataques dos leones, principalmente antes do primeiro gol. Mario teve trabalhos redobrados com Muniain, que era a principal válvula de escape do time da Catedral. A solidez defensiva do time da Comunidade Valencia pode ser comprovada nos números: o Athletic Bilbao teve 54% da posse de bola, mas só levou perigo à meta de Diego López em lances de Llorente.

Graças a estratégia de se defender, Garrido praticamente abdicou dos contra-ataques durante boa parte do jogo. Sem Nilmar, lesionado novamente, Marco Rúben foi titular, mas parecia sem sintonia com Rossi. Borja Valero passou o primeiro tempo inteiro anulado por Javi Martínez, que dominou a batalha travada no meio-campo. Mas o ex-jogador do Mallorca mostrou por que é importante para este Villarreal. Após receber com espaços na esquerda, fez boa jogada em cima de Iraola e cruzou na medida para Rúben, que chegou ao seu décimo gol na temporada. No minuto seguinte, Llorente esteve a ponto de empatar, mas Diego López salvou brilhantemente seu tento. Os rojiblancos sentiram o gol e tiveram seu ímpeto diminuido. Muniain passara a ser marcado com mais contudência por Mario, e o Villarreal passou a administrar a partida com inteligência. Pela primeira vez na temporada os aficionados euskaras saíram do San Mamés sem comemorar um gol, no jogo que pode ter marcado o adeus do Athletic Bilbao à próxima Champions League.

Deportivo 0x1 Levante
Um gol de Ruben Castro, de falta, aos 46 minutos do segundo tempo deu ao Levante um merecido triunfo e confirmou o ótimo 2011 vivido pelo time granote. Se computados apenas os resultados do segundo turno, o time comandado por Plaza estaria na terceira colocação, atrás apenas de Barcelona e Real Madrid. O Levante foi mostrando suas pretensões desde o primeiro minuto, quando Valdo, de cabeça, e Caicedo acertaram o travessão de Aranzubia. O Deportivo, no 4-2-3-1 com Juan Rodríguez de enganche, jogava muito preso no meio-campo. Nouioui, novidade na equipe, respondeu com um chute que passou rente a trave esquerda de Munúa, ex-blanquiazul. Se, na primeira etapa, o Deportivo pode ter comemorado pelo fato de não ter sofrido gols, a comemoração quase foi repetida, não fosse a falha de Aranzubia nos acréscimos. O goleirou acabou traído por uma falta cobrada de maneira fraca por Castro, manchando sua bela partida.

Guardado, retornando de lesão, não acrescentou nenhum pode de fogo ao Deportivo, que atuou de maneira decepcionante em seus domínios. Se, há dois meses, a palavra rebaixamento praticamente não existia no dicionário da equipe galega, o alerta fica ligado, pois o Deportivo está a dois pontos do Málaga, primeiro da zona de rebaixamento. O Levante, por sua vez, vive um de seus melhores momentos nos últimos anos, o que se deve a, principalmente, Plaza, que remodelou a equipe num 4-2-3-1, módulo que soube unir jogadores como Juanlu e Valdo. Monteiro, que já havia mostrado potencial no Villarreal, caiu como uma graça no meio-campo do time, e dá muita mobilidade pelo lado esquerdo do campo. A má notícia fica por conta de Caicedo, que saiu lesionado. O jogador já está de fora dos compromissos da seleção colombiana e, o pior, poderá perder a continuidade da temporada, assim como a Copa América. A oito do Sevilla, será que os granotes poderão cravar uma vaga na Liga Europa? Muito provavelmente, não. Mas, de qualquer maneira, a equipe de Valencia está de parabéns pela reviravolta no campeonato.

Málaga 2x0 Espanyol
Parece que desde que chegou à Andaluzia a principal função de Salomón Rondón é, quem diria, tirar o Málaga do apuro. El Gladiador é um atacante moderno, goleador, que com o doblete de ontem, igualou a melhor marca de um venezuelano no futebol espanhol em uma única temporada. Os 12 gols anotados igualou a cifra de Arango, ex-Mallorca. Um seguro de vida para este Málaga, que, 44 rodadas depois, finalmente conseguiu emplacar duas vitórias consecutivas e saiu da lanterna da competição. Se o protagonista foi o venezuelano, o meio de campo do Málaga, especialmente Apoño, Recio e Portillo, compartilharam com Oscar os melhores lances do jogo.

Do lado catalão, um Espanyol sem reação. Verdú, jogando mais defensivamente, não mostrou metade de seu futebol quando exerce uma função ofensiva e Luis Álvaro, Sergio Garcia e Iván Alonso foram figuras anuladas por parte blanquiazul. Outro problema que já está em evidência há tempos, é o fato da defesa périca estar passando por momentos de dificuldades desde que Víctor Ruiz e Didac Vilà rumaram ao futebol italiano. Forlín, ausente por uma lesão no joelho, também é falta sentida, pois Amat e Galán não consegue demonstrar confiança em nenhum momento. A vantagem para o quarto colocado que já chegou a ser de apenas seis pontos, agora é de onze, e é muito improvável pensar em Espanyol na próxima Champions. A briga, agora, fica por uma vaga na Liga Europa, onde se a equipe voltar a tropeçar com equipes medianas, pode ficar ameçada.

Hércules 0x4 Osasuna
O fim da linha para Esteban Vigo no comando técnico do Hércules chegou. A derrota acachapante para o Osasuna em pleno Rico Pérez foi o estopim de uma crise que dura há tempos. Além da demissão, o Hércules assumiu a lanterna pela primeira vez na temporada e não tem mais a paciência dos aficionados, que vaiaram muito após o apito final. Irritado, Farinós apontou o dedo do meio para parte dos torcedores presentes no Rico Pérez, mas, arrependido, pediu desculpas e aproveitou para pedir calma aos torcedores. Nomes como os de Víctor Muñoz, Víctor Fernández e Hugo Sánchez são os mais falados para substitução de Boquerón. Porém, todos esses sabem que terão muito trabalho pela frente. Se os alicantinos já não convencem quando têm Trezeguet, Valdez e Drenthe em campo, se eles a situação é tensa. E foi isso que aconteceu no jogo de ontem.

A situação entre as duas equipes se inverteu. Hoje o Osasuna joga um futebol aguerrido e, após a chegada de Mendillibar, a situação nos vestiários se amenizou, diferentemente do primeiro turno, quando brigava contra o rebaixamento. O gol de Camuñas logo aos 10 minutos inverteu o rumo do jogo, já que o Hércules era quem dominava no início. Os blanquiazules sentiram o tento, e foram apenas mais uma presa do Osasuna no segundo turno. A de se destacar o momento vivido por Kike Sola. O atacante disfruta de um grande momento na temporada. Autor do quarto gol, trabalhou duro e participou também do gol de Nelson, que marcou seu primeiro tento desde 2006. O espanhol está sendo decisivo perante as ausências de Pandiani e Aranda, quando esperava-se que o Osasuna iria cair de produção.

sábado, 19 de março de 2011

29ª Rodada (1ª parte): Mais do mesmo

Özil vibra na nova vitória do Real Madrid ante o Atlético de Madrid. Já são 21 dérbis sem vitória do lado vermelho e branco da capital (AP Photos)

A abertura da 29ª rodada teve como destaque o dérbi de Madrid. Como já tem virado praxe nos últimos anos, quem saiu comemorando foi a parte branca da capital: em uma nova boa partida de Benzema, os merengues venceram os rivais rojiblancos e não deixaram o líder Barcelona, que venceu o Getafe mais cedo, escapar, em dérbi que ficou marcado, também, pelos gritos de "Morte, Cristiano Ronaldo" e "Marcelo é um macaco" entoados pela principal torcida organizada do Atlético de Madri. A LFP ainda não se pronunciou, mas é quase certo que o Atlético de Madrid tome multa pelo cântico racista ao brasileiro. Confira a primeira parte do resumo da 29ª rodada.

Atlético de Madrid 1x2 Real Madrid
O tabu continua. Mais uma vez, o Atlético de Madrid foi impotente ante seu maior rival e saiu de campo derrotado. Agora, a racha negativa chega a 21 dérbis (11 anos), e o Atlético de Madrid pode ver o Sevilla distanciar-se na briga por uma das vagas na Liga Europa. Hoje o time de Manzanares jogou bem, mas como já tem sido substancial na temporada, não aproveitou as oportunidades que teve para chegar a vitória. Agüero e Reyes eram os que mais tentavam, mas pararam num Casillas inspiradíssimo. Forlán voltou a jogar mal, foi substituído cedo e já começa a por em xeque seu futuro em Madrid. Durante a semana, chegou a dizer que se recebesse proposta da Itália, aceitaria, e a Juventus é uma das mais interessadas em levar o melhor jogador da última Copa a Turim.

O Real Madrid, por sua vez, foi fatal quando chegou à meta de De Gea, que evitou que uma goleada fosse construída no primeiro tempo. Marcelo confirmou a ótima fase vivida, e praticamente impediu que Ujfalusi que subisse para ajudar nos ataques. Jogando no 4-3-2-1, com Khedira, Lass e Xabi Alonso, o volante alemão teve mais liberdade para participar das jogadas ofensivas. E foi em um dos passes do camisa 24 que Benzema recebeu em condição e tocou com categoria para abrir o placar para os blancos. O francês é outro que vive ótima fase e parece ter acordado para a profissão: o gol foi o nono no segundo turno, onde é o artilheiro ao lado de Messi. O Atlético de Madrid não se intimidou com o gol rival e continou em cima. Porém, Ricardo Carvalho atuava como um senador na zaga e Casillas defendia tudo que é bola chutada em direção ao gol. Quando parecia que o Atléti iria empatar, o Real Madrid aumentou a vantagem no placar. Aos 23', Marcelo cruzou e achou Özil, até então apagado, que bateu de primeira para o gol. De Gea ainda encostou na bola, mas não conseguiu impedi-la de entrar.

O Atlético voltou muito bem para o segundo tempo, mas Casillas esteve sempre lá para segurar o ímpeto dos colchoneros. Em um dos lances perigosos, Tiago lançou Agüero, que ficou de frente para Casillas. Mas o goleiro titular da seleção espanhola espalmou o chute do argentino. De tanto esforço, os colchoneros finalmente conseguiram alcançar o gol. Agüero tabelou com Koke e enfim conseguiu vencer Casillas. Mas aí já estava tarde para chegar ao empate. Ao término da partida, tanto Quique como Mourinho criticaram o árbitro Teixera Vitienes. Para o Real Madrid, fica a boa lição de que daqui para a frente, cada jogo será como um final de campeonato e, como Valdano afirmou, "a parte mais importante e decisiva da temporada chegou." O Atlético de Madrid, por sua vez, pode ver o Sevilla distanciar e, além disso, viu o Mallorca aproximar (a Real Sociedad também pode se aproximar). A temporada que começou com indícios de promissora após o título de Supercopa contra a poderosa Inter de Milão vai se tornando a cada jogo um pesadelo e a não-classificação a uma competição europeia pode ser a cereja do bolo.

Barcelona 2x1 Getafe
Em partidas de homenagens a Abidal, o Barcelona jogou para o gasto e saiu com uma vitória magra diante do Getafe. Antes de a bola rolar, o telão do Camp Nou exibiu um vídeo de três minutos com imagens de Abidal e mensagens de apoio ao lateral. Emocionados, os torcedores exibiram faixas para o francês e aplaudiram o atleta. Os jogadores de Barça e Getafe entraram em campo com camisas lembrando o colega, com os dizeres "Te amamos, Abidal". Depois que a partida começou, a torcida fez nova homenagem aos 22 minutos (número da camisa de Abidal) com uma calorosa salva de palmas.

Nas quatro linhas, bela partida de Daniel Alves, autor de um golaço, que terá reunião na casa do presidente Sandro Rosell para renovar seu contrato com o clube catalão. Bojan, que disputou seu jogo de número 100 com a camisa azulgrená, também fez bela partida, consagrada com o gol na segunda etapa. Villa, porém, esteve em noite bem atípica e desperdiçou muitas ocasiões claras de gols. Muito bem marcado por Casquero, Messi esteve em noite calma, assim como Xavi e Iniesta, também muito bem marcado pelos jogadores de meio-campo dos azulones. O 2 a 0 passava tranquilidade ao Barcelona, mas Manu Del Moral, que marcou seu quarto gol em cinco jogos contra o líder, chegou ao gol aos 42' minutos do segundo tempo e a acomodação virou sofrimento. No último lance, Albín recebeu em condição, mas demorou a chutar e teve seu chute interceptado por Adriano. Os três pontos foram fundamentais para o Barcelona, que terá um grande desafio após a Data FIFA: sem Xavi, suspenso, irá até o El Madrigal encarar o Villarreal. Míchel pode ter se orgulhado de seu time, mas ao final da rodada a consequência pode ser pior: caso Levante, Osasuna e Deportivo vençam, o Getafe pode cair mais duas posições, chegando a 14ª.

Mallorca 1x0 Zaragoza
O Mallorca conquistou ante o Zaragoza sua décima-segunda vitória no campeonato graças a um tento do canadense naturalizado holandês Jonathan De Guzmán. A vítoria importante ante os maños, põe o Mallorca na briga por uma das vagas na Liga Europa: a diferença para o Sevilla, último da zona, é momentaneamente de apenas 1 ponto. O triunfo sofrido saiu graças a um erro bobo de Da Silva, que afastou mal uma bola que caiu no pé direito do holandês, que chutou firme para as redes de Leo Franco, que havia acabado de entrar em campo, pois Doblas havia sido expulso. O triunfo foi sofrido por causa da insistência do Zaragoza em chegar ao gol de empate. Os maños, mesmo com um a menos, mandaram na partida durante o segundo tempo, mas Braulio esteve em noite infeliz. Em um de seus lances desperdiçados, fez boa jogada pela direita, tabelou com Gabi e, após driblar Aouate, acabou vendo Ramis salvar na linha um tento seu. Após um começo de 2011 promissor, o Zaragova vê o fantasma do rebaixamento se aproximar novamente e a queima de gordura acabou.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Má fase escondida

Villarreal é favorito para conquista da Liga Europa, mas a atenção também deve ser voltada à Liga Espanhola (getty images)

Na última quinta-feira, 17 de março, o Villarreal voltou a vencer o Bayer Leverkusen e avançou para as quartas-de-finais da Liga Europa, onde irá encarar o Twente, da Holanda, como definiu o sorteio desta sexta-feira. Porém, a classificação comemorada às quartas da segunda principal competição europeia escondeu o outro lado da moeda do Villarreal: a má fase vivida pela equipe.

A temporada do Villarreal começou ganhando dimensões a cada jogo. A derrota para a Real Sociedad na estreia da Liga colocou em xeque o poder de fogo do elenco comandado por Garrido. Com o exemplo negativo da temporada 2009/10, quando frequentou a zona de rebaixamento durante quase um turno e, por causa dos pontos desperdiçados, deixou de cravar uma vaga na Champions, o Villarreal passou a acordar para o campeonato: emplacou uma sequência de nove vitórias consecutivas e confirmou a alcunha de "melhor time do campeonato paralelo a Barcelona e Real Madrid".

Porém, desde o início do ano, tudo tem conspirado contra os amarillos. Primeiro, a lesão de um de seus principais jogador, Nilmar; segundo, a lesão séria de um dos líderes do vestiário, Ángel. Sem confiança em Catalá, Garrido pediu à cúpula amarilla a contratação de Cicinho, sem prestígios na Roma. O brasileiro, entretanto, não conseguiu ganhar a confiança do técnico, que, sem opção, tem utilizado com mais frequência o canterano. A fase vivida pelo Villarreal hoje é bem diferente do primeiro semestre.

Desde a eliminação sentida na Copa do Rei, ante o Sevilla, a má fase passou a envolver o vestiário do time. De 05 de fevereiro até hoje, apenas uma vitória conquistada em sete partidas. O El Madrigal, principal trunfo da equipe na temporada, foi lugar de pontos desperdiçados bobamente: empates contra Málaga e Sporting Gijón e uma derrota surpreendente para o Hércules. A vantagem confortável de seis pontos para o Valencia foi diminuindo a cada jogo e hoje é o Villarreal que corre atrás: está a quatro pontos do time ché e com um confronto direto no Mestalla. O futebol exercido pelas duas equipes parece ter se invertido de um tempo para cá. O Valencia, que praticava um futebol pragmático, atua de maneira mais solta, com uma posse de bola envolvente e, apesar da eliminação na Champions, é favorito, hoje, para cravar a terceira vaga para a Champions.

Além disso, a má fase do Villarreal e a sequência de pontos não-conquistados colocou em risco até a quarta colocação. Athletic Bilbao, Espanyol, Sevilla e Atlético de Madrid passaram a acreditar numa possível vaga para a próxima Champions League, o que esquentou a briga pela competição europeia. A boa fase vivida na Europa pode colocar o Villarreal de volta ao caminho da vitória na Liga Espanhola e a prova pode ser neste final de semana: no domingo, em um dos dois confrontos diretos por Champions League, o Submarino Amarelo vai até o País Basco enfrentar o bom time do Athletic Bilbao e uma derrota pode ligar mais ainda o alerta castelonense.

A classificação

O duelo no El Madrigal mostrou os amarillos sempre muito absoluto em relação aos alemães, ao contrário do que aconteceu na ida, quando o Bayer foi melhor, mas não conseguiu converter em vitória as chances obtidas. Com a vantagem obtida no jogo de ida, o Submarino Amarelo tocava melhor a bola no meio-campo e envolvia a defesa rival, que pouco conseguia coibir. Em uma dessas triangulações, Rossi saiu na cara de Adler após um lançamento de Cani e tocou na saída do goleiro, mas acabou mandando para fora. Porém, na segunda chance, veio o gol. Cazorla correu com a bola dominada, tocou para Rossi e se infiltrou no meio da zaga. Aproveitando-se da linha de impedimento burra do Bayer, o meia saiu cara a cara com o arqueiro rival, e tocou firme no canto esquerdo, abrindo o placar no El Madrigal e praticamente sacramentando a classificação às quartas.

Depois do tento sofrido, o Leverkusen ainda ameaçou o Villarreal em duas oportunidades antes do intervalo; porém, nas duas vezes, Renato Augusto chutou perigo para fora. Na segunda etapa, teve mais Villarreal. Para desespero dos visitantes, mais uma tabela deu o segundo gol ao time de Castilla y León. Desta vez em papéis invertidos, Cazorla serviu Rossi que, de direita, tocou na saída de Adler para marcar. Ainda antes do fim, aos 38 minutos do segundo tempo, veio o gol de honra merecido aos germânicos. Após cruzamento da direita, Derdiyok se esticou todo e conseguiu desviar a bola para as redes. Renato Augusto ainda quase marcou um golaço da entrada da área, mas era tarde demais para uma reação.

Chegar longe na Liga Europa pode render bons dividendos ao Villarreal. Especula-se bastante que a Juventus esteja tentando levar Rossi a Turim, em junho. Nilmar, que voltou a jogar bem após a lesão, tem seu nome ligado a Real Madrid e Barcelona, e Cazorla vem sendo especulado com força no futebol inglês. A conquista da Liga Europa é um sonho provável, mas a atenção também deve ser voltada à Liga Espanhola, onde a equipe perdeu pontos essenciais e viu uma vaga quase cravada na próxima Liga dos Campeões ficar em evidência.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Pós-jogo: Real Madrid 3x0 Lyon

Marcelo executou partida soberba, ofensiva e defensivamente. Abre o olho, Mano! (Getty Images)

Desconfiança somada à confiança. Esse era o tenso ambiente do Santiago Bernabéu, com mais de 70 mil espectadores. Durante toda a semana só se falava em uma coisa: Cristiano Ronaldo joga ou não? Ele jogou, mas mostrou falta de ritmo e passou longe do protagonismo na partida.

As duas equipes apostaram no mesmo esquema tático, o 4-2-3-1. José Mourinho teve Benzema, que finalmente parece adaptado aos blancos, como centroavante. O ex-jogador do Lyon vem de uma boa sequência após anotar o primeiro tento do jogo em Gerland. Nos gones, havia uma grande diferença: Lisandro López, que costumava jogar na linha de três por trás do centroavante, hoje ocupou a posição mais avançada. Assim, Gomis – o autor do gol de empate na França – ficou no banco de reservas e Briand entrou para jogar aberto pela direita.

Os dois times concentraram suas ações no lado esquerdo, pois Cissokho e Marcelo eram os laterias que mais apoiavam. O brasileiro foi o comandante da “blitz” inicial e o gol merengue surgiu no momento certo, aos 37 minutos, quando o Lyon entrava na partida e dificultava os trabalhos madrilenhos, que tinha a dupla de zaga amarelada. E foi golaço. Marcelo ganhou no meio, passou para CR7, que trocou de pé e devolveu ao lateral, que driblou Cris e Lovren, antes de finalizar de canhota para às redes.

O 1 a 0 deu a tranquilidade ao Real, que podia ter ido com vantagem maior aos vestiários. Os franceses voltaram em busca da virada, mas com seus meias jogando mal, nada pôde ser feito. Pepe até tentou atrapalhar o Real, muito irritado, o luso-brasileiro; bateu, bateu, acertou adversários sem bola, só não foi expulso, pois o árbitro da partida ignorou a maioria dos lances.

O Real passou a jogar inteligentemente, segurando a bola e fazendo ela rodar. Aos 20, Benzema definiu o placar, aproveitando ótimo passe de Marcelo e absurda falha defensiva dos gones. Di María no final transformou a vitória em goleada, após passe de cabeça genial de Özil. O alemão novamente jogou bem, mostrando que Kaká terá muitas dificuldades para achar seu lugar entre os onze.

Após o jogo, os jogadores de Real e Lyon homenagearam e desejaram ânimo e força ao companheiro de profissão, Abidal. Sobre a próxima fase, Mourinho já disse não querer enfrentar Inter e Chelsea, times que têm ligação emocional. Já Casillas, não quer ver Raúl novamente no Santiago Bernabéu. Lembrando que o sorteio ocorre na sexta-feria, às 8h da manhã e não há nenhum direcionamento, todos podem enfrentar qualquer equipe.

3 a 0, com direito a olé, foi assim que o ambiente de tensão em Madri se tornou festa. O Real volta às quartas-de-final, após seis de eliminações seguidas na primeira fase de mata-mata da LC. Por outro lado, Mourinho mantém sua sequência de 13 partidas, sem ser eliminado em partidas eliminatórias. Superado o trauma, com um ótimo time e Mourinho no comando, os blancos seguem fortes na briga pela taça das grandes orelhas.

Confira também o resumo de Filipe Papini, do Brasil Lyonnais, clicando aqui

Real Madrid 3x0 Lyon
Real Madrid: 1- Casillas; 4- Sergio Ramos, 3- Pepe, 2- Ricardo Carvalho, 12- Marcelo; 14- Xabi Alonso, 24- Khedira, 22- Di María (11- Granero – 78’), 8- Özil, 7- Cristiano Ronaldo (28- Adebayor – 73’); 9- Benzema (10- Lass Diarra – 83’). Téc: José Mourinho
Banco: 13- Adán, 17- Arbeloa, 18- Albiol, 10- Lass Diarra, 11- Granero, 16- Canales e 28- Adebayor
Lyon: 1- Lloris; 13- Réveillere, 3- Cris, 5- Lovren, 20- Cissokho; 28- Toulalan, 6- Källstrom; 7- Briand (18- Gomis - Intervalo), 29- Gourcuff (24- Pied – 68’), 19- Delgado (8- Pjanic – 79’); 9- Lisandro. Téc: Claude Puel.
Banco: 30- Vercoutre, 4- Diakhaté, 12- Kolodziejczak, 21- Gonalons, 24- Pied, 8- Pjanic e 18- Gomis
Árbitro: Damir Skomina
Gols: Marcelo, aos 37’; Benzema, aos 66’ e Di María, aos 76’ (Real Madrid).
Cartões amarelos: Carvalho e Pepe (Real Madrid) e Cissokho e Gourcuff (Lyon).

Veja também
Barcelona 3x1 Arsenal
Schalke 04 3x1 Valencia

terça-feira, 15 de março de 2011

Resumo: 28ª rodada

Jesus Navas comemora o gol que reabriu a disputa pelo título. Vantagem do Barcelona em relação ao Real Madrid diminuiu para cinco pontos (eldesmarque)

Campeonato reaberto. Após os resultados dessa rodada, o Campeonato Espanhol voltou a ter a luta pelo título emocionante. Após a vitória do Real Madrid contra o Hércules e o empate do Barcelona ante o Sevilla, a diferença entre as duas equipes diminuiu para cinco pontos e, a dez rodada do fim, o até então "desacreditado" Real Madrid voltará suas atenções agora para a Champions League, onde tem jogo decisivo contra o Lyon. Outra disputa bastante embolada é a das competições europeias. Pela Champions, Valencia e Villarreal tropeçaram e Espanyol e Athletic Bilbao aproveitaram, apesar do último com apenas um empate. Sevilla e Atlético de Madrid, com 39 pontos, ainda sonham, mas a vaga na Liga Europa para duas das grandes decepções da temporada irá ficar de bom tamanho. Confira o resumo da 28ª rodada.

Sevilla 1x1 Barcelona
Animado após a classificação para as quartas de finais da Champions League, o Barcelona foi à Andaluzia para encarar um Sevilla que a cada jogo vem crescendo na competição. Antes do jogo, porém, a despedida de Luis Fabiano, que nesta semana acertou seu retorno ao São Paulo e foi ovacionado pelos aficionados presentes no Ramón Sanchéz Pizjuan. Com a bola rolando, o Barcelona dominou durante todo primeiro tempo, mas só conseguiu colocar a bola para os fundos das redes apenas uma vez. Logo no começo, Pedro saiu de campo lesionado, para a entrada de Bojan.

El Principito, que estava há três meses sem marcar, aproveitou belo lançamento de Iniesta para Daniel Alves, que ajeitou para o camisa nove azulgrená só empurrar para as redes. No segundo tempo, Manzano sacou o nervoso Zokora para a entrada de Kanouté. Jogando de maneira mais recuada, o malinês mudou a cara da partida. O Sevilla cresceu de produção com a entrada do atacante e, mais veloz, passou a vencer o combate no meio-campo, onde o Barcelona levava clara vantagem. Em um contra-ataque rápido, Negredo protegeu de Piqué e cruzou na medida para Jesus Navas marcar seu primeiro gol na competição. O jogo, que parecia estar na mãos do Barcelona, ficou extremamente parelho, com as duas equipes tendo oportunidades do gol da vitória. Para o Sevilla, fica a boa notícia de que o time soube encarar de frente o Barcelona após uma mudança radical na postura. Para o Barcelona, fica o alerta de que o campeonato voltou a estar totalmente reaberto. E o superclássico está chegando.

Real Madrid 2x0 Hércules
Muito Benzema, pouco futebol. O francês parece ter enfim acordado para a vida e marcou seu sétimo gol no returno. O francês acumulou seu terceiro doblete consecutivo, igualando a marca de Cristiano Ronaldo, que havia conseguido no primeiro turno. A boa fase de Benzema, somada ao futebol opaco de Adebayor, já fazem em unanimidade a torcida pedir o francês como titular no jogo contra o Lyon. Claramente com a cabeça no jogo contra os franceses, o Real Madrid jogou para o gasto. Sem oferecer nenhum perigo real de gol, o Hércules chegou a 1031 minutos sem marcar um gol fora do Rico Pérez. Özil e Di María, abertos pelos flancos no inédito 4-4-2 de Mourinho, foram os principais condutores da equipe. O turco-alemão, com a classe de sempre, não precisou fazer uma partida com as quais está costumado a fazer, mas fez o simples: armou a equipe e acalmou toda a bola que passava pelo meio-campo. O argentino uniu o útil ao agradável: infernizou a vida de Juanra e brigou demais pela bola. Com Cristiano Ronaldo de volta, o Real Madrid concentrará suas forças na Uefa Champions League.

Almería 2x2 Atlético de Madrid
Para o Atlético de Madrid, não bastou ter Agüero. O que adianta ter um atacante top se a zaga é uma das piores da europa? Outro que merece - e muito - destaque é, como sempre, De Gea. O goleiro. O arqueiro fez pelo menos duas defesas essenciais na segunda etapa, quando o Almería pressionava em busca do gol da virada.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Jogadores Históricos: Adrián Escudero

No último dia 7 de março, faleceu na capital espanhola um dos maiores ídolos da história do Atlético de Madrid. Trata-se de Adrián Escudero, o maior artilheiro dos rojiblancos de todos os tempos. Uma perda sentida por parte dos aficionados colchoneros, que respeitava e tratava a imagem do jogador com extremo respeito. Com 170 tentos, Escudero militou no Atlético de Madrid durante toda sua carreira, onde foi campeão da Liga Espanhola duas vezes. O primeiro título, em 1950, encerrou uma racha negativa que já durava dez anos sem títulos de expressão por parte colchonera. Pela seleção espanhola, não apareceu muito. Trajou a camisa roja apenas três vezes e marcou um gol, contra a Argentina, em 1952.

Nascido em Madrid, desde cedo Escuredo já mostrava o futebol era seu rumo. Profisionalizou-se nas divisões de base um pequeno clube no bairro onde morou, o Banco Hispano Americano. Lá, disputou a segunda divisão regional, onde passou a atrair as atenções de vários olheiros. Com 16 anos, o Mediodía o contratou para disputar a terceira divisão da temporada 1944/45, mas Escudero não demorou muito tempo lá: após um confronto pela Copa Eva contra o Atlético de Madrid (à época, Atlético Aviación), os dirigentes colchoneros ficaram impressionados com a habilidade do jovem Escudero e mesmo com a goleada imposta, contratam o garoto por 10 mil pesetas.

Em 1945/46, o jovem ficou disputando partidas pelo time B do Atléti e, de vez em quando, aparecia no banco de reservas do time treinado por Ricardo Zamora. No dia 27 de janeiro de 1946, com a baixa de seu titular, Zamora deu chance ao garoto no time titular. Contra o Barcelona de Suryal, o Atlético Aviación perdeu por 2 a 1 no Camp Nou, mas Escudero passou boa imprensão. Nessa temporada, o Sevilla acabou ganhando seu primeiro - e único - título do campeonato espanhol e Telmo Zarra acabou sendo o pichichi. O Atlético Aviación acabou no meio da tabela, com 26 pontos em 26 jogos, e 50 gols feito, o quarto melhor ataque. Em janeiro de 1947, o Atlétivo Aviación enfim passou a se chamar Atlético de Madrid e, para comemorar a data, um jogo comemorativo contra o Sabadell foi disputado. O jovem Escudero, então, passou a chamar a atenção dos aficionados após esta partida, na qual anotou um hat-trick na vitória colchonera por 3 a 1. Porém, mesmo anotando gols e fazendo partidas ótimas, o Barcelona de César Rodríguez era quem mandava na Espanha, e foi bi-campeão espanhol em 1947/48 e 1948/49.

Em 1949/50, entretanto, tudo começou a mudar de rumo. Para começar, Zamora foi demitido e, para seu lugar, foi contratado o argentino Helenio Herrera (que, depois, viria a tornar-se um mito do futebol, como treinador). Durante duas temporadas consecutivas, o Atlético de Madrid dominou o futebol espanhol e foi campeão da Liga duas vezes. Em 1950/51, com sabor especial para Adrián Escudero: o atacante foi o terceiro artilheiro da competição, ficando atrás apenas de César Rodríguez e do monstro Zarra. Junto com Pérez Paya, Ben Barek, Juncosa e Carlsson, formou a famosa e vitoriosa "delantera de seda".

Em 1955, completou nove anos trajando a camisa rojiblanco e a diretoria do Atléti resolveu homenageá-lo, em uma partida comemorativo contra os austríacos do Wiener Sport (que acabou em vitória do time de Manzanarez por 4 a 1). Ao término da temporada 1957/58, em que o Atlético de Madrid foi vice-campeão da Liga, decidiu se aposentar dos gramados, após o Atlético de Madrid não renovar seu contrato. Aposentou-se como um verdadeiro herói para os aficionados colchoneros. No total, disputou 287 partidas de Liga, onde marcou 150 gols. Apesar de passar toda sua carreira atuando como segundo atacante, Escudero a encerrou atuando como centravante. Como de praxe, encerrou a rotina de jogador para tornar-se técnico. A carreira como treinador, porém, não repetiu o sucesso enquanto jogador e Escudero resolveu se desligar em definitivo do futebol em 1963.

Em maio de 2009, compareceu a uma reunião especial com as outras lendas da história rojiblanca. Ao lado de Pereira, Calleja, Emilio Cruz, Marina, Callejo, Peiró, Collar, Garáte, Pedraza, Miguel Ángel Ruiz e Orosco, assistiu a final da Liga Europa entre Atlético de Madrid e Fulham, vencida pelos rojiblancos com dois gols de Forlán, a quem Escudero sempre foi um admirador. Aos 83 anos, faleceu em sua casa, em Madrid. O site oficial do Atlético de Madrid emitiu um comunicado logo após a confirmação do falecimento do histórico atacante: "O Clube Atlético de Madrid, em nome de Enrique Cerezo [presidente], Miguel Ángel Gil Marín [conselheiro], e todos os seguidores rojiblancos, transmite suas sinceras condolências à família de Escudero por uma perda tão irreparável. É um dia de luto. Descanse em paz.". Descanse em paz.

Adrián Escudero
Nome completo: Adrián Escudero García.
Data de nascimento: 24 de novembro de 1927.
Data de falecimento: 07 de março de 2011.
Clubes: Atlético de Madrid.
Títulos: 2 Campeonato Espanhol, 1 Copa da Eva.
Clubes como treinador: Atlético de Madrid e Badajóz.

domingo, 13 de março de 2011

Liga Adelante: O bom trabalho das filiais

Nolito é um dos destaques do Barcelona B e, como premiação, já apareceu no time comandando por Pep Guardiola (abola.pt)

A atual edição da Liga Adelante tem três times brigando ferrenhamente pelo título (Rayo Vallecano, Bétis e Celta Vigo), mas dois têm chamado a atenção. Trata-se das duas únicas filiais disputando a competição, Villarreal B e Barcelona B. De maneira surpreendente, as duas equipes estão entre os oito primeiro times e, caso fosse permitido, estariam disputando os play-offs, se o campeonato acabasse hoje. O Barcelona B, aliás, vai além: com jogadores que já marcaram presença em jogos de menos importância na Champions e Copa del Rey, tem o melhor ataque da competição (56 gols) e o vice-artilheiro, Jonathan Soriano (17 gols), ao lado de Quini, do Granada.

O processo de mudança do Barcelona B e a mudança da mentalidade dos jovens começou há algum tempo. Houve reestruturação do Atlètic, a começar pela designação de uma figura identificada com a instituição para comandar o projeto. Guardiola assumiu, foi terceiro colocado na Tercera División (a quarta), conseguiu a promoção da equipe e acabou confirmado para treinar o time principal na temporada seguinte. Guardiola tem sido vitorioso, como todo mundo deve saber. Mas o Barcelona Atlètic (em 2010 voltou a ser apenas “Barcelona B”) também vai bem, obrigado. O time já retornou à Segundona (onde não aparecia desde 1998-99) e briga pela ponta desde as primeiras rodadas. O estopim da má fase do ex-líder Bétis foi justamente contra os blaugrana, onde, atuando no Benito Villamarín, as duas equipes fizeram um dos melhores jogos da competição. O 1 a 1 foi bastante comemorado por Luis Enrique, técnico do Barcelona B, que viu que tem um promissor plantel em suas mãos.

O trabalho de Luis Enrique tem agradado aos dirigentes e o presidente Sandro Rosell, que chegou a afirmar que o ex-jogador pode ser um substituto de Guardiola no comando do time principal. Durante o início da competição, El Tourero teve seu contrato renovado pela diretoria culé, que demonstrou satisfação com o trabalho do treinador. A base do treinado tem sido Miño (Oier); Montoya, Bartra, Fontàs, Muniesa; Oriol, Carmona, Sergi Roberto, Jonathan dos Santos; Nolito, Soriano. Desses, Fontàs, Sergi Gómez, Oriol, Nolito, Victor Vázquez, Jonathan do Santos e Bartra já defenderam o time principal nesta temporada, por Liga dos Campeões, Campeonato Espanhol, Copa do Rei ou Supercopa da Espanha. Mas os nomes de mais destaque é do mexicano Jonathan, irmão de Giovanni dos Santos, e do atacante Nolito, que vem sendo assediado pelo Benfica. O Barcelona já ofereceu ao bom jogador um contrato exclusivo com o time A para a próxima temporada, mas segundo Josep Maria Bartomeu, vice-presidente do clube, o jogador não deseja seguir no time.

O Villarreal B, por sua vez, aparece na oitava colocação, com 44 pontos, mesmos de Elche e Cartagena, na sexta e sétima colocação, respectivamente. Na rodada, calou os 13.000 espectadores presentes no Balaídos, onde derrotou o então líder Celta Vigo por 1 a 0. O principal jogador do clube é o promissor Iago Falqué, que, ironicamente, começou na base do Barcelona (passou pela Juventus e Bari também). Outro que vem recebendo bastante elogios é o volante Gullón e o extremo direito Cristóbal, que apareceram no time A como titulares no empate ante o Racing Santander. A boa campanha das duas filiais tem servido de exemplo na Espanha.

Depois de muito tempo, um time B consegue mostrar como ele pode ser importante para o irmão rico. Os jogadores não apenas têm uma boa formação técnica na cantera (como tinha o Real Madrid Castilla de 2005/06), mas podem também visualizar como o caminho ao topo está desobstruído. É só olhar para Xavi, Iniesta, Messi, Sergio, Valdés, Pedro, Puyol e Bojan para perceber que haverá oportunidades para os melhores. É só olhar para o modo como Thiago Alcântara (filho de Mazinho) já vem aparecendo nos jogos do Barcelona A.

E os líderes?
Continuam bem, obrigado. Desde nossa última coluna temática sobre a competição, houve três trocas de lideranças. Após viver uma mini-má fase e ver Celta e Rayo Vallecano se distanciarem, o Bétis se recuperou na competição e emplacou uma sequência de quatro vitórias consecutivas, para retornar à briga pelo título. Os verdiblancos, na segunda posição com 56 pontos, terão dois jogos em sequência que poderá decidir seu rumo na temporada: na 31ª e 32ª rodada, respectivamente, irá enfrentar Rayo Vallecano e Celta Vigo, em duelos que poderão decidir o torneio.

A má fase do Bétis parece ter passado ao Celta Vigo. O time da Galícia perdeu três em consecutivas, sendo duas em seus domínios, e quem aproveitou foi o Rayo Vallecano: apesar do tropeço nesta rodada contra o bom e veloz time do Granada, os franjiroios vem em ascensão em 2011 e, pela primeira vez na temporada, assumiram a liderança da competição. Em 2011, foram 10 vitórias em 12 jogos, o que justifica a liderança. O big match contra o Real Bétis será decisivo e certamente o Teresa Rivero estará lotado.

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sábado, 12 de março de 2011

Sem força

10 de janeiro de 2011: a última vez que os aficionados herculinos viram esta cena, dos jogadores comemorando uma vitória, acontecer (uefa)

Quem acessa a página da LFP na internet na seção tabela de classificação, vê o Hércules na penultima posição - e com chances de terminar a rodada na última, caso o Málaga vença a Real Sociedad no Anoeta. O time teve um início promissor, chegou a ganhar do Barcelona no Camp Nou por 2 a 0 e, durante três rodadas, havia tomado conta da sexta posição, que garante o passaporte para próxima Liga Europa. No entanto, os blanquiazules tiveram uma queda brusca de rendimento e, da ambição continental, passou a conviver com o perigo - real - do retorno à Liga Adelante.

O Hércules, que hoje perdeu para o Real Madrid, vem de um ano de 2011 desastroso. Perdeu para Mallorca, Sporting Gijón, Athletic Bilbao, Barcelona, Valencia, Sevilla, Villarreal e Almería e só conquistou apenas três pontos, quando venceu o Atlético de Madrid por 4 a 1, na última vitória da equipe na competição, no dia 10 de janeiro. Muito pela boa atuação de Trezeguet e Valdez, foi a última vez que o time funcionou. Embora a associação da péssima fase à lesão de Trezeguet seja irresistível, não é só isso. Esteban Vigo, que tinha um time competente em suas mãos, viu o poderio ofensivo de sua equipe desaperecer. Primeiro, porque Trezeguet se machucou; segundo, porque Haedo Valdez volta e meia reclama de desconfortos no joelho direito; e terceiro; porque não tem em seu elenco um substituto à altura desses dois jogadores.

Sem alternativas de ataque, Valentín Botella, presidente do clube, reforçou o meio-campo. Comprou o bom volante Abel Aguillar, que tem atuado de maneira criativa ao lado de Farinós, e garantiu o empréstimo de Drenthe. O holandês chegou do Real Madrid querendo recuperar o futebol com o qual fez Valdano depositar toda esperança nele, mas seu futebol até agora é oito e oitenta. Além disso, passou a conviver com alguns problemas extracampos e não fez jus às expectativas de Esteban Vigo no início da temporada, quando, perguntado sobre o empréstimo do jogador merengue, encheu o jogador de elogios. Na temporada passada, quando disputava a Liga Adelante, o Hércules também sofreu muito quando Delibasic esteve indisponível.

Porém, há uma diferença clara daquele time que conseguiu para o de hoje: aquele grupo experiente entendeu bem o que é preciso fazer na segunda divisão: arrancar todos os pontos possíveis em casa e evitar tragédias como visitante. E é isso que o Hércules tem pecado na atual temporada. Hoje o time não consegue utilizar do Rico Pérez um modo de impor medo a seu adversário. Fora de Alicante, então, a situação é mais dramática: em 15 jogos, foram onze derrotas, três empates e apenas uma vitória... sim, aquela contra o Barcelona no início da temporada (agora vocês entendem por que da zebra, né?). O ataque é improduvito longe de seus domínios, e a atual situação comprova este fato: contra o Real Madrid, no Santiago Bernabéu, a equipe completou 1000 minutos sem marcar um gol fora de casa na Liga. O último, em outubro, foi marcado por Valdez, contra o Almería, no Juegos Mediterráneos.

A defesa não foge à regra. O bom Pulhac, que foi uma das supresas na lateral no primeiro turno, não manteve o ritmo no segundo. Abraham Paz começou bem no início, mas passou a conviver com as falhas (hoje, uma frente a Benzema que resultou no segundo gol merengue). Os 11 gols sofridos nos últimos seis jogos dizem muito sobre as derrotas. Com tantos problemas, Esteban Vigo, que foi contratado para comandar um grupo maduro, parece ser o menos culpado pela queda de produção. Mesmo assim, a pressão sobre ele pode aumentar. Por bem ou por mal, o status de time promissor após a vitória contra o Barcelona já caiu há tempos. Faltam 10 jogos para o fim da Liga e três confrontos diretos, contra Málaga, Levante e Osasuna sendo que dois serão fora de casa, contra os blanquiazules e os rojones. Portanto, chegou a hora da equipe começar a jogar bem fora de casa, caso queira continuar na primeira divisão espanhola.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Brasileiros na LFP: Rivaldo

Poucos honraram tanto essa camisa 10 quanto o brasileiro Rivaldo
(fcbarcelonaweb.com)

Infância pobre, começo em time pequeno, dificuldades financeiras, estrelato meteórico, sucesso em Barcelona, craque vital na Copa do Mundo, volta ao Brasil para encerrar a carreira. A trajetória tem pontos de semelhança com o Fenômeno Ronaldo, mas Rivaldo prefere não ter tanta exposição assim...

Camisa #10 da seleção brasileira em duas Copas, Rivaldo sempre foi taxado de "jogador à moda antiga", mais parecido com os meias articuladores da década de 1960/70 do que com seus contemporâneos de final de século, como Nedved, Zidane e Luís Figo. Até por isso, o pernambucano nascido em Paulista, em 19 de abril de 1972, demorou a ter o reconhecimento de público e mídia, principalmente no Brasil.

O início no futebol pernambucano teve pouco destaque a nível profissional. Rivaldo foi bem mesmo na Copa São Paulo de futebol junior em 1992, vestindo o manto tricolor do Santa Cruz. O bom desempenho levou o meia canhoto para o Mogi Mirim, onde fez parte do "Carrossel Caipira" ao lado de Válber e Leto - equipe campeã da segundona paulista do mesmo ano. O Carrossel mudou-se por empréstimo para o Corinthians, após o meia ter feito um antológico gol do meio-campo, um de seus dez com a camisa do Sapão.

No Timão, Rivaldo ganhou a Bola de Prata da placar como atacante no Brasileirão 1993, mas o fraco início da temporada seguinte acabou com as chances do pernambucano irem para a Copa dos EUA, apesar de ter estreado com a amarelinha marcando o gol da vitória em um amistoso diante dos mexicanos. A desvalorização do jogo de Rivaldo pesou na hora da negociação entre Corinthians e Mogi Mirim, que não chegaram a um acordo sobre o pagamento de R$2,4 milhões de multa recisória.

Grande clube-empresa da época, o Palmeiras, em parceria com uma multinacional de laticínios, pagou o valor pedido pela direção do clube do interior e levou o pernambucano para o Palestra Itália para transformá-lo em ídolo. Atuando mais recuado, na posição de camisa #10 mesmo, Rivaldo fez 14 gols no Campeonato Nacional - incluindo dois na final diante de seu ex-clube, o Corinthians - e fixou lugar entre os convocáveis de Zagallo até para a Olimpíada de Atlanta, em 1996, onde foi um dos três jogadores acima da idade limite - 23 anos - que podem ser inscritos.

Seus 103 jogos e 54 gols chamaram a atenção do emergente Deportivo Lã Coruña, à época uma mini-colônia de brasileiros do mundo da bola. Donato, Mauro Silva e Bebeto tiveram bons momentos no time da Galícia e Rivaldo chegaria ao Riazor como substituto de Bebeto no clube, já que o atacante voltara ao Brasil para atuar no Flamengo. Seu jogo longitudinal, cabeça erguida sempre em direção do objetivo - a meta do adversário -, causou terror e pânico às defesas espanholas. Com o Depor, Rivaldo faturou o terceiro posto em La Liga, atrás da dupla de gigantes: Barcelona e Real Madrid. Foram 22 gols em 46 jogos pelo time do noroeste espanhol e a troca de patamar de seu status futebolístico.

O Barcelona não ganhava La Liga há três temporadas, desde o final da era dos galáticos do Camp Nou, liderados por Stoichkov e Romário. A responsabilidade era parar um Real Madrid cujo dupla de ataque marcara 45 gols no campeonato anterior - Davor Suker fizera 24 gols e Raúl outros 21. Outro problema de Rivaldo ao chegar no Barça era a perda de Ronaldo, que trocara Barcelona por Milão para atuar com a camisa da Inter, após ter sido o maior goleador da Europa no ano anterior, marcando 47 vezes em 49 jogos.

Os primeiros anos de Barcelona foram de grande sucesso: dois títulos nacionais seguidos logo na chegada ao clube, o segundo no ano das comemorações do centenário do clube, em 1999. Aliás, o penúltimo ano do segundo milênio foi a melhor temporada da carreira do camisa #10. O pernambucano faturou os dois prêmios de melhor jogador do mundo (concedidos pela FIFA e pela revista France Football), além da conquista da Copa América do Paraguai.

Rivaldo só não era unanimidade no Brasil. Tanto que a expectativa da população para a Copa era muito baixa. Mas Rivaldo foi o pilar de sustentação do esquema de Luiz Felipe Scolari, onde Ronaldo consagrou-se artilheiro da Copa com oito gols - os dois da final contra a Alemanha com participação direta do camisa #10.

Em Barcelona, assim como em La Coruña, Rivaldo tem honrarias de craque. Dois títulos nacionais em seis temporadas, marcando 107 gols em 198 jogos, fora os gols antológicos, como a bicicleta nos acréscimos da partida decisiva contra o Valencia, em confronto direto que classificou o Barcelona para a Champions League da temporada 2001/02.

Depois da saída da Espanha, Rivaldo não teve o mesmo brilho. No Milan e no Cruzeiro, passagens rápidas, repletas de lesões. No fraco futebol grego, foram quatro temporadas competitivas, onde foi tricampeão da Liga Grega pelo Olympiakos, além do bicampeonato da Copa da Grécia, mas fracassou na oportunidade única pelo AEK. Da Grécia, o pernambucano rumou para o futebol do Uzbequistão. O Bunyodkor apresentou um grande projeto, levou junto o treinador do penta pela seleção brasileira, mas deu calote a partir da segunda temporada e Rival do saiu fugido para o Brasil.

Quando tudo parecia acabado, já que foram seis anos em campeonatos de pouquíssima divulgação no Brasil, e Rivaldo já tinha inclusive assumido como presidente do Mogi Mirim - seu primeiro time profissional -, veio a surpresa: em um projeto de união entre marketing e profissão, respaldado pelo apoio do capitão Rogério Ceni, o São Paulo acertou com o veterano de 38 anos.

O acerto feito pela direção do Tricolor paulista tem um quê educacional. Com Rivaldo no Morumbi, Lucas, a nova jóia rara produzida pelo CT de Cotia, terá o melhor exemplo treinando à sua frente todos os dias. Afinal, Rivaldo foi um #10 nota 10 em todos os sentidos profissionais. Com a bola à seus pés, poucos fizeram e conquistaram o que o pernambucano de Paulista alcançou. Se não tivesse esse comportamento tão exemplar, quem sabe tivesse destaque ainda maior. Mas Rivaldo gosta mesmo é dos gramados. E a gente respeita isso...

Rivaldo
Nome completo: Rivaldo Vitor Borba Ferreira
Data de nascimento: 19/04/1972
Local de nascimento: Paulista, Pernambuco, Brasil
Clubes: Santa Cruz, Mogi Mirim, Corinthians, Palmeiras, Deportivo La Coruña, Barcelona, Milan, Cruzeiro, Olympiakos, AEK Atenas, Bunyodkor e São Paulo.
Títulos: Uma Liga dos Campeões (2003 - Milan); Um Campeonato Brasileiro (1994 - Palmeiras); Duas La Liga (1997/8 e 1998/9 - Barcelona); Uma Coppa Italia (2003 - Milan); Duas Supercopas Européias (1997 - Barcelona e 2003 - Milan); Três Campeonatos Gregos (2005/6/7 - Olympiakos); Duas Supercopas da Grécia (2005/6 - Olympiakos); Dois Campeonatos Paulistas (1994 - Corinthians e 1996 - Palmeiras); Uma Copa América (1999); Uma Copa das Confederações (1997); e Uma Copa do Mundo (2002).
Prêmios Individuais: Bola de Prata Placar (1993 e 1994); Melhor do Mundo FIFA (1999); Bola de Ouro (1999); Futebolista Europeu do Ano (1999); MVP Copa América (1999); Melhor jogador de La Liga (1998/9); All-Star Team Copa do Mundo FIFA (1998 e 2002); e Melhor Estrangeiro na Grécia (2006 e 2007).